quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Do livro, "Karatê-Dō o meu Modo de Vida" (pag.42)

A Vitória através da Derrota.

...A estrada solitária para Mawashi serpeava por alamedas de pinheiros grossos, e no início da noite já estava bastante escuro; assim, fui pego de surpresa quando dois homens saltaram inesperadamente do abrigo das árvores para o meio da estrada para impedir minha passagem. Como os outros presumidos atacantes, eles haviam coberto o rosto com toalhas. Ficou imediatamente evidente que não estavam apenas inclinados a provocar uma luta bem-intencionada. “Bem”, gritou um deles insolentemente, “não fique aí parado como se fosse surdo e mudo. Você sabe o que queremos. Fale! Diga ‘Boa tarde, senhor’, e diga-nos como o dia está bonito! Não nos faça perder tempo, coisa miúda, ou vai se arrepender. Dou a minha palavra!” Quanto mais eles ficavam irritados, mais calmo eu me sentia. Pelo modo como o que falara comigo fechou os punhos eu podia dizer que não era um praticante de Karatê; e o outro, que segurava um bordão reforçado, também era um amador. “Vocês não estão me confundindo com outra pessoa?”, perguntei calmamente. “Com certeza, deve haver um mal-entendido. Acho que se a gente conversasse sobre isso... “Ah, cala a boca, nanico!”, rosnou o homem com o bordão. “Por quem você nos toma? ”Dizendo isso, os dois se aproximaram um pouco mais de mim, mas não me senti intimidado nem um pouco. E disse, “ Parece que vou ter de brigar com vocês, mas aviso francamente e aconselho para não insistirem. Acho que não vai ser nada bom porque...” Nesse momento, o segundo homem levantou o bordão, “porque”, continuei rapidamente, “se eu não tivesse certeza de vencer, não lutaria. Sei que vou perder. Então, por que lutar? Isso não faz sentido!” A essas palavras, os dois pareceram acalmar-se um pouco. “Bem”, disse um deles, “você certamente não poderia oferecer muita resistência a uma luta. Vamos ver seu dinheiro então!” “Não tenho nenhum dinheiro”, respondi, mostrando-lhes meus bolsos vazios. “Fumo, então!” “Não fumo.” Tudo o que tinha era um pouco de inanju, bolos que estava levando para oferecer no altar na casa do pai de minha mulher. Disse, então, “Vejam, tomem isso. “Só manju!” O tom era de desdém. “Bem, melhor do que nada.” Pegando os bolos, um dos homens disse, “Melhor ir andando, nanico. E tenha cuidado, o caminho é um tanto perigoso.” Com isso, desapareceram entre as árvores. Alguns dias mais tarde aconteceu de me encontrar com Azato e Itosu juntos, e no curso de nossa conversa contei-lhes o incidente. O primeiro a me elogiar foi Itosu, que disse que eu havia me comportado com a maior propriedade e que agora considerava que as horas que tinha utilizado ensinando-me Karatê tinham sido as mais proveitosas que passara. “Mas”, perguntou Azato, sorrindo, “como você não tinha mais o manju, o que ofereceu no altar de seu sogro?” Respondi: “Já que não tinha mais nada, ofereci uma oração profunda e sincera.” “Ah, bom, bom!”, completou Azato. “Você fez bem, realmente, esse é o verdadeiro espírito do Karatê! Agora você está começando a compreender o que ele significa.” Tentei abafar meu orgulho. Embora os dois mestres nunca tivessem elogiado um Kata sequer durante as sessões de prática, estavam me enaltecendo agora; misturada ao orgulho, senti uma duradoura sensação de alegria.

Gichin Funakoshi’O-Sensei

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Natal (Nascimento e reflexão)!

A palavra japonesa “Dō ” acrescida às palavras “Karatê  空手”, no lugar de “jutsu ”, demonstra com clareza a intenção do seu fundador ao substitui-la com sabedoria!
Dotado de uma extrema espiritualidade, típica da cultura tradicional do Oriente, embora distinta do Ocidente, a sua doutrina requer acima de tudo a virtude da humildade, do respeito com a vida e de um sentimento de profunda gratidão pela natureza divina!
Tornemo-nos conscientes de tais desígnios e trabalhemos em nós o acolhimento e o avivamento espiritual no qual tanto o Oriente quanto o Ocidente contemplam em “silêncio” na busca pela Paz interior!

Feliz Natal, saúde e Paz!

Prof. Sylvio Rechenberg


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

“Razão”!

Quando pisares outra vez no teu Dōjo lembre-se, bem ali onde você está prestes a pisar, trava-se um combate entre o céu e a terra, entre o bem e o mal, entre a paz e a guerra que residem dentro de todos nós. Bem ali na tua frente está o “Caminho” no qual se encontra uma forma de agir, de pensar e de sentir e que somente vivenciando na prática sua doutrina, filosofia e ideologia, somente assim, a “Via” se revelará a você! Adiante está à razão de seguir em frente e que se manifesta a cada dia, a cada hora e a cada segundo da tua vida, só depende de ti! Cabe a ti distingui-la, encontra-la dentro de você mesmo(a)! Uma alternativa, uma escolha, um modo de vida que ninguém poderá vivenciar por ti, nem mesmo compreender, nem tão pouco imitar ou querer acompanhar. O teu propósito ali adiante, logo ao adentrar no teu Dōjo é confrontar-te, é colocar diante de ti unicamente o teu “eu” real e transformá-lo, construindo a tua própria fortaleza, rejeitar o conflito, dignificar as virtudes e cultivar para sempre estas sábias pegadas no "Caminho"!

Prof. Sylvio Rechenberg

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Escolhas!

“ Pode-se treinar por muito, muito tempo, se porém, apenas mexer as mãos e os pés e saltar para cima e para baixo como uma marionete, você nunca chegará à essência; você fracassará em captar a quintessência do Karatê-Dô! ”

Gichin Funakoshi'O-Sensei

sábado, 18 de novembro de 2017

Intangibilidade!

O Karatê-Dô de O-Sensei’Funakoshi se basta, sua prática é doutrinária, vitalícia e utilitária, se interioriza e se fixa à medida que se busca o seu verdadeiro poder, não o poder destrutivo do conflito, mas o poder transformador da paz. Eis aí o seu tesouro! Com o tempo, a maturidade em seu vivenciamento ilumina as pegadas de um caminhar constante, firme e diligente, condizente com a razão do seu ideal maior. Compreende-se que o desapego do ego revela a sabedoria tão necessária para a compreensão de sua doutrina! O mais importante na vida de um “karateka” não é trazer a “Arte” para junto do seu coração, mas alcançar o coração da própria “Arte” que o seu fundador um dia nos confiou!

Prof. Sylvio Rechenberg

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Clara evidência!

Se você quer apenas aprender a se defender além de querer aprender em pouco tempo algumas técnicas de luta e ter uma sensação de estar preparado (a) para uma eventual “briga de rua”, então não existe razão e nem o perfil para se matricular e frequentar uma academia tradicional de Karatê-Dô! Bem como também não há razão em aprender alguma forma de “Kata” ou qualquer uma das etiquetas, nomenclaturas, padrões de bases, posturas, das exaustivas e desgastantes repetições, da rigorosa disciplina, da cobrança de conduta, do envolvimento e do comprometimento pessoal e nem mesmo sobre a história que está intrínseca no estudo e na prática do Karatê-Dô japonês!

Aconselho você então a procurar um cursinho de defesa pessoal ou aulas do popular “vale-tudo”, ou alguma atividade semelhante à luta de rua.

