sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Reflexão!

Conforme a história de vida baseada na vivenciação familiar, na formação cultural, na orientação escolar, nas amizades e nas pessoas que conheceu e que conhece, que conviveu e que convive, o ser humano basicamente é movido de acordo com uma visão de mundo adquirida ao longo da sua história. Seu caráter é diretamente ou indiretamente influenciado por muitas coisas que o acompanham durante toda sua vida, e isso requer atenção redobrada e um cuidado muito especial, pois irá determinar sua maneira de pensar, ira definir o seu caminho e por vezes o seu destino. E quando procura uma academia de Karatê-Dō, qual será sua intenção ao fazê-lo, o que o motivou para aprender, e qual sua finalidade ao praticá-lo? Certamente porque de alguma forma se identificou com o que imaginava ser, talvez porque viu na televisão ou escutou alguém falar e que o incentivou. E talvez pense que aprender Karatê-Dō vai transformá-lo num “lutador”, num atleta, e que vai disputar medalhas e se tornar famoso. Talvez queira adquirir algum status e se sentir superior aos demais. Tudo isso é do ego, e não é disso que trata a Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi; no Karatê-Dō aprender é desprender o ego!

Prof. Sylvio Rechenberg

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Natal


Outra vez dezembro, e com ele se completa e se começa um novo amanhecer, e na linha do horizonte da vida na alma de todos nós, em meio à loucura do mundo, ali Habita, Cultiva e Emana a Providencia do Divino, e dali Sonda, Conspira e nos Fala baixinho sobre viver a esperança, sobre permanecer na Paz e sobre o eterno agradecer!
Desejo a todos da família da “Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi” um Feliz Natal e um Novo Ano com boa saúde, com muita sabedoria e que desperte o comprometimento, a responsabilidade, a fidelidade e a maturidade que o “Caminho” do Karatê exige e se faz por merecer!

Prof. Sylvio Rechenberg

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Relatos fundamentais de alguns renomados professores de outras escolas. (Parte III-A)

Onaga Yoshimitsu Kaichō’Sensei: Ti, Di ou Te ( mão)

sábado, 8 de dezembro de 2018

Como age o "homem da Via”!


Tomei a liberdade de expor aos leitores uma reflexão sobre as palavras de O-Sensei ao se referir sobre o “homem da Via (Caminho)”:

O’Sensei:  “Ao alcançar o 1°Dan inclina a cabeça, em sinal de reconhecimento!”

Reflexão: Sua compreensão da arte chegou ao ponto de observar e perceber em si mesmo uma transformação extraordinária, capaz de torná-lo mais seguro, prudente e esforçado.

O’Sensei:  “Ao alcançar o 2°Dan inclina-a ainda mais, em sinal de humildade!

Reflexão: Sua compreensão da arte o fez perceber que em seu coração não existe lugar para dois caminhos e que somente um o fará digno, merecedor e sincero.

O’Sensei: “Ao receber o diploma de 3°Dan, baixa a cabeça até ao chão, confuso, e sai discretamente; a tal ponto mede agora a distância que o separa da verdadeira perfeição!

Reflexão: Sua compreensão da arte agora já não se limita mais as suas necessidades, não se sujeita as imperfeições de um ego mundano, não se deixará iludir pela expectativa de sucesso, mas, na grandeza de um caráter imaculado, se esforçará ainda mais, e com uma sensação de profunda gratidão se basta, se torna parte do “Caminho” e segue adiante...

Obs.: No Karatê-Dō de O-Sensei’Funakoshi só existem cinco níveis de “Dan”. Cada degrau na ascendência destes níveis de formação tem seus atributos e suas responsabilidades conforme rege a sua doutrina. Ao estabelecê-la como “Via”, “Caminho”, O-Sensei’Funakoshi determinou que fosse concedido e reconhecido o 5° Dan como o nível mais elevado da sua ordem, e assim foi feito. Atualmente existem dois nomes de destaque mundial que foram alunos diretos de O-Sensei’Funakoshi que ainda preservam estes valores, honrando a memória do seu mentor; são eles, Tsutomu Ohshima’Sensei e Mitsusuke Harada’Sensei.

Prof. Sylvio Rechenberg

Texto original de O-Sensei na íntegra publicado neste blog em 2011.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

"Competição?"

Estudar Karatê-Dō não é confrontar, mas confrontar-se!

