quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Um bom ano a todos!

Hoje escutei alguém da televisão falar sobre a atual agressividade nas pessoas, a falta do respeito pelo próximo, à ausência da ponderação e do bom senso, antigos atributos a muito ensinados pelas famílias, pelos professores e tidos como leis fundamentais para o bom convívio e o desenvolvimento social!

Pois bem vejamos, que tipo de conceitos e valores se observa através dos “modernos” programas de televisão, pelas letras das “músicas” tidas como “populares”, pelo apoio da mídia a certas “carnificinas” humanas consideradas “esporte?”, na divulgação cada vez mais comum das barbáries do cotidiano por mera audiência que tais fatos produzem, a liberdade na utilização das mensagens subliminares em todos e quaisquer meios de propaganda e informação, a total falta de responsabilidade em apresentar ao grande público tudo o que em verdade este mesmo grande público se sente atraído e entusiasmado em assistir e se espelhar, mesmo sem uma cultura predisposta a filtrar o certo do errado, considerando ainda que a partir de determinados tópicos tais como sexo e violência obtém-se  uma grande fatia do mercado interessado, pronto e sob controle,   e pior, mesmo com a difícil e quase impossível tarefa dos pais com relação aos filhos e dos professores com relação aos alunos frutos deste sistema totalmente deficitário e decadente e onde  a mídia como direta formadora de opiniões e modismos de toda ordem e nas mais variadas formas de comunicação, se exime completamente em colaborar na devida condução da dignidade, na construção da civilidade, na ordem, na moralidade e na devida admissibilidade da vergonha na cara!

Prof. Sylvio Rechenberg        

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Que o Natal seja "Dele"!

Que a reflexão ocupe tua mente durante alguns minutos e que o Santo Espírito possa em ti enaltecer as verdadeiras virtudes do “Ser” em tua vida!

Feliz Natal

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 20 de dezembro de 2015

A "competência"!

O sistema do fundador do Karatê-Dô, Gichin Funakoshi'O-Sensei, esta baseado em "cinco" (Dan). Os cinco níveis estão distribuídos por toda uma vida de prática. 

O renomado Professor, Tsutomu Ohshima’Sensei, (discípulo direto de O’Sensei), revela que Funakoshi’O-Sensei elaborou o sistema com base nos cinco níveis de consciência de um indivíduo conforme a evolução no Zen Budismo e Xintoísmo. É interessante observar como o sistema de classificação de O’Sensei  Funakoshi está claramente relacionado com as religiões (filosofias) orientais.: 

Shodan (1º Dan) indica que a pessoa adquiriu uma forte base nas técnicas básicas e nos sentidos físicos (consciência corporal). Nas religiões orientais é mencionada a aprendizagem no controle dos sentidos - visão, tato, audição e paladar. 

Nidan (2º Dan), deve-se alcançar uma compreensão das combinações e como aplicá-las estrategicamente. Nas religiões orientais, o segundo nível representa o controle da inteligência e da estratégia aplicando-as à vida. 

Sandan (3º Dan), requer que a pessoa alcance uma mente forte e calma, consciente no relaxamento dos “ombros”. O objetivo do terceiro nível nas religiões orientais é controlar e dominar uma mente calma e meditativa. 

Yondan (4º Dan), enfatiza a unidade da mente com o corpo relacionado com as técnicas. Enfocam-se as obras humanitárias nesta classificação. O quarto nível nas religiões orientais enfatizam a conexão mente-corpo e concentra-se na compaixão. 

Godan (5º Dan), destaca a impecável execução na técnica e no caráter moral. Trata-se de canalizar a consciência espiritual através de um caráter pessoal disciplinado. A espiritualidade e a unidade com Deus também são os mais importantes objetivos nas religiões orientais. O nível mais alto é a absoluta prevenção de uma confrontação, em essência, harmonizar a situação!

Texto resumido, extraído da revista Black Belt Magazine, Abril 1988.

domingo, 13 de dezembro de 2015

No livro “Ryükyü Kempo Karate” publicado em 1922:

“ Em apêndice, analisei os cuidados que um karateka deve tomar ao praticar a arte. Para dar ao leitor uma rápida ideia de como me sentia com relação ao karatê na época, reproduzo aqui a breve introdução que escrevi para esse meu primeiro livro ”:

“ Na profundeza das sombras da cultura humana ocultam-se sementes de destruição, exatamente do mesmo modo como a chuva e o trovão seguem na esteira do tempo bom. A história é o relato da ascensão e queda das nações. A mudança é a ordem do céu e da terra; a espada e a caneta são tão inseparáveis quanto as duas rodas de uma carruagem. Assim, um homem deve abraçar os dois campos se quer ser considerado um homem de realizações. Se ele for demasiadamente complacente, acreditando que o tempo bom durará para sempre, um dia será pego desprevenido por terríveis tempestades e enchentes. Assim, é importantíssimo que nos preparemos a cada dia para qualquer emergência inesperada. “

“ Lembrar os tempos de aflição nos tempos de paz e treinar constantemente o corpo e a mente são as duas atitudes que formam o espírito orientador e o caráter do povo japonês ”.

Gichin Funakoshi’O-Sensei

domingo, 6 de dezembro de 2015

O rigor da prática! ( texto extraído do artigo -O inicio do “Caminho”-,do livro de O-Sensei, “O meu modo de vida” )

" Noite após noite, frequentemente no pátio da casa do Sensei Azato, sob a observação do mestre, eu praticava um kata (“exercício formal”), repetidas vezes, semana após semana, ás vezes mês após mês, até tê-lo dominado completamente para satisfação do meu professor. Essa repetição constante de um único kata era estafante, muitas vezes exasperante e ocasionalmente humilhante. Mais de uma vez tive de lamber o pó no assoalho do dojô ou no pátio de Azato. Mas a prática era rígida, e nunca era autorizado a passar a outro kata sem que Azato estivesse convencido de que eu tinha compreendido bem o que estivera exercitando. Embora consideravelmente avançado em anos, ele sempre se sentava ereto como uma vareta, na sacada, quando trabalhávamos ao ar livre, vestindo um hakama, com um lampião de luz fraca a seu lado. Seguidas vezes, por puro cansaço, eu simplesmente não conseguia sequer apagar a chama. Depois de executar um kata, esperava seu julgamento verbal. Este era sempre sóbrio. Se continuasse insatisfeito com minha técnica, murmurava, “Faça de novo”, ou, “Um pouco mais!” Um pouco mais, um pouco mais, tantas vezes um pouco mais, até que o suor escorria e eu estava pronto para desabar: era seu jeito de me dizer que ainda havia algo a ser aprendido, a ser dominado. Por vezes, quando considerava meu progresso satisfatório, seu veredicto era expresso com uma única palavra, “Bom!” Essa única palavra era seu maior elogio. Até que não a ouvisse pronunciada várias vezes, porém, jamais me atrevia a pedir-lhe que me ensinasse um novo kata. Mas após o término de nossas sessões práticas, em geral nas primeiras horas da madrugada, ele se tornava um tipo diferente de professor. Então teorizava sobre a essência do Karatê ou, como um pai bondoso, me interrogava sobre minha vida de professor. Pouco antes do amanhecer, pegava minha lanterna e voltava para casa, consciente, à medida que minha caminhada terminava, dos olhares desconfiados dos vizinhos. Não posso de maneira alguma deixar de mencionar um bom amigo de Azato, um homem que também teve sua origem numa família shizoku de Okinawa e também considerado tão hábil na arte do Karatê quanto o próprio Azato. Às vezes, eu praticava sob a tutela dos dois mestres, Azato e Ytosu, ao mesmo tempo. Nessas ocasiões ouvia com a maior atenção as discussões entre ambos, e assim aprendi muito sobre a arte tanto em seus aspectos espirituais como físicos. Não fosse por esses dois grandes mestres, eu seria uma pessoa bem diferente hoje em dia. Considero ser quase impossível expressar minha gratidão a eles por me orientarem ao longo do “Caminho” que me proporcionou minha principal fonte de gratificação durante oito décadas de minha vida."