Também não pense que só porque você pratica “karatê" que você automaticamente é um “karateka” tradicional, pois as tradições originais da Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi foram drasticamente alteradas, comprometidas com a inovação do esporte e muitas das quais foram simplesmente abandonadas. Outras, no entanto foram adaptadas para servirem a prática competitiva, algumas viraram meras formalidades casuais, lamentavelmente atendendo as exigências do “jogo” e se adequando as circunstâncias do modismo e de uma aceitação popular motivada pela disputa, tal prática transformou-se assim numa típica atividade esportiva, meramente lúdica, e enquadrada às regras do comitê olímpico internacional. Ledo engano!!

Por outro lado, ainda que raros, existem os que na sua profunda e autentica cumplicidade e ilibada responsabilidade mantem acesa a chama do Karatê-Dô verdadeiro, que incansáveis, lutam pela sua necessária e fundamental sobrevivência!

Prof. Sylvio Rechenberg


O-Sensei (Yoko Empi Uchi)

sábado, 28 de outubro de 2017

O “Caminho” da Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi!

Atenção: Para uma correta compreensão leia o texto completo com calma e reflita.

Todas as criaturas viventes têm suas características próprias, suas particularidades defensivas agregadas a um instinto de sobrevivência incorporado ao seu DNA. E considerando o homem como um membro comunitário e um ser integrante na sociedade, a "defesa pessoal" também é uma necessidade comum para todos. Ter a oportunidade básica fundamental de nos defendermos de situações onde a nossa vida é exposta a um perigo iminente ou mesmo a uma ameaça a nossa integridade é uma prioridade sempre atual!

A saber, às várias formas de conflitos, tanto os externos como os internos que por sinal estão cada vez mais em evidencia nos dias de hoje!

Porem o ser humano tem uma coisa que o destaca frente a todas as demais criaturas sobre a terra, a sua racionalidade, o seu livre arbítrio, a sua capacidade de decidir entre o certo e o errado, a sua capacidade de raciocinar mediante as adversidades que o afligem ao longo da sua vida, a se comportar corretamente em qualquer lugar.

Um dom divino exclusivo do ser humano, a nossa inteligência nos permite fazer uma leitura racional do que pode acontecer caso agíssemos desta ou daquela maneira em relação a determinadas circunstancias que por ventura viessem a acontecer. Assim sendo, certamente o leitor já faz uma relação com a maneira de agir e de se comportar mediante as adversidades do nosso dia a dia. E é exatamente isso que nos faz sermos diferentes, especiais e superiores as demais criaturas. Se não fosse assim seriamos como os animais, meramente irracionais e primitivamente entregues ao acaso e a toda sorte de problemas.

No entanto independentemente de como agimos, mesmo assim existem as situações nas quais somos envolvidos, mesmo adotando todas as precauções de segurança e as devidas providencias necessárias para evitar tais ocorrências, mesmo assim, somos pegos de surpresa e então vitimados às suas consequências e na maioria das vezes causadas por criaturas da nossa própria espécie.

Porem existe algo muito além do óbvio na dita "defesa pessoal popular” que estamos acostumados a trabalhar incansavelmente no Dôjo conforme a padronização da escola tradicional de origem, algo que precisa ser compreendido e, portanto considerado antes de tudo por todos nós que trilhamos o conceituado “Caminho”, o “Dô”, conforme a doutrina original a partir do seu fundador.

Tal compreensão nos permite lançar um olhar bem mais profundo na efetivação de todo o contexto que abrange a essência do “Caminho do Karatê de O-Sensei’Funakoshi”.

Então do que trata este “Caminho”?

Enquanto seres “irracionais” (os animais) matam pela fome, já os seres humanos podem ferir, mau tratar, zombar e se divertir as custas dos outros, prejudicarem a si mesmos por bel prazer e até capazes de matar para obter vantagem, não raro, podem agir com violência e se tornarem indiferentes à qualquer tipo de razão, cultivando a soberba no coração e se sentindo motivados por essa inconsequência. Envaidecidos, muitos se sentem realizados e atraídos pela “emoção destrutiva” e ficam felizes enquanto buscam a autossatisfação alimentada unicamente pelo seu próprio “ego” mundano, e se utilizam desta “primitiva fraqueza humana” para todo tipo de “agressão” em prol de seu próprio beneficio causando o maleficio alheio.

Uma clara manifestação do maior de todos os inimigos e que está dentro de cada um de nós, faz parte da nossa vida diária; e é disso que trata o “Dô”(Caminho); o “ego” dominante e controlador é um problema real e atual em evidencia, uma questão comportamental, uma tendência da modernidade, muito comum no Ocidente, mas que cresce no mundo inteiro, instigado pela mídia sensacionalista que se aproveita disso para alcançar os seus objetivos populistas, se isentando de qualquer responsabilidade das consequências de tais estímulos;  e o descaso obviamente do próprio sistema governamental em “todos os sentidos”.

Portanto se não trabalharmos com uma disciplina voltada principalmente na formação de um caráter virtuoso, de manter os bons costumes, a moralidade, a dignidade e em ter uma “espiritualidade” sempre presente em nossas decisões e ações, seremos facilmente dominados e vencidos pelo nosso próprio “ego” primitivo! Pois a nossa fragilidade a partir do “ego” dominador é a maior razão para a nossa infelicidade e assim afetando a nossa saúde, a nossa segurança e a dos que nos rodeiam, a nossa consciência espiritual e a visão distorcida de mundo que nos tentam incutir a todo custo todos os dias!

Vivemos a mercê de um sistema muito longe de ser o ideal e por isso mesmo o nosso “ego” viciado se fortalece com a inoperância das “leis”, principalmente no Ocidente, que por sua vez em sua maioria, são meras formalidades políticas e de interesses afins, oriundos de uma sociedade contaminada pelo “ter” e a total falta de “valores”; além de uma espiritualidade fragilizada e sobre tudo e fundamentalmente a falta do temor a Deus!

Devemos nos policiar continuamente deste distúrbio nocivo e causador de conflitos pessoais de todo tipo, reflexo de uma ante cultura e uma educação familiar equivocada, desregrada, permissiva, descontrolada e irresponsável onde a liberdade esta a mercê de um caos institucional e onde os “Deveres” ficam bem aquém dos direitos, gerando uma miscigenação de ações danosas para a sociedade, corrompendo a ordem pública e abrindo as portas para a violência urbana desacerbada.

Aprender a reconhecer esta fraqueza humana que carregamos conosco é fundamental para que possamos combater com todas as nossas “forças” este “conflito interior” extremamente operante em muitos momentos da nossa vida diária. É necessário que possamos ter uma profunda consciência de nós mesmos, e desenvolvermos a capacidade de superar-nos diante das tribulações e das provações do cotidiano.

Fatos que há milênios muitos sábios do Oriente já haviam advertido e por isso mesmo, motivados a criar e desenvolver extraordinários mecanismos de atuação prática e direta que agissem como norteadores e que possibilitassem uma conexão entre o corpo, a mente e o espírito em unidade para o bem comum, e assim obtendo consequentemente inúmeros benefícios construtivos e de utilização prática diária na vida de todas as pessoas.

Estes sábios visionários do antigo Oriente atentaram tanto nas formas de treinamento sistemático como nos métodos de formação severamente disciplinadores para que através destes mecanismos doutrinários de trabalho físico, mental e espiritual baseados na preservação e valorização da vida e sua consequente proteção, se possa construir uma sociedade mais pacífica, menos materialista e mais sensível as grandes e verdadeiras prioridades da humanidade enquanto vida evolutiva, considerando o “Ser” em conformidade com a natureza e em busca do equilíbrio, da harmonia e de uma paz duradoura.

Então, quando no Ocidente se fala em “Karatê-Dô” logo se compara esta pratica a uma simples forma de luta para aprender como se defender de um vagabundo qualquer ou mesmo onde um tenta ser melhor do que o outro apenas para provar quem é o vencedor, como acontece nos esportes de competição. Uma triste e lamentável realidade no mundo de hoje!

