Nos “tempos de ouro”, por volta
dos idos dos anos '70, quando comecei a trilhar e vivenciar o “Caminho”, imperava a
vontade sublime, voraz, indômita, indescritível, insaciável de aprender,
estudar e praticar a honorável Arte maior do Karatê-Dô!
Praticava-se com “alma”, sangue,
suor e lagrimas, com agonia sem fim, tamanha a disciplina!
Onde os olhos eram espelho da
alma e se percebia o fascínio do despertar pela Arte!
Longe vai o dia em que se sentia
no ar a energia, o invisível, o sobrenatural obsessivo da força interior, que
vem das entranhas, do mais profundo do “Ser”, do incomparável querer saber
aprender sobre o “Caminho”!
Lá não tinha tempo, nem lugar,
nem condição, nem coisa alguma que impedia os sacrifícios!
Havia a certeza imutável da vontade
infinita e única do “aprender por aprender” para saber!
Empenhados de corpo, mente e
espírito, orgulhosos, leais a nossa “segunda família”, o Karatê-Dô!
A obediência, a hierarquia, o
respeito inquestionável, a honra ilibada, a imaculada conduta!
Não havia cansaço, nem desanimo, nem
dor alguma capaz de afastar-nos dos “castigos” da lição, a lição para a vida!
Lições vivenciadas com tanta
emoção, que o próprio cheiro do couro cru, da corda de sisal, da lona surrada, do
quimono encharcado, do assoalho gasto da madeira maciça, temperava nossos
sonhos e se enraizava na eternidade da nossa busca incessante, inquietante!
Sonhos movidos por um ideal, um
ideal apenas, um nobre ideal, sem precisar de estímulos, nem de elogios, nem de
motivações externas, mas “unicamente para ser um Karateka”, muito mais que vencedores,
mas Karatekas de verdade!!!
Prof. Sylvio Rechenberg