sábado, 19 de janeiro de 2013

Você estuda e pratica Karatê?

Se está lendo estas reflexões quer dizer que, de alguma forma se encontra vinculado com o Karatê, assim sendo, será que alguma vez se deteve para pensar se o que você pratica é realmente Karatê? Antes de seguir com a leitura destas palavras pergunte-se: O que entendo por Karatê? O mais provável e dou-lhe toda a razão é que seja exatamente o contrário do que realmente é. Existe um conceito de Karatê bastante generalizado em que a violência, o egoísmo, o individualismo e a vaidade são conceitos manipulados, incorporados e acrescentados pelos meios de comunicação, já que na nossa sociedade isso é o que "vende". Estamos acostumados a competir em todos os campos e situações da vida, então porque não competir no Karatê? Será isto que os nossos mestres, fundadores desta Arte queriam para todos nós, para a sociedade humana? O que pensará o mestre Funakoshi e o mestre Egami da evolução a que foi conduzida esta Arte Marcial? Você acredita realmente que os atributos mencionados anteriormente eram as metas de evolução do Karatê, que estes mestres tinham planejado?

Se você pratica competição (eu não vou chamar de Karatê) convido-o a refletir fortemente nestas palavras já que o verdadeiro " DÔ" não é o caminho da violência, mas sim pelo contrário, o caminho da paz. Sim, o Karatê-Dô é o Caminho da Paz, a arte transformada em amor, o caminho da superação pessoal baseado no amor, amor a si mesmo, amor para com o seu companheiro de treino, amor para com o seu Dojo, amor para com o que o rodeia, amor pela natureza, amor para com o ensino, amor para com a espiritualidade. Amor, respeito, lealdade, companheirismo, desprendimento, são alguns dos conceitos que os nossos mestres trataram de nos entregar através desta "Arte" chamada KARATÊ. Se aceitamos que Karatê é uma Arte para a "vida", é espiritualidade, é conexão com o universo, com a energia vital, com o Ki, o que é então a competição?
 
Deixarei semeada a incógnita, mas antes volto a perguntar: que sentido tem o vencer outra pessoa? Qual é o prazer de causar dano a um companheiro de treino? Que quero eu demonstrar ao fraturar uma costela? É tão importante sentir-se "ganhador", mas ganhador de quê? Vale a pena lesionar ou causar dano a outro ser humano para ter uma medalha no armário? Para ser o melhor? O melhor de quê? Em quê? Para quê? Deixo semeada a incógnita e cada um deve refletir profundamente e encontrar as respostas, as suas próprias respostas baseadas no aprofundamento pessoal desta formosa Arte chamada Karatê, que nunca foi, nem será um meio para causar dano a outrem, muito menos um meio para enaltecer e alimentar egos, sentimentos errados, vaidades.

Então não percamos tempo, despertemos e lancemo-nos à aventura do crescimento pessoal, da busca do próprio eu, e quão longe chegaremos? Tudo depende de quanto estejamos dispostos a nos aprofundar.


Claudio Fariña