Isso não é e jamais foi o propósito derradeiro do fundador ao inspirar sua Honorável Arte! É o tipo da informação distorcida pela mídia, incorretamente interpretada, mas constantemente manipulada pelos interesses daqueles que lucram com este “tipo de negócio”, onde o que conta é a quantidade de pessoas atraídas pelo imediatismo barato e contagiante da disputa e a falsa ilusão de poder pela violência.

No início o que um “leigo desinformado” procura não é o que as "verdadeiras" artes Orientais querem transmitir, porem com o tempo, o que um estudante sério irá aprender durante esse processo de formação, crescimento, realização e transformação interior, caso persista e se mantenha firme no “Caminho” sem fraquejar, sem se contaminar, sem se corromper, este aprendizado jamais deixará de atuar, levará consigo para o resto de sua vida, não como adornos de tolas lembranças e conquistas do ”ego”, mas como uma ferramenta incomparável de benefícios que lhe será muito útil e onde o amor pela vida promoverá uma paz tão real, autentica e acalentadora em seu coração que nada nem ninguém poderão destruir, pois se tornou parte da sua “natureza pessoal”, e segue adiante com a dignidade que merece numa evolução construtiva do ser humano como criatura “Divinal” e assim com um espírito indestrutível, eternamente inspirador e pacifico!  Este é o Karatê-Dô de O-Sensei!!

Prof. Sylvio Rechenberg


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Doutrinamento!

Se todos soubessem e verdadeiramente compreendessem o propósito da prática regular da Honorável Arte de O-Sensei´Funakoshi certamente muitos pseudo praticantes rangeriam os dentes, afetaria diretamente o seu interesse em praticar, pois a Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi não contempla as reais intenções ego centradas na competição, não sustenta em confrontar os outros e não instiga em aprender simplesmente para “lutar” com os outros.  Porem se a Arte for corretamente “ensinada” milhões de outras pessoas despertarão para sua grandeza, para o tesouro escondido que a Honorável Arte agrega; o auto aperfeiçoamento construtivo, a consciência corporal integral, a dinâmica sensorial, os valores, as virtudes e aos conceitos de vida e de paz que beneficiam não somente a elas mesmas, mas ao vasto universo que a elas conspira!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 8 de outubro de 2017

"Karatê para Todos"

Parte do texto extraído do livro de O-Sensei “O meu modo de vida” (pag. 88)

"...Muitas vezes digo a meus alunos uma coisa que acham confusa. Digo-lhes: “Vocês devem tornar-se fracos, não fortes.” Logo querem saber o que quero dizer com isso, pois uma das razões que os levaram a escolher o Karatê-Dô é a possibilidade de se tornarem fortes. Não há necessidade de treinamento para se tornar fraco, dizem eles. Respondo então que o que estou dizendo é de fato difícil de compreender. “Quero que encontrem a resposta dentro de vocês mesmos”, digo-lhes. “E prometo-lhes que vai chegar o momento em que vão compreender realmente o que quero dizer.” Estou convencido de que esse tempo chegará. Estou convencido de que se os jovens praticarem Karatê com todo seu coração e toda sua alma, no fim chegarão a uma compreensão de minhas palavras. Aquele que está consciente de suas próprias fraquezas será senhor de si mesmo em qualquer situação; somente uma pessoa verdadeiramente fraca é capaz de coragem verdadeira. Naturalmente, um praticante verdadeiro deve aperfeiçoar sua técnica através do treinamento, mas nunca deve esquecer que somente através do treinamento será capaz de reconhecer suas próprias fraquezas."

Gichin Funakoshi’O-Sensei

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O "Tsuki" do Karatê Original!

"...Diz Ito Shihan e explica: “A técnica muscular, impede o desenvolvimento do Ki. Há que encontrar um caminho para que o Ki passe, abandonando a tensão muscular, mas isso só não basta. Há que arremessar fortemente o Ki, do interior para o exterior com a consciência. Por conseguinte dentro da trajetória do tzuki está matizada a contração e expansão do corpo.
No ano de 1927, quando Funakoshi'O-Sensei fez uma demonstração no Japão, um jornalista do periódico (Tokyo nichi nichi Shinbun) perguntou-lhe o que era o Karatê; onde O-Sensei lhe respondeu: “O Karatê é uma técnica com a qual um indivíduo pode se defender com as mãos vazias sem necessidade de se armar, podendo bater um oponente com um golpe que lhe pode causar a morte produzindo danos nos órgãos interiores sem ferir nem a pele nem os músculos!”

Parte do texto publicado neste blog em 17/07/2010

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

“Reconhecimento do Karatê Verdadeiro”

Texto resumido extraído do livro de O-Sensei (em português) “O meu modo de vida” (pag.73)

“ Nos últimos anos, cada vez mais tenho ouvido as pessoas dizerem “Karatê sennen-goroshi” ou “Karatê gonen-goroshi”, significando que um homem que foi atingido por um golpe de Karatê morrerá inevitavelmente dentro de três ou de cinco anos depois do golpe. Isto é algo selvagem e totalmente deplorável, mas, visto que essa afirmação contém alguma verdade, gostaria de tratar desse assunto brevemente aqui. Com toda a certeza, é totalmente incorreto afirmar que se alguém golpeia um oponente de um certo modo, ele está inevitavelmente fadado a morrer num período de três ou de cinco anos. Mas é verdade que um homem golpeado desse modo, embora possa não morrer no momento em que é atingido, pode realmente morrer depois de alguns anos como consequência do golpe. Certos golpes de Karatê, então, tendem a abreviar a vida da vítima: e nisso que reside o tanto de verdade que deu origem a essas afirmações.

Como isso acontece? Sem dúvida, o leitor já viu fotografias de Karatekas quebrando tábuas ou telhas com um golpe de mão. Em geral, a primeira tábua ou telha permanece intacta; as que ficam por baixo é que quebram; a tábua que de fato recebe o golpe não mostra sinais de ter sido atingida. O mesmo pode dizer-se com relação a uma pancada no corpo humano: nada aparece na superfície, mas o interior pode ficar seriamente comprometido.

Todos já ouvimos falar de situações em que alguém foi atingido por alguma coisa e que, sentindo pouca ou nenhuma dor, esquece o assunto. Então, com o passar do tempo — talvez anos — a dor começa e pode aumentar. Mas dar tais golpes, como quebrar tábuas ou telhas, está longe da verdadeira essência do Karatê-Dô! Digamos que uma pessoa hábil no Karatê possa geralmente quebrar cinco tábuas com um único golpe. Agora, se um homem mediano que não conhece absolutamente nada de Karatê se submeter a um treinamento adequado, ele provavelmente será capaz de quebrar três ou quatro tábuas. Mas certamente não podemos dizer que por isso chegou a compreender o significado verdadeiro do Karatê. Se tentasse utilizar a habilidade que adquiriu atacando outros, com toda probabilidade perderia a luta; ele teve êxito em fortalecer as mãos, mas fracassou em compreender a natureza do Karatê.

Lembro-me de como o Departamento de Polícia Metropolitana temia (na época em que pela primeira vez vim para Tóquio) que o Karatê pudesse ser usado como arma de ataque. Penso que as pessoas não sejam tão loucas hoje em dia. Alguns anos depois, um oficial graduado me disse, “Veja, qualquer pessoa que porte uma arma de fogo ou uma espada pode ser presa por posse ilegal de arma, mas no Karatê as únicas armas são as mãos e as pernas, e certamente não podemos prender as pessoas por carregarem isso. Assim, gostaria de pedir-lhe que orientasse os jovens que treinam em seu Dojô a não usarem sua habilidade para nenhum propósito ilegal. Há muitos bandos de arruaceiros no país atualmente!” Percebi que se esses bandos, através de meus esforços, aprendessem Karatê e ousassem para aleijar ou mesmo assassinar pessoas, meu nome estaria desgraçado para sempre. Orgulho-me de dizer que, das dezenas de milhares de pessoas que estudaram e praticaram a arte do Karatê em meu Dojô, não conheço um único caso em que a habilidade foi usada ilegalmente.