Gichin Funakoshi’O-Sensei

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015


domingo, 29 de novembro de 2015

Estudar Karatê-Dô não é confrontar, mas confrontar-se!

Porque existem pessoas querendo lutar contra outras pessoas?
Lutar sem legitima razão, simplesmente para derrotar o outro?
Derrotar por quê? Porque uma vida se coloca perante outra, visando “conflito” por puro prazer?
Esporte provocando e alienando discórdia? Que benefícios reais justificam tal ato? Em troca de medalhas, troféus, títulos ou tolices do gênero? Nada provam além de um jogo que exclui!
Que exemplo formativo se obtém aos leigos aspirantes ao “caos”?
E aos jovens que se espelham na pura violência conforme o modismo das massas manipuladas pela mídia tendenciosa e completamente mal informada, apoiando a decadência mascarada de “arte marcial”?
Milhões se dedicam a salvar, educar, valorizar, ou simplesmente cuidar, enquanto outros tantos em destruir ao invés de edificar!
O corpo é um bem "precioso" emprestado para um espírito!
Uma obra prima, divina, composto por um universo perfeito, singular, insubstituível, inigualável.
Milhões fazem desta “propriedade” passageira, uma ferramenta construtiva.
Enquanto ferramenta, alguns mantêm vigiada sua consciência, pois se do corpo a virtude se ocupar, será duradoura a recompensa.
Mas se a fraqueza do ego for mais forte que a virtuosa sabedoria, então de nada valerá qualquer tipo de esforço, pois tudo é vaidade.
Enquanto criança, mantem inocente a consciência, que logo se corrompe pelos modismos, culturas e os equívocos humanos de toda sorte.
Pela baixa estima, muitos ocupam seu corpo com coisas do ego e até se transformam por ele, causando sequelas irreversíveis, irreparáveis para si e às vezes aos outros.
A verdadeira razão de lutar não esta na disputa primitiva por uma condição na satisfação do ego, mas para que a vida se manifeste por inteiro, com dignidade e harmonia, sem absolutamente nada mais além de uma agradável sensação de paz, que por sua vez somente a consciência pura consegue decifrar. Sem precisar competir ou comparar!
Tal estado não tem discórdia, nem inveja, nem temor, nem falsidade, não tem rancor, nem maldade, nem cobiça, nem ao menos ilusão, mas tem tudo que somente um “coração” é capaz de sentir, a autentica gratidão sem segundas intenções ou interesses!
Gratidão por compreender que somos todos iguais e preciosos perante “Deus” e que cada um de nós, como um todo, tem a responsabilidade de atentar e lutar incansavelmente pela transformação construtiva do “Ser” humano ao invés de mergulhar na irracionalidade nociva do ego mundano, tipicamente exposta num clima de confronto de ocasião, como numa competição de Karatê!  
Quando O’Sensei Gichin Funakoshi acrescentou a palavra “Dô” “Caminho”, a sua Honorável Arte passaria a transformar valores, princípios e costumes enraizados profundamente no passado da história, e desta maneira beneficiar milhões de pessoas em todo o mundo, que se valham ainda hoje dessa ”Via”.
E foi com um coração bondoso e repleto de responsabilidade pelo futuro das novas gerações é que idealizou e fundou sua obra nos moldes de um caráter pacifico, mas disciplinado e inspirado expressamente na retidão de conduta, o caráter!  
Em meio às fraquezas do homem em pleno terceiro milênio, ainda prevalece à vontade de ser mais e melhor do que o semelhante em confrontos físicos diretos, ainda existe a necessidade de ferir de alguma forma para satisfação da primitiva condição de poder, onde existe um vencedor, um perdedor e “aloprados” colaboradores!
Um lamentável retrocesso nas Artes Marciais do Oriente!
Os antigos mestres fundadores das escolas no passado de tudo fizeram ao contribuir para apaziguar o instinto de agressividade e a tendência natural ao caos e o conflito entre as pessoas, através de métodos e sistemas sabiamente elaborados e criteriosamente desenvolvidos para serem utilizados como ferramentas virtuosas na promoção da Paz e da harmonia em sociedade, a favor do homem e em conformidade com a natureza divina. Jamais por intermédio de qualquer tipo de competição ou entretenimento, muito pelo contrário!
Como pode o equilíbrio do Oriente ser  tão barbaramente contaminado pelo Ocidente? Como pode o Ocidente ter tanta necessidade de se autodestruir ao invés de construir? Com toda certeza não se trata de Oriente e Ocidente, mas unicamente de "pessoas" que ali se encontram de posse das circunstancias apropriadas, para então se valerem das oportunidades de se popularizar e enriquecerem as custas de um legado cultural e histórico! Coisa que naquele tempo, em 1940 e novamente em 1941, O’Sensei Funakoshi  já visionava e sabiamente orientava sobre o fato, proibindo todo e qualquer ato que assim se caracterizava!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 22 de novembro de 2015

A "Orientação"!

O aspecto fundamental mais importante no que tange o sentido da auto-formação, da consciência espírito corporal e transcedentalidade, exatamente fatores que O’Sensei Gichin Funakoshi se preocupou tanto em expor como prioridades básicas para a correta transmissão, ficaram de lado para a maioria das subsequentes gerações principalmente logo após e a partir da sua morte em 1957.
O’Sensei Gichin Funakoshi  PROIBIU seus alunos de executarem o Jiyu Kumite (combate livre) em 1940, pois percebia  já naquela época a real intenção que estava por se seguir do desejo de competição para muitos de seus alunos. Em 1941 ratificou esta proibição, até mesmo para dizer a seus alunos que se eles participassem de campeonatos seriam expulsos do Dojo. Funakoshi’O-Sensei  entendia que “a competição”, induz a um espírito de violência, contrário à essência do Budo e portanto prejudicial na formação correta do individuo!  
Então em 1956 quando O’Sensei terminou o prefácio da segunda edição do seu mais famoso livro, “Karatê-Dô Kyohan”, entristecido, escreveu sobre "o quase irreconhecível estado espiritual a que chegou o mundo do karatê", e fez um apelo para quem possa "compreender os seus anseios profundos (...) de forma a completar os objetivos do trabalho",  ou seja, a correta formação integral do “Ser” pelo “Caminho” do Karatê verdadeiro. Assim, neste mesmo ano, Isao Obata’Sensei, Genshin Hironishi’Sensei, Hiroshi Noguchi’Sensei, Shigeru Egami’Sensei,  e outros homens de confiança de O’Sensei Gichin Funakoshi, advindos da "linha tradicional", abandonam a Japan Karatê Association - JKA, apoiados pelo próprio fundador, formalizando assim a Nihon Karatê-Dô Shotokai.

http://www.cao.nossacultura.org/crono/hist_bio_ka_funakoshi.htm

Obviamente que o que interessa na prática para uma cultura ocidentalizada e contaminada pelo capitalismo formal e a crescente febre pela competição e o aferimento compulsivo entre os indivíduos é a imediata recompensa nos diversos sentidos e seus benefícios afins, considerados como inspiração.
Outra característica interessante é constatar que mesmo sabendo estarem contra as reais recomendações, orientações e os pensamentos de O’Sensei Gichin Funakoshi com relação a pratica do Karatê-Dô, agem como fieis seguidores praticantes, mas assumidos como atletas competitivos.

Infeliz realidade dos nossos dias!

De nada adianta orientar ao Dojo-kun e fazer reverencia ao seu fundador, se seus princípios e suas recomendações e determinações feitas ainda em vida já não são mais seguidas e muito menos atendidas, principalmente com relação a “competição” e suas óbvias e nocivas consequências inevitavelmente apreciadas na pratica, justamente atitudes contrarias na devida formação integral da Arte original de O’Sensei Funakoshi!

Prof. Sylvio Rechenberg  

domingo, 15 de novembro de 2015

¿Quien Dará su Vida por el Dô? ( Quem dará sua vida pelo “Dô”? )

Texto extraído de la Enciclopedia Shotokai de Karate-Do y Artes Marciales Japonesas (http://www.shotokai.cl).

