domingo, 8 de maio de 2016

“Essência imutável”!

Seria muito mais simples e agradável escrever textos atraentes, com palavras suavemente desenhadas para induzir o leitor a ter uma visão otimista sobre a realidade atual do “Karatê” e assim acordando ao descontrolado modismo da “competição” presente no dia a dia nestes tempos de “conflitos” da “vida moderna”. Conflitos causados principalmente pela falta de importância e desatenção aos aspectos morais na formação da conduta das pessoas e da insignificância e o quase esquecimento que se concede a história, aos seus antepassados e a sua consagrada sabedoria. Infelizmente é o que se constata de forma crescente e desenfreada em nosso meio. Discordo veementemente das facilitações de atitude que se constata quanto à responsabilidade e da crescente obstinação pela vantagem sobre os demais simplesmente para a própria satisfação do “ego” mundano, característica incansavelmente condenada pelas “artes marciais” tradicionais. Como professor a mais de trinta anos, optei pelo que foi “concretizado”, estabelecido em lei proferida e firmada ainda em vida aos seus discípulos pelo próprio fundador do Karatê-Dô, de cuja longa linhagem me estabeleci e constitui disciplina e, sobretudo a ética, valores fundamentais para a preservação da sua essência imutável e reta. Lamentavelmente a realidade atual nos mostra a conturbada e total miscelânea de organizações cujo papel principal é incentivar e apoiar a competição e a insignificante disputa entre pessoas em nome de um “esporte” que em verdade deveria se chamar de qualquer outra coisa, menos de “Karatê”, justamente pela completa discordância de atuação quanto ao real objetivo, bem como no que diz respeito à prática correta e do que é orientado por aí, contrariando aos ensinamentos de O’Sensei Funakoshi seu fundador. Como em tudo na vida, conforme o tempo passa se aprende muito sobre algo e também se aprende muito “sobre alguns” em especial sobre o caráter, tal fato faz com que a grandiosidade da obra se torne cada vez mais necessária e imperativa. Pouco importa se o populismo é mascarado pelo ego inflamado dos verdes anos de muitos aloprados de carteirinha, porem a causa maior da verdadeira finalidade do “Caminhar da Honorável Arte” esta na certeza do seu conceito derradeiro e na consequente constatação da consciência tranquila em fazer o que deve ser feito, sem questionar, sem bajular, sem corromper e sem jamais parar de lutar honrando ao “Caminho”!

Prof. Sylvio Rechenberg