Em minhas orientações, sempre enfatizei o ponto de que o Karatê é uma arte de defesa e que nunca deve servir a propósitos ofensivos. “Tenha cuidado”, escrevi num dos meus primeiros livros, “com as palavras que fala, pois se você for arrogante fará muitos inimigos. Nunca se esqueça do antigo ditado que diz que um vento forte pode destruir uma árvore robusta, mas o salgueiro verga, e o vento passa por ele. As grandes virtudes do Karatê são a prudência e a humildade!

É por isso que ensino meus alunos a estarem sempre alertas, mas nunca assumir a ofensiva com suas habilidades, e recomendo aos novos que em hipótese alguma usem seus punhos para resolver diferenças pessoais. Confesso que alguns dos mais jovens não concordam comigo: dizem acreditar que o Karatê pode muito bem ser usado sempre que as circunstâncias o tomem absolutamente necessário.

Tento salientar que esta é uma concepção totalmente errada do significado verdadeiro do Karatê, pois a partir do momento em que o Karatê entra em cena, tudo se transforma numa questão de vida e morte! E como podemos nos permitir entrar em confrontos de vida e morte frequentemente tendo tão poucos anos de vida sobre a terra?
Quaisquer que sejam as circunstâncias, o Karatê não deve ser usado ofensivamente!
..... "

Gichin Funakoshi’O-Sensei

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

"O verdadeiro espírito do Karatê-Dô!"

Funakoshi’O-Sensei encontrou mais honra em evitar uma briga do que em começar uma, ele acreditava que havia mais coragem em fugir de um confronto do que em derrotar um inimigo. Ele afirmou ter utilizado sua Arte contra outra pessoa apenas uma única vez, durante a segunda guerra mundial. Um dia um ladrão tentou atacá-lo, mas Funakoshi’O-Sensei se esquivou e agarrou os testículos daquele homem. Ele segurou o homem naquela posição até a chegada de um policial. E revelara mais tarde que sempre sentia vergonha daquele dia porque não tinha evitado o tal confronto!
Foi esse "verdadeiro espírito de Karatê-Dô" que Funakoshi’O-Sensei passou toda a sua vida tentando alcançar! Masutatsu Oyama’Sensei, que mais tarde criou o Kyokushinkai, foi aluno durante um determinado tempo de O-Sensei’Funakoshi, mas acabou desistindo porque o Karatê de Funakoshi’O-Sensei era "muito lento" e parecia mais uma lição de etiqueta e disciplina. Mas foi assim que Funakoshi’O-Sensei queria! Ele ensinou que o Karatê-Dô não deveria ser usado efetivamente para a autodefesa - mesmo como último recurso - porque, uma vez que o Karatê fosse usado, o conflito se tornaria uma questão de vida ou morte e alguém ficaria muito ferido. Funakoshi’O-Sensei sempre se lembrou do provérbio que Soken'Matsumura lhe ensinou: "Quando dois tigres lutam, um certamente ficará ferido, o outro estará morto".

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

“A Obra” de O-Sensei!

Gichin Funakoshi’O-Sensei ao formalizar sua “obra prima” proporcionou ao mundo a oportunidade dela se valer para a vida e demonstrar que muito além de uma simples técnica de defesa pessoal, seus atributos exclusivos e impares tem a capacidade de transformar pessoas, de despertar valores e fortalecer virtudes, de proporcionar benefícios que durarão uma vida inteira e que conduzirão a uma constante sensação de Paz interior na qual está a chave para uma melhor convivência, uma maior segurança e a consciência da harmonia com a natureza!
Aquele que compreender a sua finalidade e nela desenvolver seu potencial estará no “Caminho” que O-Sensei’Funakoshi idealizou ao alterar o conceito de Karatê jutsu (habilidades técnicas) para Karatê-Dô (Caminho - Via espiritual) definindo e selando desta forma e para sempre a característica principal de sua Honorável Arte!

Prof. Sylvio Rechenberg

                                                                         Gichin Funakoshi'O-Sensei

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Para refletir:

Aprender sobre a Honorável Arte de O-Sensei requer alguns Pré-requisitos:

Humildade: submeter-se, aceitar limites, ser respeitador!

Paciência: saber esperar, cultivar a prudência, disposição ilimitada e continuada!

Comprometimento: doar-se, entregar-se integralmente, assumir responsabilidades!

Fidelidade: ser incorruptível, blindar-se do ego, incorporar-se, enraizar-se!

Perseverança: constância permanente no “Caminho”, ter bom ânimo, jamais desistir!

Disciplina: ter autocontrole, esforçar-se nas virtudes, confrontar-se!

Dedicação: honrar o seu “tempo exclusivo” para a prática efetiva da Arte!


Prof. Sylvio Rechenberg   

terça-feira, 8 de agosto de 2017

A contribuição!

Agradecer ao “professor” com legitima sinceridade, humildade e responsabilidade é o que deveria permear no coração dos que nele buscam conhecimento e sabedoria a cada oportunidade ao seu lado!

O tempo de uma aula pode valer para uma vida inteira!

Existem pessoas que relutam em compreender que a missão de ensinar de um professor tem um incalculável valor e que o que aprendem cedo ou tarde lhes será muito útil, necessário e quem sabe fundamental em vários aspectos durante a vida.

Karatê-Dô de O-Sensei se aprende para a vida e é o teu "professor" que te ensina a “caminhar” e te conduz por esse “Caminho”!

O “dispêndio” que o teu “professor” tem com a difícil missão de ensinar engloba inúmeras coisas que o estudante praticante tem a obrigação moral e incontestável de considerar e retribuir com total engajamento e comprometimento; honrando com dignidade e fidelidade ao propósito com a sua indispensável contribuição!

A real demonstração de consideração por aquele que um dia te acolheu, concedeu e confiou!

O “professor” já se encontra no “Caminho” por um longo e longo tempo enquanto muitos ainda nem imaginavam que vivenciariam este “Caminho”, outros nem mesmo tinham nascido. A “visão”, a compreensão e a fundamentada razão da sua missão esta muito além do entendimento dos que nele buscam orientação e a devida formação para uma vida melhor, mais saudável, mais segura e mais feliz!

Só aquele que leva luz as trevas conhece o desafio de jamais deixar-se apagar e assim seguir adiante!

O “professor” dedicou grande parte da vida para isso, quiçá a vida inteira devotada para poder ensinar sobre “O Caminho”!

Todos os dias de um "professor" são em função desse sacerdócio sagrado de conduzir, “lapidar”, “forjar”, “esculpir” e moldar pessoas para a vida, e a vida nas pessoas!

Você se dá conta disso a cada vez que comparece ao Dojô, ao "teu" Dojô?

Prof. Sylvio Rechenberg 

domingo, 30 de julho de 2017

“Origens” (Curiosidade)

Shorinji Kempo "O Caminho do punho do templo de Shaolin" foi desenvolvido durante milênios; suas origens podem ser encontrados na Índia, em algum ponto que se perde na história ainda não escrita e muito antes mesmo de ser estabelecido especificamente no mosteiro de Shaolin na província de Henan na China, no século VI, pelo monge budista indiano Bodhidharma.
Desenvolvido como  um método de treinamento que inclui os ensinamentos de Buda, não foi criado para lutar e derrotar os outros, mas como um método para alcançar o autocontrole, o equilíbrio físico, mental e espiritual, o crescimento mútuo através da prática, melhorar a saúde, e consequentemente a autodefesa mas não apenas para se defender contra um agressor, mas e principalmente para se defender contra os desafios que a vida oferece.
O Budo não significa lutar para derrotar, ferir ou matar o inimigo, mas para “parar a luta entre as pessoas”; lhes permite trabalhar juntos e em  constante harmonia, criando uma cultura de paz!