Atenção: Para o seu entendimento leia o texto na íntegra!

Shigeru Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei) diz em seu livro “The Way of Karate” / “O Caminho do Karatê”:  “ Embora existam alguns grupos nos Estados Unidos e na Europa com o objetivo de compreender a alma do Oriente como um método para neutralizar o impasse decorrente da civilização materialista, colocam ênfase no lado espiritual do Karatê, a triste verdade é que muitas escolas só ensinam a arte do combate e esquecem os aspectos espirituais. “

No Ocidente somos reflexivos, analíticos, matemáticos, utilitários, pragmáticos, discursivos, lógicos, etc., etc., e de acordo com nossa lógica avaliamos e valorizamos as coisas, como uma consequência muito natural, então, assim, as coisas são conforme as “criamos”. Daí o nosso progresso tecnológico, do qual nos sentimos tão orgulhosos e daí surge também a grande quantidade de "ismos" que existem em nossa cultura. Do mesmo modo, sobre-dimensionamos a entrega de qualificações, certificações, títulos e graus, que destacam nossas conquistas e nossa posição. Assim surgem quase que naturalmente os 8°, 9° e 10° Dan.
Mas esta forma de ser ou de enfocar o mundo levou-nos a criar uma sociedade que vive em função do progresso tecnológico criando uma sociedade doente, onde o homem é menos importante do que a máquina. Neste contexto, então, no que se refere à arte marcial, agimos de acordo com nossa história cultural e interpretamos o Karatê de acordo com a nossa visão de mundo.
Assim, então, criaremos nossas próprias organizações e instituições para melhor projetar nossa visão do "karate" ou de qualquer outra arte marcial, conforme for o caso e como nos convier. Criaremos órgãos diretivos e administrativos, conforme um esquema mais democrático possível como uma forma de dar uma maior representatividade e autoridade; mas o que estamos fazendo só vai expressar a nossa visão cultural através do Karatê-Dô.
Seguindo esta lógica, vamos estabelecer uma nova escala de grau, uma vez que consideraremos que um quinto “Dan”, sendo grau máximo, não se encaixa na realidade atual e estabelecemos uma nova escala de graus mais adequados para a nossa mentalidade. Da mesma forma, sobre dimensionaremos a entrega de qualificações, certificações, títulos e graus, que destaquem nossas conquistas e nossa posição. Desta forma, surge quase que naturalmente o 8°, 9° e 10° Dan (que pessoalmente me parece modéstia, pois ainda não entendo como é que não criaram o 20 ° ou 25 ° Dan) e os títulos como "Grande Mestre". Que também me leva a pensar que algum dia poderão vir a existir os "super - extra - arqui - grandes mestres".
De acordo com este tipo de mentalidade, se faz necessário que a técnica seja a mais utilitária possível, pois somente deste modo poderá ser compreendida, e assim mais fácil de entender como "esporte". Qualquer um pode entendê-la, muitos irão querer aprende-la e assim é mais fácil de vendê-la.
Seguindo essa mesma lógica, se criarão títulos e mais títulos, troféus e mais troféus, criar-se-á um grande espetáculo para escolher os melhores e se fará dele a verdadeira razão de ser, a verdadeira razão para a existência do “karate”.
Como observado acima, para este tipo de mentalidade, é necessário que formemos um sistema que destaque as nossas realizações e, ao mesmo tempo nos permita olhar e avaliar o nosso progresso. Vivemos em uma sociedade onde as pessoas não são apreciadas pelo que são, mas pelo que conseguiram adquirir. Karatê, então, não pode ser diferente.
... Para a nossa forma de pensar, o mais fácil de entender será aquilo que mostra o mais simples possível a sua utilidade, mas, contudo, é muito duvidoso que isto esteja representando o verdadeiro propósito da Arte.
Onde as pessoas são valorizadas pelo que têm gera-se um sistema em que todos se esforçam para ter cada dia mais, como uma forma de ganhar reconhecimento e apreciação dos outros. Por conseguinte, no que se refere ao "karatê" e a arte marcial tratar-se-á de ter graduações maiores que o 5º Dan, assim como também títulos e posições que demonstrem aos outros o que valemos. Penso que a nossa sociedade criou um sistema muito particular, onde os seus membros carecem de autoestima.
Por outro lado, existem dentro do "karatê" aqueles que com uma melhor intenção projetam a Arte como um sistema de defesa pessoal. Então neste processo, se realiza um estudo profundo e sistemático que projeta a instrução como um sistema de defesa altamente eficaz.
É verdade que o Karatê pode ser um sistema altamente eficaz de autodefesa, mas eu acho que é um subproduto extraído de um todo da Arte. Eu não acredito que esse é o objetivo real da Arte. Mas, para a nossa forma de pensar, é mais fácil de aceitar aquilo que é apresentado de forma mais simples e fácil possível, mas é duvidoso que isto está representando o verdadeiro propósito da Arte.
Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei) manifestou a preocupação afirmando que o Karatê-Dô não pode ser visto como uma arte homicida. E para isso não acontecer, não pode ser transmitido assim pelos instrutores. No entanto, é uma manifestação típica da nossa mentalidade pragmática e utilitária que é caracterizada pela falta de espiritualidade.
Muitos instrutores têm viajado do Oriente ao Ocidente para ensinar artes marciais, mas o que a grande maioria tem feito é ensinar uma arte de acordo com a mentalidade Ocidental. Por esta razão se tem sobre dimensionado os títulos e graduações e por isto a "Arte" se transformou em esporte, o qual tem assegurado o sucesso de muitas delas.
Devemos presumir então, que estes instrutores têm feito isso para colher os benefícios do Ocidente, ou seja, os benefícios materiais que ele oferece. Portanto, podemos deduzir que isto tem sido motivado precisamente por que estes instrutores mostraram uma mentalidade fortemente ocidentalizada. Certamente é bem diferente daqueles instrutores que ensinaram a sua "Arte" estabelecendo uma ponte cultural entre o Oriente e o Ocidente.
Karatê-Dô é uma "Arte" que visa despertar um nível de consciência, como todas as manifestações culturais do Oriente, e por esta razão, coloca-lo em conformidade à superficialidade do Ocidente significa começar a corroer no fundamento da sua essência. Obviamente, Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei) considerava muito importante o aspecto espiritual da "Arte" e fundamental para entender a alma do Oriente.

