Atualmente, as escolas de “artes
marciais” se espalham por todo o mundo. No Brasil são inúmeras as linhas e
correntes dessas artes orientais a se multiplicarem sem par, quer sejam de
origem chinesa, coreana ou japonesa, enfim, o consumo pela população tem
aumentado assustadoramente. Quando se pergunta a um aluno o porque de ele
treinar “artes marciais”, logo vem aquela mesma resposta: “Bem, eu treino para
me defender, a violência tem crescido tanto nos últimos tempos!” Tal aluno encontra um ambiente propício, em
muitas escolas, para extravasar sua ira interna e preparar seu corpo para a
luta. As pessoas desde cedo são encorajadas e dirigidas para a competitividade! Nos discípulos mais jovens facilmente percebe-se as rivalidades brotarem,
treinam muito para serem os melhores, para conseguirem uma faixa e então exibi-la
como grau de capacidade e superioridade, enrijecem o corpo treinando seus
músculos com a intenção de tornarem-se mais fortes, chutam cada vez mais alto,
quebram o máximo de tijolos possíveis. Dessa maneira os discípulos mostram ao
público e as pessoas em geral, como sua arte é boa e melhor que da outra
escola. Desenvolvem técnicas e estilos e comparam com outros numa
competitividade para saberem qual é o melhor. Torneios são organizados para que
os alunos dessa ou daquela escola, desse ou daquele estilo, provem suas
eficácias e vençam mostrando a superioridade de suas técnicas e de suas
academias. Anos a fio venho observando, nas “artes marciais” em geral,
comportamentos de alunos e “mestres”. O universo da maioria das pessoas é muito
restrito, a sociedade em geral possui uma doutrina filosófico-social baseada no
materialismo bruto e grosseiro, em todos os níveis de relações ocorrem às
competições. As pessoas competem no trabalho, competem nas escolas, nos
vestibulares, nos esportes, na religião, nas ciências, os países competem economicamente
e sócio filosoficamente. O que importa as pessoas é encontrarem um “status” de
soberania e poder social, não importando os caminhos e as lutas travadas para se
conseguir tal feito. Em nosso mundo é necessário estar por cima e para estar
por cima é preciso vencer, pois, quando se esta por cima se é o vencedor e
existirá sempre alguém por baixo e muitos perdedores. No mundo materializado e
bruto em que vivemos, pouco resta para o espírito e a alma, contudo, as antigas
Artes da Mestria Oriental, caíram em total esquecimento por parte da maioria
dos praticantes atuais. Antigamente os modelos dos discípulos eram seus líderes
espirituais que sabiamente os conduziam à iluminação espiritual da alma. Hoje
os jovens praticantes têm como modelos e guias filmes medíocres onde, só
aparecem as lutas nuas e cruas dos tiranos do ódio, contra o aparente estado do
bem e do amor. Os filmes com respeito a “Shaolin” são indescritíveis, usa-se o
nome de “Shaolin” em títulos de quase todos os filmes. O consumismo de filmes
de “artes marciais” é como o consumismo de filmes pornográficos ou de títulos sem
aparente seriedade, fúteis. Nessas circunstâncias o jovem discípulo entra na
academia para treinar Kung-Fu, com esses modelos em mente, sua meta é ser tão
bom, forte e hábil quanto o astro do cinema, manejar armas brancas como
ninguém. Poucos são os instrutores e mestres com capacidades e conhecimentos
suficientes para introduzir e encaminhar o discípulo em outras direções, a maioria
dos instrutores não possuem uma formação espiritual e filosófica à altura,
sendo assim, sua escola será conduzida dentro dos padrões atuais da sociedade. Existem
muitas escolas com intuito altamente comercial onde os instrutores estão na maioria
do tempo preocupados com o número de alunos, para saber se o retorno será lucrativo
ou não. Desta maneira o nível de aprendizado tende a decair. O que fazer diante
de uma situação assim?
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