O vídeo a seguir demonstra em parte sua prática, sua ideologia e filosofia; honrando em alta conta os ensinamentos dos tempos antigos.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Ferramenta!

Através da prática do Karatê-Dô de O-Sensei  lapida-se a mente em esvaziar-se do ego, contempla-se em plenitude o presente divino que é a vida e luta-se para mantê-la segura e em paz permanente!

Prof. Sylvio Rechenberg

terça-feira, 18 de julho de 2017

Dicotomia e “o oportunista”!

Li em algum lugar alguém afirmando e já se vangloriando que é “campeão de Karatê” de tal e qual, mas que não pratica Karatê para competir.  Que HIPOCRISIA, a típica “falsa” modéstia; e como tem disso por aí, cresce a cada dia!

A questão, o cerne do problema é justamente a participação em “campeonatos”! O fundador do Karatê-Dô proibiu terminantemente esta pratica e em 1941 determinou a expulsão daqueles que transgredissem este preceito!

http://shotokan-ortodoxo.blogspot.com.br/2015/11/a-orientacao.html )

O Karatê-Dô de O-Sensei não foi criado com tal propósito! Então, o que leva alguém a competir se não a “irresistível” tentação ao conflito? Justamente agindo na contra mão do “Caminho” do Karatê!

Dirão os entusiastas esportistas que é só para testar suas habilidades atléticas. Ok, então se for assim, vamos excluir as medalhas, os troféus, as decisões da arbitragem, o público, a mídia, excluir também a ideia da disputa, da competição por premiações, em fim, excluir tudo que envolve “o ego”!

Certamente que isso vai contra o real interesse de uma enorme maioria de pseudo-praticantes, a tal motivação se enfraquece e o ensejo deixa de ser atrativo, pois para estes, quando o “jogo” termina não existe mais o porquê lutar, agora não é mais um “show”, não existem mais derrotados nem quem ostentava vitórias, “prevalece” a prática pela prática é o ego reprimido e vencido, exatamente o verdadeiro “kumite” que O-Sensei idealizara através do “Dô” do Karatê!

O Karatê-Dô é para todos, mas nem todos são para o Karatê-Dô! O simples fato de participar de uma competição, seja de qualquer tipo, por si só já demonstra claramente qual a exata intenção por de trás disso; é óbvio e notório! Mas na Honorável Arte de O-Sensei a humildade é o princípio de tudo; e que se finda quando começa a disputa!

E não é o fato de cumprimentar o outro antes e depois de cada luta que se demonstra a humildade a qual me refiro, pois o cumprimento caracteriza sua educação, típica entre os povos orientais, mas é uma mera formalidade entre as partes! A educação se demonstra, mas a humildade é uma virtude e irá disciplinar a educação, a “humildade vem de dentro” e rejeita o conflito!

O problema está em sentir-se mais, ou melhor, que o outro, em se prevalecer em detrimento do outro, em alimentar o ego com a derrota do seu semelhante, em se satisfazer do conflito simplesmente pelo prazer e não por uma necessidade real de perigo da própria vida.

A busca no Karatê-Dô de O-Sensei Funakoshi se concentra única e tão somente em aquietar o espírito, utilizando-se do corpo como ferramenta, da mente como norteadora e do espírito como a causa inspiradora o elo entre a sabedoria e a razão verdadeira! Trabalha o auto aperfeiçoamento, se empenhando na formação de um caráter virtuoso, pacifico e justo, em conter sob toda a lei sua agressividade, sendo respeitoso não somente nas aparências, mas sentindo um profundo estado de benevolência, harmonia e paz para com seu semelhante sem jamais competir com ele, seja em quaisquer circunstancias, simplesmente por que é disso que trata o “Dô”(Caminho); em precisamente conter o conflito e buscar a “Paz”!

Mas a “humildade inrustida” pela soberba, pela prepotência, pela tentativa dissimulada de ser o que não se é, mancha, corrói e mascara o que é o maior de todos os desafios no Karatê-Dô de O-Sensei, confrontar-se a não lutar antes de mais nada!

Prof. Sylvio Rechenberg

sábado, 8 de julho de 2017

"Têmpera!"

O verdadeiro Karatê-Dô não esta fora, mas dentro de cada um de nós!
Com o tempo através da prática correta e da atitude inabalável, manifesta-se o seu poder!
Sua força não é a física, é invisível, reside no “coração”!
Não se trata da vontade, mas do espírito forjador!
É cultivado por muito poucos!

Prof. Sylvio Rechenberg


quarta-feira, 28 de junho de 2017

"Karateka" ≠ atleta!

Ser educado, respeitoso, esforçado, controlado, qualquer um em qualquer esporte pode se tornar uma pessoa melhor, pode realmente ser um cidadão honesto e bem comportado na sociedade, trabalhador e ser um bom pai de família, pode até ser um exemplo para muitas pessoas. Qualquer um pode e deve procurar melhorar seus hábitos, atitudes e explorar suas virtudes ao máximo.

Contudo, infelizmente uma das grandes fraquezas humanas é “o ego”, e quando falo em “ego”, me refiro quando este “comanda a vontade e se sobrepõem a razão”, contrariando a fundamentação das virtudes essenciais do homem, e que o faz regredir em suas ações como ser humano em detrimento dos demais, se alegrando, se vangloriando, se envaidecendo com a derrota dos outros. Logo, caracterizando aí uma contradição, uma hipocrisia enrustida em muitos “ditos esportes ou desportos de competição”, assim como lamentavelmente o “dito karate esportivo” que hoje infesta e corrompe a sua verdadeira doutrina.

Na Honorável Arte do Karatê-Dô de O-Sensei’Funakoshi temos o Dojo-Kun (lema) e o Niju-Kun (princípios) para orientar e nortear seus membros-praticantes de que forma devem agir e se comportar em todos os momentos em sua vida, bem como a forma correta que a prática deve ser conduzida, desenvolvida e considerada. Devendo assim segui-la em plena conformidade com as determinações e conforme a linha ideológica e filosófica do seu fundador.

E é aqui que se observa muito claramente que nesses dois “rígidos códigos de conduta” sabiamente elaborados e afirmados como “lei” num tradicional Dojo de Karatê-Dô, tanto no lema, nos seus cinco apontamentos aclamados antes e logo após cada sessão de treinamento, quanto nos vinte princípios fundamentais do Karatê-Dô de O-Sensei, que a formação de um membro-praticante deve ser acondicionada diretamente e objetivamente a sua forma de agir tanto dentro como fora do recinto de um Dojo.

E é ali que o “Caminho” se divide completamente! De um lado a busca pelo conflito (a competição); do outro a Paz, a contenção do conflito! Dois opostos, nos quais a grande maioria caminha de um lado para o outro, sem absolutamente nenhuma definição real, muito menos fidelidade incondicional, onde justamente deveria ser o “norte” do “Dô” do Karatê de O-Sensei!

Não se pode trilhar com lealdade, legitimidade e comprometimento irrestrito por caminhos opostos! Hora em um, hora em outro, isso demonstra uma forma de “ser e de agir” contraditória, hipócrita, um comportamento que não tem nada em haver com o “Caráter” que se professa e se espera no Dojo-kun de O-Sensei! Quem cultiva um espírito de Paz busca a Paz, jamais o conflito, sem exceções!

Outro exemplo bem oportuno é a prática do “Taikyoku Shodan”, ao mesmo tempo eu posso executar o “Taikyoku Shodan” e encara-lo como parte do meu processo de estudo ou como uma simples forma de aperfeiçoamento técnico nos meus treinos diários, ou mesmo como uma formalidade eventual.