Como é o Oriente, então? O Oriente é ilógico, irracional, irreflexivo, intuitivo, emocional, não-discursivo, não pragmático, inclusivo, dedutivo, não personalista e, portanto socialmente orientado ao grupo. Não é filosófico nem especulativo, é religioso, é profundo, é espiritual. Isto leva, então, a que suas manifestações culturais sejam consistentes com a espiritualidade. Portanto, as artes marciais “Budo”e Karatê-Dô são uma parte representativa dessa espiritualidade, que visa, por meio do treinamento e da prática, o mais profundo do nosso "Ser".
Karatê-Dô é uma "Arte" que visa despertar um nível de consciência, assim como todas as manifestações culturais do Oriente, e por esta razão, carregá-lo com a superficialidade do Ocidente significa começar a corroer nas profundezas de sua essência. Devido a isso, a "Arte" não pode ser utilitária, nem deve estar cheia de títulos e graus, além daqueles dados por seus criadores, não é por respeito a uma tradição, mas é por respeito a sua essência. Se eu precisar enchê-la de distinções, eu estarei carregando-a de uma superficialidade que não faz parte da sua essência, mas faz parte da lógica Ocidental e de nenhuma maneira parte do objetivo da "Arte".
A "Arte" do Karatê-Dô assim como esta apresentado no livro por Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei)  se concentra no desenvolvimento do ser humano, fortemente baseada na visão Oriental, que leva a um despertar da espiritualidade do homem e que serve para abordar o avanço avassalador de uma sociedade insensível e materialista.
Como podemos cumprir este propósito, então? Acho que só através da prática sincera, realizada com um amor sincero pela "Arte". Sem buscar sua utilização. A vida não pode ser a busca do lucro. A vida é sentimento, a vida é integração.
Por que temos que lutar uns contra os outros? Por que temos de mostrar que somos melhores do que o outro? Por acaso não podemos nos ajudar mutuamente para sermos a cada dia melhores?  É somente a insegurança que nos torna tão competitivos, buscamos nossa segurança na confirmação a partir dos outros. Não é tratando de ser melhor comparado com outros que vamos deixar de ser o que somos.
Não é um trabalho político, já que não obterá sucesso, por mais organizações que formemos, não importa o quão nobre sejam seus objetivos. É um trabalho através de Keiko, é um trabalho que deve ser feito com keiko-gi.
Creio que Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei) deixou claramente assinalado o "Caminho". A competição mesmo que seja apenas de kata ou somente de kumite é competição da mesma forma, e não tem lugar num "Caminho" que busca o desenvolvimento espiritual.
A competição é esporte e o esporte pode ser muito bom para as pessoas, mas não é um método para o desenvolvimento espiritual. Quero deixar bem claro que eu não sou contra o esporte, pelo contrário, eu acredito que todos deveriam fazer esportes, independentemente do sexo, idade ou condição física. Cada pessoa deveria integrar o esporte mais adequado conforme as suas características pessoais, no entanto, isso não significa, que em sendo bom para a sociedade, que tudo deve ser transformado em esporte.
Alguém imaginaria um grupo de sacerdotes realizando um torneio para ver quem realiza a melhor missa, ou um campeonato de clérigos para ver quem faz o melhor sermão? Seria simplesmente ridículo, para dizer o mínimo. Alguém pode imaginar Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei) fazendo com que seus alunos participem de competição? Para todas as questões levantadas acima, parece que houve um confronto entre a mentalidade Ocidental e a mentalidade Oriental, mas eu creio que não é assim. No entanto, é necessário definir claramente as características de cada cultura para entender o problema em sua totalidade, só deste modo se poderá compreender plenamente as palavras de Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei).
Acredito que através do intercâmbio cultural e ao grande desenvolvimento das comunicações chegará um dia no futuro, em que não haverá uma dicotomia entre uma cultura e outra e se falará de uma cultura universal, que terá como objetivo o desenvolvimento integral do ser humana e, assim, de toda a sociedade. Mas, para que isso aconteça são necessários grandes líderes. Pessoas que saibam como projetar o melhor do ser humano e lutem pela causa da humanidade. Será esta a missão dos homens do terceiro milênio? Esperemos que sim!
No que diz respeito ao Karatê-Dô e o Budo, necessitamos de líderes que mantenham inalterado o legado de Egami'Sensei (discípulo de Gichin Funakoshi’O-Sensei) e se comprometam a esta causa para a humanidade, mas junto com isso, é necessário muita humildade para assumir esse papel tão necessário.
Não é um trabalho político, porque não obterá o sucesso esperado, por mais organizações que formemos, não importa quão nobres sejam seus objetivos. É um trabalho através de Keiko, é um trabalho que se deve realizar com keiko-gi. É um trabalho que se deve realizar em contato com a natureza e não em um escritório e nem em um estádio esportivo, é um trabalho que se deve realizar no mais profundo de cada "Ser" humano. Quem será o próximo que dará sua vida para que possamos entender algo deste "Caminho"?

Umberto Heyden’Sensei
Shotokai Karate Budo.
Chile.

Julio 3,1997

domingo, 8 de novembro de 2015

Formação (forma de ação)!

Honorável é o “Caminho” que conduz à Paz;
A Paz verdadeira não é a mesma paz contemplada pelo ego;
A prova se concentra nas atitudes provindas do caráter;
A formação destas virtudes vai depender do “Caminho”;
O caminho que orienta ao conflito não é o seguido pelas virtudes;
Um homem de caráter não segue dois caminhos;
Não se pode caminhar de "mãos" dadas em direções opostas;
Na unidade dos passos se constrói a convicção;
A convicção só se alcança na sabedoria;
Sábio é o “Caminho”!

Prof. Sylvio Rechenberg

sábado, 31 de outubro de 2015

Materialidade e espiritualidade.

Para estudar e praticar a Honorável Arte de O’Sensei Gichin Funakoshi deve-se mudar o pensamento materialista ocidental caracterizado pela vontade de se sobressair aos outros.
Grande parte das pessoas que começam a trilhar o “Caminho” tropeçam nas pedras do ego e logo desistem. Se o propósito esta equivocado a desistência é uma questão de tempo!
Querem aprender tudo que podem num curto espaço de tempo, porem é justamente o tempo que lhes irá ensinar tudo o que necessitam saber, desde que com ele amadureça a humildade e a interminável disposição de “lutar consigo mesmo”!

Prof. Sylvio Rechenberg

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O Zen-budismo e o Karatê-Dô.

O Karatê-Dô tem clara relação com o Zen-budismo e com o Taoismo, pode-se considerá-lo como o "zen em movimento", imbuído  por um espírito de busca pela iluminação através da sua prática vivencial herdado pelo referido conceito. Tal prática começa e termina com períodos de meditação (黙想 Mokusō). Seu lema de conduta moral o ( Dōjō kun) está fundamentado na (formação do caráter, na fidelidade com a razão verdadeira, com o intuito de esforço pessoal, o respeito com tudo e a todos, e a conter o espirito de agressão, ou seja, a não violência).

Ouça o vídeo com atenção e reflexão!

Meisho Genshô'Sensei (Monge zen budista) 


sábado, 17 de outubro de 2015

"A luta do nobre guerreiro"

Budô é a “via”, o “Caminho” do guerreiro; envolve todas as Artes Marciais Japonesas. Realiza a busca através da experiência direta e profunda, a relação entre a ética, religião e filosofia. As escrituras antigas se referem essencialmente com uma forma particular de cultivo da mente e uma reflexão sobre a natureza de si mesmo: Quem sou eu? O que eu sou?

Em Japonês, “DÔ” significa “Via”, “Caminho”. Como se pode seguir esta “Via”? Como encontra-la? Não é só aprender uma técnica, menos ainda em uma competição esportiva. No Budô o ideograma “Bu” significa parar a confrontação (luta, conflito). No Budô a ideia não é competir, mas é encontrar a paz e o domínio sobre si mesmo.

“Dô”, a “Via”, é um método, um ensinamento que te permite compreender perfeitamente a natureza da tua própria mente e de ti mesmo. É a “Via”,”Caminho” de Buda (batsudo) que te leva a descobrir tua própria natureza, despertar do entorpecimento do ego ( o pequeno ”eu”, o “eu” limitado) e desta maneira conectar para uma personalidade superior e mais completa. Na Ásia esta “Via” se tem transformado na moralidade suprema e na essência de todas as religiões e filosofias. O “Ying” e o “Yang” do “I Ching”, a “existência é nada” de “Lao Tsu” estão enraizados nela.

O que significa isto? Você pode esquecer o corpo e a mente e obter um espirito absoluto sem o ego? Harmonizar, unir o céu e a terra? A “mente interior” permite que pensamentos e emoções passem; é completamente livre do ambiente, o egoísmo desaparece. Esta é a fonte das filosofias e religiões da Ásia. O corpo e a mente, o interno e o externo, fenômeno e substancia: estes pares não são nem dualistas nem opostos, sendo que formam um todo inseparável.

A mudança, qualquer mudança, influencia todas as ações, todos os relacionamentos entre todas as existências; a satisfação ou insatisfação de uma pessoa influencia sobre a outra pessoa; nossos movimentos e os dos outros são interdependentes. "A sua felicidade deve ser a minha felicidade e se você chorar eu choro com você. Quando você está triste eu devo entristecer-me e quando você está feliz eu devo estar também." Tudo no universo está conectado, tudo é osmose. Não se pode separar uma parte do todo: a interdependência governa a ordem cósmica.

Através de cinco mil anos de história do Oriente, os sábios e filósofos tem fixado sua atenção sobre este estado de espírito, sobre esta "Via", "Caminho", e assim a tem transmitido adiante.
O "Shin Jin Mei" é um livro muito antigo, originalmente em chinês, em uma parte esta escrito, "shi dobu nan"—“a grande "Via", "Caminho", não é difícil, mas você não deve tomar decisões.”   Não deves ter nem afeição nem desgosto. O “San Do Kai” (A interpretação da essência e dos fenômenos.) diz da mesma forma, "Se você valoriza uma única ilusão, a separação aparece, como entre a montanha e o rio."

