Seria muito mais simples e agradável
escrever textos atraentes, com palavras suavemente desenhadas para induzir o leitor
a ter uma visão otimista sobre a realidade atual do “Karatê” e assim acordando
ao descontrolado modismo da “competição” presente no dia a dia nestes tempos de
“conflitos” da “vida moderna”. Conflitos causados principalmente pela falta de
importância e desatenção aos aspectos morais na formação da conduta das pessoas
e da insignificância e o quase esquecimento que se concede a história, aos seus
antepassados e a sua consagrada sabedoria. Infelizmente é o que se constata de
forma crescente e desenfreada em nosso meio. Discordo veementemente das facilitações
de atitude que se constata quanto à responsabilidade e da crescente obstinação
pela vantagem sobre os demais simplesmente para a própria satisfação do “ego”
mundano, característica incansavelmente condenada pelas “artes marciais”
tradicionais. Como professor a mais de trinta anos, optei pelo que foi
“concretizado”, estabelecido em lei proferida e firmada ainda em vida aos seus
discípulos pelo próprio fundador do Karatê-Dô, de cuja longa linhagem me estabeleci
e constitui disciplina e, sobretudo a ética, valores fundamentais para a preservação
da sua essência imutável e reta. Lamentavelmente a realidade atual nos mostra a
conturbada e total miscelânea de organizações cujo papel principal é incentivar
e apoiar a competição e a insignificante disputa entre pessoas em nome de um
“esporte” que em verdade deveria se chamar de qualquer outra coisa, menos de “Karatê”,
justamente pela completa discordância de atuação quanto ao real objetivo, bem
como no que diz respeito à prática correta e do que é orientado por aí,
contrariando aos ensinamentos de O’Sensei Funakoshi seu fundador. Como em tudo
na vida, conforme o tempo passa se aprende muito sobre algo e também se aprende
muito “sobre alguns” em especial sobre o caráter, tal fato faz com que a grandiosidade
da obra se torne cada vez mais necessária e imperativa. Pouco importa se o
populismo é mascarado pelo ego inflamado dos verdes anos de muitos aloprados de
carteirinha, porem a causa maior da verdadeira finalidade do “Caminhar da Honorável
Arte” esta na certeza do seu conceito derradeiro e na consequente constatação
da consciência tranquila em fazer o que deve ser feito, sem questionar, sem bajular,
sem corromper e sem jamais parar de lutar honrando ao “Caminho”!
Prof. Sylvio Rechenberg