segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Quando nasce um Karateka?

No ocidente as Artes Marciais simbolizam uma prática de confronto que vai ao encontro a uma cultura imediatista baseada num perfil “esportivo” de disputa onde existe um perdedor e assim um vencedor, bem como uma platéia inflamada pela instigante demonstração de violência.
Em função disso, o que se vê hoje nas vielas das cidades são entusiastas aloprados querendo aprender a milagrosa formula da invencibilidade que garanta seus exibicionismos extravagantes de ocasião onde o que conta é a satisfação inversa da virtude!
Tais demências do ego são alimentadas pela mídia e pelos inúmeros pseudo instrutores cujo intuito do sucesso é garantir tais comportamentos.
Felizmente em muitos casos cedo ou tarde a maturidade da alma sobrepõe a ilusão, então, quando sem mais nem menos se passa a ouvir a voz do verdadeiro caminho da razão e a dar atenção a indivisível e inviolável universalidade do espírito sobre a matéria, caem as barreiras do ego decadente, fortalecem-se as virtudes e extirpam-se as falácias!
Eis aí, quando nasce um Karateka!

Prof. Sylvio Rechenberg

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A Sabedoria Imovível!

A mente do professor nunca está inerte. Nunca se fixa em uma coisa ou pessoa. Deixa que tudo passe...

Nem tão pouco o corpo se fixa.

A essência de si mesmo, a auto essência, é “fudo chi” (a sabedoria imovível). Intuição, sabedoria, ação física, sempre são "um". Este é o segredo do zazen e das artes marciais. Da mesma forma que as artes marciais não são esportes, zazen não é um tipo de “massagem” ou cultura espiritual.

No principio as artes marciais foram uma maneira de matar pessoas. A espada japonesa o "tachi", é uma espada longa; mas "tachi" também significa "corte". Na palavra kendo, "ken" como "tachi" significa "espada" e também "corte" portanto kendo significa "o caminho que corta." As lutas com espadas se remontam aos tempos pré-históricos no Japão, mas a escola atual de kendo começou em 1346; foi fundada por um samurai chamado Nodo, seguido em 1348 por Shinkage ..

Num certo momento, os Samurai queriam obter poderes especiais:  habilidades incríveis, mágicas. Queriam poder atravessar pelo fogo sem serem queimados ou sobreviver a uma rocha caindo sobre seus corpos. Para isso, treinaram suas mentes deliberadamente para obter habilidades e poderes sobrenaturais, abnegando-se de qualquer outra coisa.
Mais tarde, foram instruídos sob a influência do Zen. Miyamoto Musashi, por exemplo, que foi o maior mestre japonês de kendo, também se tornou sábio. Ele disse, "deve-se respeitar a Deus e Buda, mas não se pode depender unicamente deles."  * ( Não podemos esperar que Deus faça tudo por nós é preciso que façamos o que a nós cabe fazer! )

A partir de então, o caminho que ensinava como cortar seus inimigos em dois, se transformou num "Caminho" que lhes ensinava como cortar sua própria mente. Um "Caminho" de decisão, resolução, determinação. Este era o verdadeiro kendo japonês, o verdadeiro Budo. A força e a vitória fluem da autoridade decisiva. Aonde se vai além do nível em que a maioria das pessoas para, onde se transcende o conflito, transformando-o num progresso espiritual. Não havia nada relacionado com esporte ao treinar naqueles tempos; os Samurais tinham uma visão mais enaltecida da vida.

Zen e as artes marciais não têm nada a ver com manter o corpo em forma ou para promover a saúde. Os ocidentais sempre querem justificar, explicar, dar alguma razão as coisas; mas o espírito do Zen e do Budo não podem ser medidos, muito menos comparados a um esquema ou sistema tão limitado, tão bitolado. Seus significados são muito mais profundos e muito mais essenciais, é o da própria vida. E a morte também, porque ambos não podem ser dissociados.

O verdadeiro kendo [Budo] e o verdadeiro Zen devem estar muito além de toda relatividade, ou racionalidade. Em outras palavras, deve-se parar de escolher, deixar de preferir um lado ou o outro num esquema relativo sobre as coisas. Em vez disso, deve-se tomar “Decisão”.

Taisen Deshimaru

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

"Aprender"!

Yokoi Kenji é um conhecido palestrante colombiano com raízes japonesas, neste vídeo ele fala novamente sobre a cordialidade japonesa e cita exemplos sobre como a falta de informação e a transmissão equivocada no ocidente formaram uma imagem totalmente distorcida com relação ao propósito do Karatê-Dô. Yokoi Kenji relata algumas experiências pessoais  nas quais constata estes valores. Vale a pena escutar o vídeo todo com bastante atenção e reflexão, e se na primeira vez você não conseguiu entender muito bem, então o ouça novamente!