Uma das coisas que significam “Zen” é o esforço de praticar a meditação, “zazen”. É um esforço para alcançar o nível de pensamento sem discriminação, uma consciência muito além de todas as categorias, abrangendo e transcendendo todas as expressões possíveis da linguagem. Esta dimensão pode ser alcançado através da prática do "zazen" e do "Bushido".

Taisen Deshimaru 弟子丸 泰仙 (Foi o primeiro mestre autorizado da Escola Soto japonesa para implantar na Europa as sementes do Verdadeiro Zen.)

sábado, 10 de outubro de 2015

As "origens".

O vídeo a seguir traz um depoimento fundamental para compreender também a essência no estudo na prática da Honorável Arte. É sabido sobre as origens das “Artes Marciais” e da importante influencia do monge Indu Bodhidharma (século V ou VI DC), precursor do  "Shaolin quan" ensinado  aos monges do templo Shaolin ( mosteiro budista que fica na província de Henan na China ), difundido amplamente pelo país durante a Dinastia Ming (1368-1644), vindo mais tarde a conquistar outros países da Ásia e a dar origem a outras escolas como o Karatê de Okinawa.

                                    Ouça com atenção e reflexão!

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

“Modo de vida”

Um modo de vida esta além de ir três vezes por semana praticar numa academia mais perto de casa, ou usar um emblema no carro, boné, camiseta ou agasalho desfilando por aí fazendo “cara de paisagem”. Um modo de vida não tem absolutamente nada haver com esporte, hobby ou coisa do tipo que da medalha, troféu, popularidade, “sucesso”. Nem mesmo tem haver com ficar em forma, ou “mens sana in corpore sano”.  Um modo de vida esta completamente ligado ao interior do “ser”, sua relação consigo mesmo e a partir daí para com o universo, em perfeito estado de equilíbrio, harmonia e congraçamento. Sem se importar com o “como”, “quando” nem o “por que”, mas unicamente com a qualidade da sua natureza espiritual em conformidade com a “razão” da sua busca, pois somente assim a lição se cumpre e a sabedoria amadurece. O “Dô” (Caminho) é a gratificante oportunidade que se tem de vivenciar o Karatê de O’Sensei Gichin Funakoshi e transformar a vida num sentido construtivo, que agrega valores, que nutre as virtudes, que fortalece conceitos sem provar absolutamente nada a ninguém além de unicamente à si próprio!

Prof. Sylvio Rechenberg

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Escola!

Num verdadeiro Dojô de Karatê-Dô vivencia-se o tripé da Arte Marcial,  “corpo, mente e espírito” forjados entre si, inseparáveis e invioláveis, são estudados e trabalhados em unidade. Lá o estudante sério tem a obrigação moral de moldar-se, confrontando-se por inteiro nos inquestionáveis desafios do “ego inferior e mundano”. Assim o “Dô”,“Caminho” do Karatê de O’Sensei Funakoshi é e sempre será a razão pela qual se busca uma vida inteira para captar a quintessência do legado! Contudo, aqueles que por ventura dele se valham pelo ego, nele terão suas corrompidas consequências!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 20 de setembro de 2015

“O Espírito do Karatê“

"Muito se pode especular sobre como teria sido diferente a história do Karatê-Dô se a morte prematura de Yoshitaka Funakoshi não tivesse ocorrido. Egami comenta sobre isso em seu livro “O Espírito do Karatê“, onde relata sobre o triste estado do Karatê, existindo mais preocupação para ganhar campeonatos e aprender técnicas de combate do que em se aprofundar no Karatê como uma filosofia de vida.

Como dizem meus Sempai, o Karatê nunca teria se transformado nesta triste realidade de hoje em dia, sem a dispersão que aconteceu após a morte do mestre Funakoshi e sem a criação do karatê esporte."

Humberto Heyden’Sensei

Yoshitaka / Gigo Funakoshi  (1906-1945)

domingo, 13 de setembro de 2015

A ARTE DE NAVEGAR PELO RIO ( Traduzido do original )

Comentários explicativos de Humberto Heyden’Sensei sobre a sua visão das claras diferenças entre competição e arte.

Muitas vezes, argumenta-se que o karate esportivo e o Karatê-Dô não são a mesma coisa, enquanto muitos argumentam o contrário. Gostaria de mostrar a minha opinião:

Imagine duas pessoas que gostam de viajar de barco ao longo de um rio. Ambos usam o mesmo barco, geralmente o mesmo equipamento e realizam o mesmo caminho por centenas de quilômetros, chegando ao destino. Isto tem sido feito por anos.

Ambos amam a sua atividade, e como amam a sua atividade, começaram a ensinar outras pessoas, tornando-as participantes naquilo que gostam.

Porem, um se reuniu a um grupo de pessoas e organizou um torneio, propondo o mesmo ponto de partida e o mesmo objetivo, que inicialmente era a viagem. Em seguida, a sua atividade tornou-se um sucesso e agora realiza torneios a cada ano e em diferentes temporadas do ano.E tornando-se um instrutor famoso, a quantidade de fãs que tem gerado é enorme. Todo mundo querendo competir para se tornar o primeiro a chegar no “objetivo determinado”.

Como o rio é perigoso, significa para estas novas gerações de remadores que devem aprender uma série de técnicas que requerem vários anos de trabalho intenso e assim dominando-as poderão vencer os demais. Diz-se que dominar as técnicas representa o domínio do homem sobre si mesmo,” mas” o seu objetivo é vencer os outros e se tornar campeão. Basta dizer que a aceitação social que isso implica é que muitos torcem para vê-los ganhar, se não fosse assim, que sentido teria? Embora, para muitos, qualquer forma vale a pena.

Um aponta para a popularidade, o exibicionismo, a ostentação, a aclamação, a celebração, a vaidade, a superficialidade. O outro aponta para o sentimento, o recolhimento interior, a harmonia, a integração com a natureza e, em alguns, êxtase, misticismo, contato com o divino.

Mas as pessoas originais eram duas. O que aconteceu com o outro?

A outra pessoa que gostava de viajar de barco ao longo do rio, ainda o faz e como adora a sua atividade queria também envolver outras pessoas. Tornou-se um instrutor e ensina como o outro, os segredos da arte de conduzir o barco descendo o rio.

Tem ensinado como desfrutar descendo o rio, de senti-lo, de vivencia-lo, além de todos os segredos técnicos para que isso possa ser realizado com o menor risco possível. Mas não ensina a competir, nem mesmo por casualidade. Só ensina como se deve ir descendo o rio ao longo das centenas de quilômetros da jornada.

Tal como seu colega, conhece todos os segredos do rio e da arte para conduzir o barco rio abaixo. Só que seu objetivo não é uma meta ou um resultado. Seu objetivo é a viagem em si, e durante o processo os alunos aprendem muito sobre o rio, sobre barcos e sobre si mesmos, mas talvez, no fundo não aprendessem nada, só tenham vivido e desfrutado, e que com este processo descobriram um mundo dentro de si mesmos, e assim também sobre tudo o que os rodeia. Eles aprenderam sobre si mesmos e sobre seus amigos, aprenderam sobre flora e fauna, aprenderam a viver um pouco mais.

Agora, ambos com idade mais avançada, ainda ensinam a muitos seguidores. Mesmo que eles se utilizem de equipamento similar, usem o mesmo barco, os mesmos remos e do próprio rio, muitos que os veem pensam que ensinam e praticam a mesma coisa. Mas isto é porque usam o mesmo equipamento e o mesmo rio.

Mas a verdade é diferente, e é tão diferente que não existe qualquer ligação entre as duas atividades, obedecem à realidades interiores muito diferentes entre si.