Porem, se eu realmente compreender o seu significado e me prontificar em assumir o seu propósito, me doando inteiramente, isto é, sem questionar, sem interferência pessoal, mas simplesmente executá-lo, com sinceridade e me comprometer com o seu “ideal” e então considera-lo e senti-lo simplesmente da forma original, como a legitima “criação de O-Sensei” a cada vez que eu o reproduzo e dou vida a ele, e, portanto torná-lo único por excelência, então estarei firme nesse ”Caminho”. Onde posso sentir-me parte dele quando me encontro executando-o, não importando o lugar, nem o ritmo, nem mesmo a condição ou de qual inspiração, simplesmente o faço porque nele me sinto mais próximo do fundador e do que ele(O-Sensei) queria que atentássemos de verdade, conforme a sua doutrina de pacificação!

E que assim, vivenciássemos a sua Honorável Arte, bem menos destrutiva, mas muito mais construtiva, de reencontros e descobertas interiores e por uma profunda gratidão pela misteriosa e apaixonante razão de viver em harmonia com a gente mesmo e com os outros, e que na prática diária isso se tornasse cada vez mais e mais forte, com uma razão definitiva e determinada com um sentimento de realização interior inigualavelmente autossuficiente em todos os aspectos que regem a nossa vida!

Logo o ideal é que um “Yudansha” de Karatê-Dô de O-Sensei’Funakoshi seja um exemplo de unificação, de compreensão, de responsabilidade e comprometimento com a origem da qual se gerou a intenção de sua existência e do que motivou o seu fundador a dedicar toda a sua vida a esta tão nobre missão!

Compreender como “principio” que um “Tsuki” antes  de mais nada é uma extensão de uma sensação interior que ultrapassa a razão da matéria, esta muito além, muito mais adiante, tanto dentro como fora da alma, se funde com o passado e se volta para o presente com as mesmas emoções que um dia inspiraram os genuínos sábios dos tempos antigos à revela-lo ao mundo, justamente o que O-Sensei afirmou ter compreendido só no final de sua vida!

E assim dentro desta ótica, abraçar a doutrina e se esforçar dia após dia para honrar as palavras que estão gravadas no tumulo de O-Sensei ( “No Karatê-Dô não existe “agressão”!” ) e que lamentavelmente volta e meia são anunciadas em muitos sites, blogs, redes sociais, mas quase ninguém atenta, só comenta, mas não seguem ou cumprem em nada tal conceito, é mera bajulação da hipocrisia popular em voga na “nossa” sociedade! É o retrato do equivoco a que se transformou a interpretação da prática do Karatê-Dô de O-Sensei mundo a fora!

Um “Yudansha” é “a essência”, e como essência deve se comportar em qualquer lugar e em qualquer tempo da sua vida, deve se ater aos “princípios e aos designíos” da Honorável Arte, assim como O-Sensei queria que fosse, e que para bem poucos, mas para bem poucos mesmo ainda o é e sempre o será!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 18 de junho de 2017

Bonsai-Dô e o "Karatê-Dô de O-Sensei".

Bonsai é uma palavra japonesa que em português significa “plantando em uma bandeja”.
A sua longevidade depende do cuidado dispensado por seu “cultivador”.
O Bonsai teve sua origem na China em torno do século VIII. Onde no Japão durante esse mesmo período houve uma grande influência da cultura chinesa, com a expansão do Budismo, difundindo-se ainda mais a partir do século XIII com o Zen-budismo.
Pela sistematização da Arte do Bonsai por povos orientais, ela traz consigo conotações das filosofias religiosas praticadas há muito tempo naquelas regiões.

Assim, surge, por exemplo, o conceito "Bonsai-Dô" . Significa "Caminho" para o interior do "EU", pela Arte do Bonsai, ou seja, circunspecção através da concentração mental ao se trabalhar um Bonsai. (...) podemos dizer que "Bonsai-Dô" é uma terapia mental que praticamos através da Arte.
Durante muito tempo, a Arte do Bonsai era praticada pelos Samurais, para amenizar o lado guerreiro, feroz, do seu ofício. Hoje, no Japão, o currículo dos policiais inclui alguma prática de Jardinagem, também por esse motivo. A concentração exigida pelo trabalho consciente com um Bonsai afasta, por um tempo, suas preocupações com outros problemas, que, muitas das vezes, se resolverão naturalmente com o seu trabalho e seu cuidado, sem angústia, porém. Inúmeras vezes, ao final de uma sessão de trabalho com Bonsais, afloraram à minha mente soluções para outros problemas, geradas pelo meu subconsciente, enquanto o consciente estava ocupado.

A Arte do Bonsai, como a Arte da Marcenaria (novamente as árvores), que exigem concentração no que vai ser feito, medição repetida do que pretendemos fazer e o uso das mãos conjugadas a um planejamento cerebral, pode se constituir uma alternativa de terapia ocupacional.
Outro termo ligado à Arte do Bonsai é "Chizen ou Shizen". Significa harmonioso, natural.
As artes orientais transmitem harmonia e naturalidade. (...) Para tratarmos nossas arvoretas visando tal harmonia, temos que estar harmônicos conosco. Antes de iniciar algum trabalho de Bonsai, procure a tranquilidade, respire pausadamente e afaste outros pensamentos. Concentre-se no que vai fazer, a busca da harmonia interna é outro aspecto desta Arte Milenar.

Lembre-se que depende dos teus cuidados e do teu carinho. O respeito pela Vida, à paciência em esperar que responda aos teus cuidados, a concentração ao lidar, a busca da harmonia interna através do cultivo, trará paz interior, consigo mesmo e com seus semelhantes!


quinta-feira, 8 de junho de 2017

Culturas e expectativas!

Ao comparar a Honorável Arte com qualquer outra do gênero, deve-se considerar primeiramente a real intenção daquele que a fundou, que a criou, que a fundamentou, e com qual finalidade e lógica que isto se concretizou, juntamente com a sua ideologia e a linha filosófica sustentada em função da pratica. Vale lembrar sempre que todas as artes marciais clássicas tem um histórico milenar no qual se observa a premissa de salvaguardar a vida, proteger a família, seus entes queridos e o país. Uma intenção original básica pretendida e que gerou uma alternativa de se defender dos possíveis agressores marginais e de toda a espécie de indivíduos nocivos para a sociedade.

Dito isso vale lembrar que em 1935 O-Sensei’Funakoshi propõe oficialmente a modificação do caractere chinês "To"(antigo), para o caractere "Kara" (vazio) e acrescentando o caractere “Dô”(Caminho-Via espiritual).  O Karatê deixa então de significar "a mão antiga" ou "mão chinesa" e passa a ser conhecido e desenvolvido como (Karatê-Dô) “Caminho das mãos vazias”!   Sua conotação passa a indicar uma prática muito mais abrangente e profunda com relação à contenção dos conflitos. Sua formação transcende a expectativa física e passa a valer-se de uma atuação doutrinária que visa à formação do “Ser” humano como um todo, capacitando-o não apenas no sentido mecânico corporal, mas, e principalmente centrado como diretriz norteadora o envolvimento tridimensional, o tripé, espírito, mente e corpo como unidade inseparável, indissolúvel na vivenciação da Honorável Arte, por uma busca interior conforme as “leis do universo” e que visa a grande paz consigo mesmo e com o mundo.

