Porque existem pessoas querendo
lutar contra outras pessoas?
Lutar sem legitima razão,
simplesmente para derrotar o outro?
Derrotar por quê? Porque uma vida
se coloca perante outra, visando “conflito” por puro prazer?
Esporte provocando e alienando discórdia?
Que benefícios reais justificam tal ato? Em troca de medalhas, troféus, títulos
ou tolices do gênero? Nada provam além de um jogo que exclui!
Que exemplo formativo se obtém
aos leigos aspirantes ao “caos”?
E aos jovens que se espelham na
pura violência conforme o modismo das massas manipuladas pela mídia tendenciosa
e completamente mal informada, apoiando a decadência mascarada de “arte
marcial”?
Milhões se dedicam a salvar,
educar, valorizar, ou simplesmente cuidar, enquanto outros tantos em destruir
ao invés de edificar!
O corpo é um bem "precioso" emprestado para um espírito!
Uma obra prima, divina, composto
por um universo perfeito, singular, insubstituível, inigualável.
Milhões fazem desta “propriedade”
passageira, uma ferramenta construtiva.
Enquanto ferramenta, alguns mantêm
vigiada sua consciência, pois se do corpo a virtude se ocupar, será duradoura a
recompensa.
Mas se a fraqueza do ego for mais
forte que a virtuosa sabedoria, então de nada valerá qualquer tipo de esforço, pois
tudo é vaidade.
Enquanto criança, mantem inocente
a consciência, que logo se corrompe pelos modismos, culturas e os equívocos
humanos de toda sorte.
Pela baixa estima, muitos ocupam
seu corpo com coisas do ego e até se transformam por ele, causando sequelas
irreversíveis, irreparáveis para si e às vezes aos outros.
A verdadeira razão de lutar não
esta na disputa primitiva por uma condição na satisfação do ego, mas para que a
vida se manifeste por inteiro, com dignidade e harmonia, sem absolutamente nada
mais além de uma agradável sensação de paz, que por sua vez somente a
consciência pura consegue decifrar. Sem precisar competir ou comparar!
Tal estado não tem discórdia, nem
inveja, nem temor, nem falsidade, não tem rancor, nem maldade, nem cobiça, nem
ao menos ilusão, mas tem tudo que somente um “coração” é capaz de sentir, a autentica
gratidão sem segundas intenções ou interesses!
Gratidão por compreender que
somos todos iguais e preciosos perante “Deus” e que cada um de nós, como um
todo, tem a responsabilidade de atentar e lutar incansavelmente pela
transformação construtiva do “Ser” humano ao invés de mergulhar na irracionalidade
nociva do ego mundano, tipicamente exposta num clima de confronto de ocasião,
como numa competição de Karatê!
Quando O’Sensei Gichin Funakoshi
acrescentou a palavra “Dô” “Caminho”, a sua Honorável Arte passaria a
transformar valores, princípios e costumes enraizados profundamente no passado
da história, e desta maneira beneficiar milhões de pessoas em todo o mundo, que
se valham ainda hoje dessa ”Via”.
E foi com um coração bondoso e
repleto de responsabilidade pelo futuro das novas gerações é que idealizou e
fundou sua obra nos moldes de um caráter pacifico, mas disciplinado e inspirado
expressamente na retidão de conduta, o caráter!
Em meio às fraquezas do homem em
pleno terceiro milênio, ainda prevalece à vontade de ser mais e melhor do que o
semelhante em confrontos físicos diretos, ainda existe a necessidade de ferir
de alguma forma para satisfação da primitiva condição de poder, onde existe um
vencedor, um perdedor e “aloprados” colaboradores!
Um lamentável retrocesso nas
Artes Marciais do Oriente!
Os antigos mestres fundadores das
escolas no passado de tudo fizeram ao contribuir para apaziguar o instinto de
agressividade e a tendência natural ao caos e o conflito entre as pessoas,
através de métodos e sistemas sabiamente elaborados e criteriosamente
desenvolvidos para serem utilizados como ferramentas virtuosas na promoção da
Paz e da harmonia em sociedade, a favor do homem e em conformidade com a
natureza divina. Jamais por intermédio de qualquer tipo de competição ou entretenimento,
muito pelo contrário!
Como pode o equilíbrio do Oriente
ser tão barbaramente contaminado pelo
Ocidente? Como pode o Ocidente ter tanta necessidade de se autodestruir ao
invés de construir? Com toda certeza não se trata de Oriente e Ocidente, mas
unicamente de "pessoas" que ali se encontram de posse das circunstancias
apropriadas, para então se valerem das oportunidades de se popularizar e
enriquecerem as custas de um legado cultural e histórico! Coisa que naquele
tempo, em 1940 e novamente em 1941, O’Sensei Funakoshi já visionava e sabiamente orientava sobre o
fato, proibindo todo e qualquer ato que assim se caracterizava!
Prof. Sylvio Rechenberg