Um caminho é prático e utilitário e se transforma num caminho externo que precisa de títulos, prêmios, troféus, medalhas, etc. O outro é um “Caminho” não utilitarista, é emocional, é a integração, é um “Caminho” interno que aponta para a sensibilidade do homem e sua capacidade de ir fundo em encontrar o mais simples.

Eles são absolutamente opostos.

Um aponta para a popularidade, o exibicionismo, a ostentação, a aclamação, a celebração, a vaidade, a superficialidade. O outro aponta para o sentimento, o recolhimento interior, a harmonia, a integração com a natureza e, em alguns, êxtase, misticismo, contato com o divino.
Se alguém tem a experiência, como pode ensinar competição?

Humberto Heyden’Sensei


Julho 1, 1997

sexta-feira, 4 de setembro de 2015


domingo, 30 de agosto de 2015

“Escolas” - "escolhas"

Na vida muitas e muitas vezes estamos entre o ideal e o real.
De um lado o ideal, de acordo com a educação primordial individual proveniente do clã da família com os conceitos de valores, deveres, obrigações morais, bem como a formação conforme nosso contato com professores(as) e de pessoas que nos orientaram construtivamente para enfrentarmos o mundo,  influenciando diretamente nossa conduta, juntamente com o que fantasiamos em função do ego pessoal.

Do outro lado, os fatos como realmente acontecem e se encontram presentes no dia a dia, oriundos do nosso contato com o mundo externo somado as experiências que vivenciamos ao longo do tempo, o choque das diferenças culturais, a inversão dos valores, os modismos, as armadilhas dos deslumbres, as decepções dos relacionamentos, as tentações e facilitações, a profunda influencia da mídia oportunista, a desvalorização e a ausência das leis, a omissão dos responsáveis, a corrupção do sistema, a "cultura" das aparências.

Enquanto vivenciamos os verdes anos do glamour, dos encantos e das euforias casuais somos levados a acreditar que certas coisas de nada irão transformar os anseios imediatistas que visionamos serem os corretos. Além disso, convivemos num mundo onde aceitar o errado, o contraditório equivocado, se calar diante da imoralidade, da degradação da decência e dos bons costumes, ignorar os mais velhos, menosprezar e desconsiderar princípios é absolutamente comum e considerado “moderno” e até “inovador” nos dias atuais.

Aprender Karatê-Dô de O'Sensei implica em aceitar o grande desafio de superar as amarras do ego, de contrariar o fascínio pela disputa com o outro e renunciar as próprias vontades para então absorver, enraizar e compreender a doutrina. A cultura, a filosofia, bem como a ideologia só se aprende  quando o espirito, a mente e o corpo estiverem dispostos ao “vazio” que a Honorável Arte determina e comporta!

Prof. Sylvio Rechenberg

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Busca

Assim como na vida, a cada dia após o estudo vivencial da Honorável Arte se finda uma lição no aprendizado, contudo ao retomá-lo, se renova a expectativa na compreensão da mesma forma como quando no dia em que se deu o primeiro passo, assim se cultiva o alicerce do “Caminho”, a humildade! Portanto, antes de qualquer coisa, atentai na busca desta virtude!

Prof. Sylvio Rechenberg

sábado, 15 de agosto de 2015

Sol

Para mim Karatê-Dô é como renascer todos os dias e recomeçar;
Seu “Caminho” é tão presente que a cada dia uma dadiva me envolve de animo;
Mais do que se faz acontecer, o que move a razão da inspiração é um enorme sentimento de gratidão!

Prof. Sylvio Rechenberg

sábado, 8 de agosto de 2015

Karatê-Dō Shotokan Ortodoxo

Seguimos os preceitos tradicionais do legado através da prática séria no estudo vivencial da Honorável Arte do Karatê-Dô original criado pelo fundador Gichin Funakoshi’O-Sensei!

O Karatê-Dô “Shotokan Ortodoxo” não é esporte, visa o auto aperfeiçoamento construtivo através do Budô (conter o conflito) e segue seus princípios considerando a essência, a estrutura e o alicerce de sua Arte original.

Gichin Funakoshi’O-Sensei jamais criou sua Honorável Arte com intuito de formar atletas, competidores, esportistas ou qualquer relação com tal gênero. Muito menos idealizou isto para o futuro das novas gerações.
 
Seu objetivo é mostrar o “Caminho” e tornar-se uma forma de vida para cada um e consequentemente um ideal a ser atingido. O próprio “Caminho” colocar-lhes-á suas próprias dificuldades; estas darão a compreensão; a compreensão dará o conhecimento das leis da natureza e finalmente, com o conhecimento das leis da natureza, o conhecimento de si mesmo.

Atualmente existem no mundo diversas organizações relacionadas ao “Shotokan” porem já com varias ramificações e de múltiplas entidades regendo sobre o mesmo nome, infelizmente gerando distorções e interpretações variadas com relação a sua arte marcial original, principalmente enfatizando a competição desportiva como meta.

O sentido filosófico ideológico do Karatê-Dô de O-Sensei Funakoshi refere-se aos aspectos da sabedoria de vida ou modo de viver, de sua conduta para consigo e assim para com os outros e neste sentido conduzir-nos a uma vida com sabedoria, segurança, equilíbrio e Paz, buscando e priorizando unicamente o desenvolvimento no domínio sobre nós mesmos.

Como o próprio nome já diz, no Karatê-Dô “Shotokan Ortodoxo” não existe competição desportiva de nenhum tipo, em vez disso, mantem-se fiel aos ensinamentos originais de Karatê-Dô como O-Sensei desejava!

Provavelmente aquilo que o leitor conhece ou ouviu sobre " Karatê-Dô" se refere a esporte de competição, uma definição infelizmente contraria ao seu real conceito e finalidade. Lamentavelmente o nome " Karate " não constitui hoje um símbolo de qualidade.

Muita coisa aconteceu desde que, em Abril de 1922, Gichin Funakoshi’O-Sensei foi incumbido pelos seus mestres em Okinawa de apresentá-lo publicamente no Japão.

Infelizmente como o próprio Fundador escreveu em 1956, nem todos os caminhos desde então abertos, foram para si motivo de orgulho. Particularmente, o caminho da competição desportiva no Karate, foi claramente recusado pelo mestre!

Hoje só no Brasil mais de 90% das associações de Karate se dedicam à competição desportiva.

Certamente o “Caminho” do Karatê-Dô de O-Sensei é o oposto!

Prof. Sylvio Rechenberg

quinta-feira, 30 de julho de 2015

No Karatê-Dô o “Caminho” é interior!

Quando O’Sensei Funakoshi alterou o conceito de Karatê Jutsu (habilidades, técnicas) para Karatê-Dô (Caminho, Via) definiu-se a principal característica de sua Honorável Arte!

Com a prática intensiva e rigorosa nos moldes marciais da busca no auto aperfeiçoamento e visando a auto superação por intermédio do Budô ( parar a lança ), logo ( conter o conflito ), devemos entender que isso envolve muito mais coisas do que somente o óbvio, mas que o verdadeiro e principal objetivo a ser alcançado esta dentro de nós mesmos e que em confrontar a “si próprio” possamos alcançar a plenitude e preservar a grande paz interior.

Assim, através desta virtuosa prática forma-se o caráter e opera-se num esforço construtivo do individuo para consigo e para com os demais sem contudo competir com os outros, mas ao invés disso entrar em "harmonia e crescer" conjuntamente.  

Uma doutrina de riqueza impar a ser aplicada nos vários aspectos em nossa vida, onde realmente nos beneficiamos em todos os sentidos e aprendemos que assim como nas sessões de estudo do Karatê-Dô também podemos comprovar tais lições nos acontecimentos vivenciados diariamente.

Compreende-se então que a real aplicação pratica de tal legado consiste não somente no sentido atlético das habilidades físicas, mas sobre tudo na lapidação e consequente unificação do corpo em conjunto com a mente e com o espirito para que então nos transforme e renove constante e continuadamente em beneficio de uma vida longa, segura e feliz.

Prof. Sylvio Rechenberg

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Coração de uma mãe.