Num trecho do texto no livro de O-Sensei  (Karatê-Dô - O meu modo de vida - pag.31) ele escreve:
“...O kara que significa “vazio” é definitivamente o mais apropriado! Em primeiro lugar, ele simboliza o fato evidente de que essa Arte de autodefesa não usa armas, somente pés desguarnecidos e mãos vazias. Além disso, os estudantes de Karatê-Dô têm como meta não só aperfeiçoar a Arte de sua escolha, mas também esvaziar o coração e a mente de todo o desejo e vaidade terrenos. Lendo as escrituras budistas, encontramos afirmações como “Shiki-soku-zeku” e “Ku-soku-zeshiki” , que literalmente significam “matéria é vazio” e “tudo é vaidade”.”
“...Acreditando com os budistas que é a vacuidade, o “vazio” que jaz no coração de toda matéria e na verdade de “toda criação”, persisti  resolutamente no uso daquele caractere particular para indicar a arte marcial a que dediquei minha vida!”

Portanto O-Sensei’Funakoshi demonstra nestas poucas palavras o sentido real que envolve o propósito da sua Honorável Arte! O seu Karatê-Dô é definitivamente e acima de tudo um auto aperfeiçoamento doutrinário que visa à pacificação interior e a eliminação definitiva do ego pela contenção dos conflitos e assim alcançando a Grande Paz!

Logo, comparar a Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi com práticas competitivas é um lamentável desrespeito, uma total falta de informação sobre o assunto, ou mesmo nenhuma importância aos fatos, típico da cultura ocidental que reforça e cultua a triste dependência do “ego”! Enquanto que contrariando a tais expectativas, o Karatê-Dô real de O-Sensei’Funakoshi não busca o confronto contra outrem, nem a hegemonia do “ego”, mas sustenta uma auto conscientização e um sentimento de bem estar interior para uma vida longa, segura e pacifica. Se basta por si só na superação de conflitos, tanto externamente como internamente, busca tão somente uma constante harmonia com a natureza, com disciplina acentuada e uma legítima capacidade de confrontar-se, unicamente a si próprio invariavelmente ao longo da vida!

Prof. Sylvio Rechenberg 


domingo, 28 de maio de 2017

Os alunos de O-Sensei!

Genshin ‘Motonobu’ Hironishi’Sensei, Isao Obata’Sensei, Shigeru Egami’Sensei, Tsutomu Ohshima’Sensei e Mitsusuke Harada’Sensei, foram alunos diretos de O-Sensei'Funakoshi. Masatoshi Nakayama’Sensei, Hidetaka Nishiyama’Sensei e Hirokazu Kanazawa’Sensei, também foram alunos de O-Sensei durante algum tempo em suas vidas. Portanto todos conheceram muito bem como era e como deveria ser ensinado e praticado o Karatê-Dô de O’Sensei de acordo e conforme a sua doutrina. Do mesmo modo que todos também estavam a par dos problemas que O’Sensei enfrentara para a sua correta transmissão e a devida compreensão do seu verdadeiro legado principalmente nos anos 40 em diante. Todos admitem a dificuldade política e a complexidade de aceitação de sua ideologia e do seu sistema doutrinário para a devida formação de seus alunos, em especial aos mais jovens, já naquele tempo, imaginem hoje em dia. Bem como do movimento paralelo, mesmo que a contragosto e sem autorização de O-Sensei, para os tais confrontos competitivos.

Para compreender isso melhor, dois períodos devem ser assim considerados, um antes e o outro após a segunda grande guerra mundial, juntamente com o pensamento de um homem entusiasta,  idealizador, formador e educador de pessoas, bem como do estado de espírito que se encontrava o Japão antes e depois da guerra. Tudo isso influenciou profundamente alguns acontecimentos que sucederam na história da Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi. Contudo, mesmo diante das grandes tribulações que aquele povo vivenciara tão intensamente, seu caráter, sua ética, seus princípios, sua dignidade e o amor incondicional pelo ser humano sempre será o mesmo, não importa a época e nem os fatos da história, pois suas virtudes são eternas! É a raiz da sua cultura, fundamentada na espiritualidade, na dignidade e na benevolência universal, tão importante e tão sagrada como a própria vida!

O que destaco aqui em alguns textos escolhidos a dedo por mim, não são as conquistas, nem os méritos de alguns dos Sensei’s de renome mundial, pois isso grande parte das pessoas já tem conhecimento, contudo, o que poucos sabem, ou talvez deixassem de atentar, é que todos que conviveram com O-Sensei’Funakoshi reconhecem unanimes que o desejo de O-Sensei, nunca, jamais foi torná-lo competitivo em qualquer aspecto ou condição! E que a ideia de expô-lo ao mundo como atualmente se observa e se propaga pela mídia sensacionalista e pelos aproveitadores inescrupulosos, pelos pseudo-professores e hipócritas de “campanha”, é totalmente diferente dos desígnios que a Honorável Arte sustenta e mantém intocável até hoje, para as futuras gerações de karatekas, mas que por ventura e se com muita "sorte" buscarem e compreenderem devidamente a “lição”!

Prof. Sylvio Rechenberg

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Shigeru Egami'Sensei

Resumos e compilação:

“...Em 1935 os alunos de O-Sensei’Funakoshi estabeleceram uma associação com a missão de ajudar seu professor, nomeada de Shotokai (Shoto = pseudônimo de Gichin Funakoshi’O-Sensei, Kai = associação). Depois da morte de O-Sensei, a presidência da Shotokai é assumida por Genshin Hironishi’Sensei, e Shigeru Egami’Sensei se torna o Instrutor Chefe, tudo isto é feito com a plena autorização da família Funakoshi.”

Texto acima na integra:

“...A prática, eu digo sempre, é pensar, imaginar e expressar os ensinamentos de nossos anciãos.
“...A verdadeira prática não está em fazer exercícios no Dojo. No Extremo Oriente (incluindo o Japão), há um ditado: "Soku Ze-Dojo", que significa "onde quer que se esteja e em qualquer momento, cada momento é de um ano e cada lugar é um Dojo".”
“...Quanto aos detalhes da técnica, é completamente normal que não seja perfeita ainda, mas a técnica pode melhorar com o tempo e bons conselhos; este não é um problema fundamental. A chave é o espírito, a atitude!”
“...A mais de meio século atrás, o "Karatê" de O-Sensei’Funakoshi passou de "Karatê-Jutsu", para o "Karatê-Dô", “...Pense e volte naquele tempo novamente e reflita sobre as palavras do nosso mestre: ”Não existe competição no Karatê-Dô!.”
“...Para alcançar a verdade absoluta, precisamos caminhar juntos para formar um mundo acima da “luta”(conflito), com uma prática sincera e ardente que irá abrir o “Caminho” do Karatê-Dô não como uma arma de morte, mas como uma arma de vida.”

Shigeru Egami’Sensei

Texto acima na integra:

“A situação é tal agora, que a maioria daqueles que praticam Karatê em diferentes países treinam  Karatê por causa das suas técnicas de combate, e temos de admitir que a propensão a se envolver em uma briga não é menos comum em humanos do que em animais. É extremamente duvidoso que os “entusiastas” tenham descoberto a real compreensão do que consiste o Karatê-Dô.
Devemos também destacar a influência negativa do cinema e da televisão sobre a imagem pública do Karatê...
“Ao descrever o misterioso Karatê como uma forma de combate que pode matar ou ferir com um golpe ou chute e assim instigando ao instinto de luta do homem, os meios de comunicação têm o Karatê como uma “pseudo arte” ignorando o que ela realmente é.”.
Gichin Funakoshi’O-Sensei era um defensor dos aspectos espirituais do Karatê-Dô e insistiu muito mais sobre eles do que sobre técnicas de luta. Além disso, ele sempre praticava o que ensinava. Se ele estivesse vivo hoje e visse o que aconteceu com o Karatê-Dô, o que ele pensaria?
“Aqueles que são seguidores rigorosos do Karatê ortodoxo como uma arte de defesa, devem fazer de tudo ao seu alcance para garantir que o Karatê possa ser praticado na direção certa e que o seu lado espiritual seja compreendido em toda a sua dimensão.”
“...No Karatê-Dô, não existem homens fortes ou fracos. A essência desta arte é uma cooperação mútua. Este é o propósito do Karatê-Dô!

