quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O "Tsuki" do Karatê Original!

"...Diz Ito Shihan e explica: “A técnica muscular, impede o desenvolvimento do Ki. Há que encontrar um caminho para que o Ki passe, abandonando a tensão muscular, mas isso só não basta. Há que arremessar fortemente o Ki, do interior para o exterior com a consciência. Por conseguinte dentro da trajetória do tzuki está matizada a contração e expansão do corpo.
No ano de 1927, quando Funakoshi'O-Sensei fez uma demonstração no Japão, um jornalista do periódico (Tokyo nichi nichi Shinbun) perguntou-lhe o que era o Karatê; onde O-Sensei lhe respondeu: “O Karatê é uma técnica com a qual um indivíduo pode se defender com as mãos vazias sem necessidade de se armar, podendo bater um oponente com um golpe que lhe pode causar a morte produzindo danos nos órgãos interiores sem ferir nem a pele nem os músculos!”

Parte do texto publicado neste blog em 17/07/2010

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

“Reconhecimento do Karatê Verdadeiro”

Texto resumido extraído do livro de O-Sensei (em português) “O meu modo de vida” (pag.73)

“ Nos últimos anos, cada vez mais tenho ouvido as pessoas dizerem “Karatê sennen-goroshi” ou “Karatê gonen-goroshi”, significando que um homem que foi atingido por um golpe de Karatê morrerá inevitavelmente dentro de três ou de cinco anos depois do golpe. Isto é algo selvagem e totalmente deplorável, mas, visto que essa afirmação contém alguma verdade, gostaria de tratar desse assunto brevemente aqui. Com toda a certeza, é totalmente incorreto afirmar que se alguém golpeia um oponente de um certo modo, ele está inevitavelmente fadado a morrer num período de três ou de cinco anos. Mas é verdade que um homem golpeado desse modo, embora possa não morrer no momento em que é atingido, pode realmente morrer depois de alguns anos como consequência do golpe. Certos golpes de Karatê, então, tendem a abreviar a vida da vítima: e nisso que reside o tanto de verdade que deu origem a essas afirmações.

Como isso acontece? Sem dúvida, o leitor já viu fotografias de Karatekas quebrando tábuas ou telhas com um golpe de mão. Em geral, a primeira tábua ou telha permanece intacta; as que ficam por baixo é que quebram; a tábua que de fato recebe o golpe não mostra sinais de ter sido atingida. O mesmo pode dizer-se com relação a uma pancada no corpo humano: nada aparece na superfície, mas o interior pode ficar seriamente comprometido.

Todos já ouvimos falar de situações em que alguém foi atingido por alguma coisa e que, sentindo pouca ou nenhuma dor, esquece o assunto. Então, com o passar do tempo — talvez anos — a dor começa e pode aumentar. Mas dar tais golpes, como quebrar tábuas ou telhas, está longe da verdadeira essência do Karatê-Dô! Digamos que uma pessoa hábil no Karatê possa geralmente quebrar cinco tábuas com um único golpe. Agora, se um homem mediano que não conhece absolutamente nada de Karatê se submeter a um treinamento adequado, ele provavelmente será capaz de quebrar três ou quatro tábuas. Mas certamente não podemos dizer que por isso chegou a compreender o significado verdadeiro do Karatê. Se tentasse utilizar a habilidade que adquiriu atacando outros, com toda probabilidade perderia a luta; ele teve êxito em fortalecer as mãos, mas fracassou em compreender a natureza do Karatê.

Lembro-me de como o Departamento de Polícia Metropolitana temia (na época em que pela primeira vez vim para Tóquio) que o Karatê pudesse ser usado como arma de ataque. Penso que as pessoas não sejam tão loucas hoje em dia. Alguns anos depois, um oficial graduado me disse, “Veja, qualquer pessoa que porte uma arma de fogo ou uma espada pode ser presa por posse ilegal de arma, mas no Karatê as únicas armas são as mãos e as pernas, e certamente não podemos prender as pessoas por carregarem isso. Assim, gostaria de pedir-lhe que orientasse os jovens que treinam em seu Dojô a não usarem sua habilidade para nenhum propósito ilegal. Há muitos bandos de arruaceiros no país atualmente!” Percebi que se esses bandos, através de meus esforços, aprendessem Karatê e ousassem para aleijar ou mesmo assassinar pessoas, meu nome estaria desgraçado para sempre. Orgulho-me de dizer que, das dezenas de milhares de pessoas que estudaram e praticaram a arte do Karatê em meu Dojô, não conheço um único caso em que a habilidade foi usada ilegalmente.

Em minhas orientações, sempre enfatizei o ponto de que o Karatê é uma arte de defesa e que nunca deve servir a propósitos ofensivos. “Tenha cuidado”, escrevi num dos meus primeiros livros, “com as palavras que fala, pois se você for arrogante fará muitos inimigos. Nunca se esqueça do antigo ditado que diz que um vento forte pode destruir uma árvore robusta, mas o salgueiro verga, e o vento passa por ele. As grandes virtudes do Karatê são a prudência e a humildade!

É por isso que ensino meus alunos a estarem sempre alertas, mas nunca assumir a ofensiva com suas habilidades, e recomendo aos novos que em hipótese alguma usem seus punhos para resolver diferenças pessoais. Confesso que alguns dos mais jovens não concordam comigo: dizem acreditar que o Karatê pode muito bem ser usado sempre que as circunstâncias o tomem absolutamente necessário.

Tento salientar que esta é uma concepção totalmente errada do significado verdadeiro do Karatê, pois a partir do momento em que o Karatê entra em cena, tudo se transforma numa questão de vida e morte! E como podemos nos permitir entrar em confrontos de vida e morte frequentemente tendo tão poucos anos de vida sobre a terra?
Quaisquer que sejam as circunstâncias, o Karatê não deve ser usado ofensivamente!
..... "

Gichin Funakoshi’O-Sensei

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

"O verdadeiro espírito do Karatê-Dô!"

Funakoshi’O-Sensei encontrou mais honra em evitar uma briga do que em começar uma, ele acreditava que havia mais coragem em fugir de um confronto do que em derrotar um inimigo. Ele afirmou ter utilizado sua Arte contra outra pessoa apenas uma única vez, durante a segunda guerra mundial. Um dia um ladrão tentou atacá-lo, mas Funakoshi’O-Sensei se esquivou e agarrou os testículos daquele homem. Ele segurou o homem naquela posição até a chegada de um policial. E revelara mais tarde que sempre sentia vergonha daquele dia porque não tinha evitado o tal confronto!
Foi esse "verdadeiro espírito de Karatê-Dô" que Funakoshi’O-Sensei passou toda a sua vida tentando alcançar! Masutatsu Oyama’Sensei, que mais tarde criou o Kyokushinkai, foi aluno durante um determinado tempo de O-Sensei’Funakoshi, mas acabou desistindo porque o Karatê de Funakoshi’O-Sensei era "muito lento" e parecia mais uma lição de etiqueta e disciplina. Mas foi assim que Funakoshi’O-Sensei queria! Ele ensinou que o Karatê-Dô não deveria ser usado efetivamente para a autodefesa - mesmo como último recurso - porque, uma vez que o Karatê fosse usado, o conflito se tornaria uma questão de vida ou morte e alguém ficaria muito ferido. Funakoshi’O-Sensei sempre se lembrou do provérbio que Soken'Matsumura lhe ensinou: "Quando dois tigres lutam, um certamente ficará ferido, o outro estará morto".