Algum tempo atrás uma mãe perguntou-me quando seu filho iria lutar, se mesmo não participando de competição ele, seu filho, iria lutar. Confesso que fiquei surpreso com tal indagação de um coração materno!

O Karatê-Dô de O’Sensei Funakoshi é fundamentado num tripé imutável, Kihon (fundamento), Kata (forma) e Kumite (encontro de mãos, entenda-se, combate) e deve seguir rigorosamente e estritamente esta sequencia didático-pedagógica, cada estudante necessariamente passa por estas etapas gradativas e inalteráveis para um dia alcançar o domínio e a compreensão correta da Honorável Arte conforme naturalmente assim se fará acontecer.

Tal aprendizado requer tempo, dedicação, persistência e muito, muito, muito sacrifício, principalmente no sentido de observar o verdadeiro propósito, aprender a não se corromper, mas em através da prática incessante aquietar-se, silenciar seu ego e valorizar a paz!

Não se trata aqui de lutar, qualquer um aprende a lutar em alguns meses, lutar por lutar esta na moda, está cheio de academias explorando esta “fatia” do “ego”.
A questão é o que se quer, o que se busca, a satisfação ilusória do ego ou a descoberta de um tesouro vitalício.

O sentido de lutar contra seu semelhante só se justifica numa situação de conflito onde a vida corre perigo e a última alternativa é o confronto real. E deve-se estar preparado para isto vinte e quatro horas por dia, porem evitando a “faísca” do caos!

O Karatê-Dô foi criado a partir de um coração “DESAPEGADO” de qualquer sentimento que enfatize o ego ou propósitos chulos de conduta competitiva com o próximo.

A agressividade é uma característica do instinto, porem cabe a nós controlar, canalizar e conduzi-la a tal modo que dela possamos beneficiar o processo de construção do caráter e assim contribuir para uma vida longa e cada vez melhor!

Numa sociedade moderna, que se diz evoluída pelo conhecimento em tantos aspectos que envolvem o respeito pela vida é inadmissível o crescimento exacerbado pelo conflito por opção!

Estudar Karatê-Dô não é confrontar, mas confrontar-se!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 12 de julho de 2015

"Dô 道" = "Tao 道" ( Caminho )


Fale apenas quando for necessário.
Pense no que vai dizer antes de abrir a boca.
Seja breve e preciso já que cada vez que deixas sair uma palavra, deixas sair ao mesmo tempo uma parte de seu ‘Chi’ (energia).
Desta maneira, aprenderás a desenvolver a arte de falar sem perder energia.
Nunca faças promessas que não possas cumprir.
Não te queixes, nem utilizes em teu vocabulário, palavras que projetem imagens negativas porque se produzirão ao redor de ti tudo o que tenhas fabricado com tuas palavras carregadas de ‘Chi’.
Se não tens nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor se calar e não dizer nada.
Aprenda a ser como um espelho: observe e reflita a energia.
O próprio Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque o universo aceita, sem condições, nossos pensamentos, nossas emoções, nossas palavras, nossas ações, e nos envia o reflexo de nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam em nossas vidas.
Se te identificas com o êxito, terás êxito.
Se te identificas com o fracasso, terás fracasso.
Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo de nossa conversa interna.
Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo a energia sem emoções densas e sem prejuízos.
Porque sendo como um espelho sem emoções aprendemos a falar de outra maneira.
Com o poder mental tranquilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com suas opiniões pessoais e evitando que tenha reações emocionais excessivas, simplesmente permite uma comunicação sincera e fluida.
Não te dês muita importância, e sejas humilde, pois quanto mais te mostras superior, inteligente e prepotente, mais te tornas prisioneiro de tua própria imagem e vives em um mundo de tensão e ilusões.
Seja discreto, preserva tua vida íntima, desta forma te libertas da opinião dos outros e terás uma vida tranquila e benevolente, invisível, misteriosa, indefinível, insondável como o “TAO”.
Não entres em competição com os demais, torna-te como a terra que nos nutre, que nos dá o necessário.
Ajuda ao próximo a perceber suas qualidades, a perceber suas virtudes, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos.
Tem confiança em ti mesmo.
Preserva tua paz interior evitando entrar na provocação e nas trapaças dos outros.
Não te comprometas facilmente.
Se agires de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação, vais criar complicações. As pessoas não têm confiança naqueles que muito facilmente dizem “sim”, porque sabem que esse famoso “sim” não é sólido e lhe falta valor.
Toma um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta a ti e só então tome uma decisão.
Assim desenvolverás a confiança em ti mesmo e a Sabedoria.
Se realmente há algo que não sabes, ou não tenhas a resposta a uma pergunta que tenham feito, aceite o fato.
O fato de não saber é muito incômodo para o ego porque ele gosta de saber tudo, sempre ter razão e sempre dar sua opinião muito pessoal.
Na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.
Evite julgar ou criticar.
O “TAO” é imparcial em seus juízos, não critica a ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade.
Cada vez que julgas alguém, a única coisa que fazes é expressar tua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído.
Julgar é uma maneira de esconder tuas próprias fraquezas.
O Sábio a tudo tolera, sem dizer uma palavra.
Recorda que tudo que te incomoda nos outros é uma projeção de tudo que não venceu em ti mesmo.
Deixa que cada um resolva seus problemas e concentra tua energia em tua própria vida.
Ocupa-te de ti mesmo, não te defendas.
Quando tentas defender-te, na realidade estás dando demasiada importância às palavras dos outros, dando mais força à agressão deles. Se aceitas não defender-te estarás mostrando que as opiniões dos demais não te afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessitas convencer aos outros para ser feliz.
Teu silêncio interno o torna impassível.
Faz uso regular do silêncio para educar teu ego que tem o mau costume de falar o tempo todo.
Pratique a arte do não falar.
Toma um dia da semana para abster-se de falar. Ou pelo menos algumas horas no dia, segundo permita tua organização pessoal.
Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do “TAO” ilimitado, ao invés de tentar explicar com palavras o que é o “TAO”.
Progressivamente, desenvolverás a arte de falar sem falar, e tua verdadeira natureza interna substituirá tua personalidade artificial, deixando aparecer a luz de teu coração e o poder da sabedoria do silêncio.
Graças a essa força, atrairás para ti tudo que necessitas para tua própria realização e completa liberação.
Porém, tens que ter cuidado para que o ego não se infiltre…
O Poder permanece quando o ego se mantém tranquilo e em silêncio.
Se teu ego se impõe e abusa desse Poder, o mesmo Poder se converterá em um veneno, e todo teu ser se envenenará rapidamente.
Fica em silêncio, cultiva teu próprio poder interno.
Respeita a vida dos demais e de tudo que existe no mundo.
Não force, manipule ou controle o próximo.
Converta-te em teu próprio mestre e deixa os demais serem o que são, ou o que têm a capacidade de ser.

Dizendo em outras palavras, viva seguindo a vida sagrada do “TAO”.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Kata!

Aprender uma Kata é como receber a responsabilidade de uma herança, de um legado!

Memorizar um punhado de técnicas e deslocamentos esta muito longe de absorver, de criar raiz, de se tornar “uno” com a Arte! Para isso é preciso antes de mais nada ter autorização para aprender, ter maturidade vivencial em poder compreender seu objetivo e da capacidade de ação, além de conhecer sua real aplicação.

Kata é Karatê-Dô e Karatê-Dô é Kata, se isto estiver verdadeiramente assimilado e assim demonstrado na sua plenitude pelo estudante, então este estará apto ao estudo.

A cada nível de orientação uma nova etapa tem inicio e toda uma história começa a gerar reflexos que deverão interagir na vida dentro e fora do Dojô.

Jamais se antecede a ordem natural do crescimento, isto vale tanto na vida quanto na educação do “Ser”.

Adquirir um novo conhecimento esta relacionado diretamente a forma, ao conceito e ao tempo de vivenciamento na prática correta da Honorável Arte de O’Sensei Funakoshi. Não se coleciona Kata, se vive Kata!

A coreografia qualquer um aprende, o ritmo, a plasticidade e a dinâmica também, porem o espirito que norteia e envolve a lapidação neste processo só se torna possível com a constância, a perseverança na busca em captar a quintessência que habitava a mente das antigas gerações e ao que os levou a construir este “Caminho”!