Shigeru Egami'Sensei

Texto acima na integra:
http://www.mushinkai.net/pages/french/HistoireDuKarateFrenchSite/ShigeruEgami03French.htm

Dois antigos textos chineses foram descritos com a ideia de que a mente pode ser purificada pela disciplina física. Estes dois textos, segundo a tradição, eram parte do ensino de Bodhidharma no Templo Shaolin...”
“Nós proporcionamos através da prática, as soluções para estas preocupações: a energia vital desta geração está se deteriorando, relações endurecendo e se tornando difíceis. Em nossos pensamentos, em nossas conversas abordamos as mesmas perguntas: "o que é a vida..etc.?". Olhando através de todo o meu “Ser” (corpo e mente), para entender a relação entre um ser humano e outro ser humano, entre um ser humano e a natureza; concentro a minha prática nesta direção, neste sentido, esse é o meu desejo!”
“É natural que o homem busque se tornar forte fisicamente e espiritualmente, é também natural que o homem pode tornar-se forte treinando sozinho, mas, na nossa prática não devemos ser obstinados somente nesse objetivo. Por sua natureza, o homem não pode viver sozinho, assim, ele deve desejar a paz para si e para os outros. Ser capaz de cuidar dos outros, pensar e agir com os outros como se fosse para si próprio, formar um ser humano neste sentido: esta é a prática!
Mantendo os olhos sobre o elemento fundamental da existência, forja-se uma visão da vida e do homem compreendendo a sua origem. Desejo que a nossa maneira de praticar nos leve nessa direção.
“Os dias que nós vivenciamos, e aqueles que vamos vivenciar se fundem no momento presente. Em cada momento somos a centelha de nossas vidas!”
“Que este seja o nosso “Caminho!”.”

Shigeru Egami'Sensei

Texto acima na integra:

A prática é o conhecimento de si mesmo através de um relacionamento com o outro, é um autoconhecimento real, mas também um instrumento de desenvolvimento do conhecimento do seu potencial, uma maneira de enriquecer a sua existência. Eu acredito que a vida no Karatê é verdadeiramente excepcional.
Seu conteúdo inesgotável é profundo e misterioso e cada um de nós tem a tarefa de desvendá-lo e agarrá-lo. Nunca parar, excluir o desleixo. Como se costuma dizer:  "Você nunca deve perder a mente de principiante". Eu gostaria que você encontra-se na prática o comprometimento de uma vida em sempre confrontar-se com seriedade, paixão, humildade, honestidade e paciência.”

Shigeru Egami'Sensei

Texto acima na integra:
http://www.mushinkai.net/pages/french/HistoireDuKarateFrenchSite/ShigeruEgami05French.htm

A “prática”, em outras palavras, é a vida. A vida, em outras palavras, é a “prática”.”
A prática consiste em conhecer realmente as dificuldades inerentes na experiência da vida como ela é vivida por cada um de nós.
A prática é a oposição mais extrema entre nós e os outros, é dependente de um soco ou chute como ponto de partida de uma luta arriscada, a concentração de todas as energias para o limite da resistência física. E em testar os limites da capacidade do nosso oponente,  é o desenvolvimento de um grau quase incalculável de habilidades e em aprender ao mesmo tempo que existem limites!
“O que devemos fazer para superar essas limitações”?
Precisamos limpar o nosso ego, ter um profundo conhecimento da existência do nosso verdadeiro “Eu”!
Devemos tornar-nos um com o universo, um com as outras entidades independentes.
Devemos saber que não devemos olhar para justificativas e argumentos, mas agir completamente com o corpo e a mente.
Devemos sacrificar nosso ego!
Temos de perceber que a vida é eterna (inextinguível!
Devemos amar os outros!
Temos de aprender todas essas coisas através do corpo e da mente. Essa é a prática!

Shigeru Egami'Sensei

Texto acima na integra:

Shigeru Egami'Sensei e Genshin Hironishi'Sensei

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Hidetaka Nishiyama’Sensei

Resumo e compilação:

“... Eu comecei a treinar no Dojo de O-Sensei’Funakoshi  e a formação era na maior parte Kata, eu diria aproximadamente 80% Kata e 20% Kihon, ...Na verdade, passamos o primeiro ano e meio apenas no Heian Shodan.

“... eu me lembro que ele(O’Sensei) era uma pessoa muito séria e qualquer erro no Kata tínhamos que repetir e faze-lo novamente até que não houvesse mais erros.”

“... ele(O’Sensei) simplesmente não acreditava em chamar Karatê por um estilo. Era apenas Karatê para ele.”

“...quando o Dojo de O-Sensei’Funakoshi foi destruído durante a guerra, todos os estudantes se mudaram para a faculdade para treinar.”

“...Dois grupos começaram a funcionar; o grupo dos alunos mais velhos e o grupo dos mais jovens. O grupo dos mais jovens queriam Nakayama’Sensei para estar no comando e o grupo dos mais velhos queriam Obata’Sensei para estar no comando, porque ele era o mais antigo.”

“...acho que é muito difícil para os americanos ou não-japoneses compreender a ideia da cultura japonesa. A ideia de “Mukso” ou respeito, etc, não fazem parte da cultura americana desde o nascimento como é no Japão. Então eu acho que os americanos nunca podem entender totalmente esta parte do Karatê.”

“...Este é o meu desafio ou objetivo: ensinar os não-japoneses a entender a cultura japonesa.”

“...A finalidade da ITKF é preservar o Karatê tradicional na maneira correta. Um dos perigos é o Karatê torna-se apenas um esporte! Se a definição de Karatê se tornar um Karatê de competição, isso não é o que estamos tentando fazer. Karatê é primeiramente uma arte marcial. A competição é apenas uma das formas de treinar o nosso Karatê tradicional.

“.... Se a competição se tornar a definição para o Karatê, então iremos transforma-lo num Karatê de má qualidade e as técnicas se tornarão ineficazes. Não é assim que preservaremos o Karatê como uma arte marcial.

“... tenho como missão preservar o Karatê tradicional e tudo o que ele representa e quando algumas pessoas querem me fazer ceder, eu não cederei. Eu devo ser muito forte e me manter firme contra essas mudanças que eles querem. Preciso preservar o Karatê como uma “arte” para a próxima geração.

“...Eu digo a estas pessoas, "você faz o que quer, e eu vou continuar ensinando o Karatê como uma arte tradicional".

“...Se o Karatê é para durar, deve ter uma base forte ou se tornará um esporte morto como o judô se tornou.

“... muitas pessoas podem tocar instrumentos musicais, mas poucos podem tocar a música de "Beethoven". É muito difícil.”

“...No Karatê o objetivo(da técnica) é eliminar o inimigo com um único golpe como com o corte de uma espada, um corte, uma vida.”

“...Os samurais eram soldados profissionais. Trabalhavam para seu chefe. As artes marciais são diferentes, porque são sobre o desenvolvimento pessoal para se tornar uma pessoa melhor.

“...(no futuro)Gostaria que o Karatê tradicional fosse exatamente a mesma coisa, ensinado como é hoje. Devemos lembrar que o karatê não é uma ciência. É uma “arte”. Usamos a ciência para melhorar a forma de arte.

“...Acho que isso pode ser melhor explicado se pensarmos em um pintor ou artista. Ele deve usar os pinceis, a tela e as tintas para criar uma bela pintura, mas ainda é o homem que deve fazer a pintura. É por isso que o Karatê também é uma forma de Arte.”

Hidetaka Nishiyama’Sensei

Texto acima na íntegra:

esquerda Masatoshi Nakayama'Sensei, centro Isao Obata'Sensei e direita 
Hidetaka Nishiyama'Sensei.