A força não esta na memória, mas no espirito que permeia sua existência!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 14 de junho de 2015

Intenção!

Muitos interessados em virem ao Dojo querem “aprender” sobre a  Honorável Arte, porem destes, após um tempo de estudo, logo se percebe o quão determinado é tal comportamento, basta atentar nas “pedras” que se encontram em seu “Caminho”!

Prof. Sylvio Rechenberg

sexta-feira, 5 de junho de 2015

A desinFormação!

A total falta de informação e a falsa interpretação sobre o Karatê-Dô de O’Sensei Funakoshi atrai muitas pessoas que não tem nada haver com o propósito para o qual foi criado! Contudo algumas, após um tempo de orientação e redirecionamento ao verdadeiro conceito de Arte Marcial mudam seu foco e revelam sua capacidade transformadora trabalhando o que deve ser trabalhado e devidamente estudado. Infelizmente a grande maioria das pessoas apenas se comportam como “turistas aloprados” com as façanhas espetaculares da Arte e desistem assim que suas fraquezas verdadeiras começam a ser reveladas, vindo à tona o grande esforço que deverão dispensar e do auto sacrifício necessário para sua correta formação!

É preocupante o interesse das massas pela mera violência e a competição entre seus semelhantes, despertando um espirito nocivo, inferior, carregado do ego, arrogante e prepotente que se torna perigoso para a sociedade uma vez que tais “festivais” de idolatria pela selvageria humana são cada vez mais aceitos e incentivados pela mídia populista e um governo totalmente indiferente e omisso a tais manifestações.

As consequências deste fenômeno destrutivo estão diante de todos nós diariamente!

Se uma sociedade se cala diante dos sinais de violência provindos da degradação popular causada pela irresponsabilidade de um governo e suas leis, o que se pode esperar de um processo de evolução onde o que predomina é o "instinto humano"?

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 31 de maio de 2015

A "Arte"!

Expressar a energia através de um movimento na liberdade do espaço transcende do óbvio, é preciso olhar além do que se vê e buscar para junto à dadiva!

Prof. Sylvio Rechenberg

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Heidegger e o Oriente - Professor Marco Aurélio Werle e Monja Coen

Monja Coen a partir de 35:21 ("Ser")



quinta-feira, 14 de maio de 2015

" Dois ignorantes se encontram e não tardam em se agredir.
   Dois sábios se encontram e logo se abraçam. "

   Hermógenes

quarta-feira, 6 de maio de 2015


domingo, 26 de abril de 2015

Vigília de Shoto - 26 de Abril.

A jornada segue adiante contraria ao comum do populismo de manobra visando a disputa com seu semelhante,  a verdadeira “Via” de O’Sensei Funakoshi segue em direção à luz da compreensão ascendente da alma e ao maior de todos os desafios, o "ego"!

A diferença do sábio não esta no conhecimento adquirido, mas na forma com a qual lida com o conhecimento;

O fundador e “pai” da Honorável Arte nos momentos finais de sua exemplar existência confidenciou aos seus alunos mais próximos com relação a sua descoberta sobre o verdadeiro “Tsuki” delineando assim a “máxima” no estudo e na compreensão da sua Arte;

Primeiramente enfatizando a humildade que antecede a faculdade mental e a todo e qualquer sentimento de prepotência, seguida pelo conceito da infindável perseverança na jornada e na comprovação de sua doutrinação e satisfação vitalícia!

Reflexão pelo falecimento de Funakoshi Gichin’O-Sensei em 26 de Abril de 1957.

Prof. Sylvio Rechenberg   

terça-feira, 14 de abril de 2015

Modo de viver!

O Karatê-Dô carrega consigo fortes traços da tradição oriental, comumente chamados e identificados como “filosofia”, termo relacionado aos aspectos da sabedoria, cultura e conduta existentes nas artes marciais conforme a cultura na visão ocidental.

Segundo Chaui (1994), “filosofia” difere da “sabedoria de vida ou modo de viver”, pois a filosofia deve ser entendida como análise, reflexão e busca do fundamento e do sentido da realidade em suas múltiplas formas e indagações.

Em outras palavras, “filosofia” é um modo de pensar e exprimir os pensamentos, que surgiu especificamente com os gregos e que, por razões históricas e políticas, tornou-se, depois, o modo de pensar e exprimir predominante da chamada cultura ocidental, embora tenha a filosofia dívidas inestimáveis com a sabedoria dos orientais, em particular pelas viagens que colocaram os gregos em contato com os conhecimentos produzidos por aqueles. 

Por outro lado, sabedoria de vida ou modo de viver tem relação com contemplação do mundo e dos seres humanos para nos conduzir a uma vida justa, sábia e feliz, ensinando-nos o domínio sobre nós mesmos, e é nesse sentido que se fala em “filosofia” no budismo, por exemplo.  (...)

Parte do texto publicado neste blog em 20-03-2009.

sábado, 4 de abril de 2015

Ressurreição ( Páscoa 2015 )

Enquanto muitos nem ao menos refletem sobre a “Santa Páscoa” para as novas gerações, seu verdadeiro significado sempre irá prevalecer em comunhão com a história e os seus desígnios!

Feliz Páscoa!    

quinta-feira, 12 de março de 2015

Requisito essencial!

As pessoas deveriam saber que para aprender sobre a Honorável Arte do Karatê-Dô a única coisa que precisam ter em mente é um coração puro e a vida toda para cultiva-lo!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 1 de março de 2015

A responsabilidade!

"Ensinar uma arte marcial é como dar uma arma a alguém. Se a pessoa errada receber essa arma, pessoas inocentes vão ficar feridas".

Kanryo Higashionna (1853-1916)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Lições!

Com o tempo vem à sabedoria,
A cada momento existem lições, basta percebe-las e agrega-las,
A Honorável Arte tem toda sua riqueza revelada na maturidade do caráter,
Foi criada com propósitos nobres, dignos de serem vivenciados durante toda uma vida,
Capazes de apontar o desafio maior, a vitalidade da alma e a coragem de superar a si mesmo!
Quem é orientado corretamente, dificilmente se desviará,
Porém a “virtude da fidelidade” não se cria, mas nasce junto com o corpo,
Ou se tem essa virtude ou não se a tem, tudo é revelado no ”Caminho”,
O Karatê-Dô é para todos, mas nem todos são para o Karatê-Dô!

Prof. Sylvio Rechenberg



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Karatê-Dô e o ego!

Nossa relação com o mundo tem tudo haver com a Honorável Arte do Karatê-Dô!
 
Conviva em harmonia com os demais considerando cada qual como uma oportunidade de aperfeiçoar os desígnios do “Caminho de O'Sensei”!
 
Um estudante sério de Karatê-Dô transformar-se-á em  KarateKa com a prática rigorosa nos árduos anos de constante busca no “Caminho” verdadeiro, porem a grande maioria jamais conhecerá o “Dô” (Caminho)!
 
O entusiasmo ou a paixão em praticar técnicas de “Karatê” é a mesma que move um atleta de qualquer esporte na busca pela vitória, este sentimento humano esta em qualquer coisa que venha a ser considerado gratificante ou empolgante, ou mesmo estimulante para alcançar um objetivo em comum, ou seja, vencer o seu “semelhante”!
 
No entanto a Honorável Arte de Gichin Funakoshi, o Karatê-Dô, não se constrói sobre a derrota dos outros, muito menos pela sensação de poder sobre outrem, mas unicamente pela absoluta virtude de se auto aperfeiçoar na unidade indivisível do corpo, mente e espirito no intuito de se tornar uma pessoa melhor, consciente de si mesmo nestes três aspectos e alcançar a plenitude da Paz!
 
Impossível sentir Paz derrotando os demais, não existe virtude na satisfação do ego!
 
A virtude verdadeira reside na capacidade de apaziguar o ego, logo, o Karatê-Dô não foi criado para satisfazê-lo,  mas para aprender a superá-lo!

Prof. Sylvio Rechenberg