Porque existem pessoas querendo lutar contra outras pessoas?
Lutar sem legitima razão, simplesmente para derrotar o outro?
Derrotar por quê? Porque uma vida se coloca perante outra, visando “conflito” por puro prazer?
Esporte provocando e alienando discórdia? Que benefícios reais justificam tal ato? Em troca de medalhas, troféus, títulos ou tolices do gênero? Nada provam além de um jogo que exclui!
Que exemplo formativo se obtém aos leigos aspirantes ao “caos”?
E aos jovens que se espelham na pura violência conforme o modismo das massas manipuladas pela mídia tendenciosa e completamente mal informada, apoiando a decadência mascarada de “arte marcial”?
Milhões se dedicam a salvar, educar, valorizar, ou simplesmente cuidar, enquanto outros tantos em destruir ao invés de edificar!
O corpo é um bem "precioso" emprestado para um espírito!
Uma obra prima, divina, composto por um universo perfeito, singular, insubstituível, inigualável.
Milhões fazem desta “propriedade” passageira, uma ferramenta construtiva.
Enquanto ferramenta, alguns mantêm vigiada sua consciência, pois se do corpo a virtude se ocupar, será duradoura a recompensa.
Mas se a fraqueza do ego for mais forte que a virtuosa sabedoria, então de nada valerá qualquer tipo de esforço, pois tudo é vaidade.
Enquanto criança, mantem inocente a consciência, que logo se corrompe pelos modismos, culturas e os equívocos humanos de toda sorte.
Pela baixa estima, muitos ocupam seu corpo com coisas do ego e até se transformam por ele, causando sequelas irreversíveis, irreparáveis para si e às vezes aos outros.
A verdadeira razão de lutar não esta na disputa primitiva por uma condição na satisfação do ego, mas para que a vida se manifeste por inteiro, com dignidade e harmonia, sem absolutamente nada mais além de uma agradável sensação de paz, que por sua vez somente a consciência pura consegue decifrar. Sem precisar competir ou comparar!
Tal estado não tem discórdia, nem inveja, nem temor, nem falsidade, não tem rancor, nem maldade, nem cobiça, nem ao menos ilusão, mas tem tudo que somente um “coração” é capaz de sentir, a autentica gratidão sem segundas intenções ou interesses!
Gratidão por compreender que somos todos iguais e preciosos perante “Deus” e que cada um de nós, como um todo, tem a responsabilidade de atentar e lutar incansavelmente pela transformação construtiva do “Ser” humano ao invés de mergulhar na irracionalidade nociva do ego mundano, tipicamente exposta num clima de confronto de ocasião, como numa competição de Karatê!  
Quando O’Sensei Gichin Funakoshi acrescentou a palavra “Dō” “Caminho”, a sua Honorável Arte passaria a transformar valores, princípios e costumes enraizados profundamente no passado da história, e desta maneira beneficiar milhões de pessoas em todo o mundo, que se valham ainda hoje dessa ”Via”.
E foi com um coração bondoso e repleto de responsabilidade pelo futuro das novas gerações é que idealizou e fundou sua obra nos moldes de um caráter pacifico, mas disciplinado e inspirado expressamente na retidão de conduta, o caráter!  
Em meio às fraquezas do homem em pleno terceiro milênio, ainda prevalece à vontade de ser mais e melhor do que o semelhante em confrontos físicos diretos, ainda existe a necessidade de ferir de alguma forma para satisfação da primitiva condição de poder, onde existe um vencedor, um perdedor e “aloprados” colaboradores!
Um lamentável retrocesso nas Artes Marciais do Oriente!
Os antigos mestres fundadores das escolas no passado de tudo fizeram ao contribuir para apaziguar o instinto de agressividade e a tendência natural ao caos e o conflito entre as pessoas, através de métodos e sistemas sabiamente elaborados e criteriosamente desenvolvidos para serem utilizados como ferramentas virtuosas na promoção da Paz e da harmonia em sociedade, a favor do homem e em conformidade com a natureza divina. Jamais por intermédio de qualquer tipo de competição ou entretenimento, muito pelo contrário!
Como pode o equilíbrio do Oriente ser  tão barbaramente contaminado pelo Ocidente? Como pode o Ocidente ter tanta necessidade de se autodestruir ao invés de construir? Com toda certeza não se trata de Oriente e Ocidente, mas unicamente de "pessoas" que ali se encontram de posse das circunstancias apropriadas, para então se valerem das oportunidades de se popularizar e enriquecerem as custas de um legado cultural e histórico! Coisa que naquele tempo, em 1940 e novamente em 1941, O’Sensei Funakoshi  já visionava e sabiamente orientava sobre o fato, proibindo todo e qualquer ato que assim se caracterizava!

Prof. Sylvio Rechenberg

Texto publicado neste blog em 29/11/2015
http://shotokan-ortodoxo.blogspot.com/2015/11/estudar-karate-do-nao-e-confrontar-mas.html

domingo, 18 de novembro de 2018

Relatos fundamentais de alguns renomados professores de outras escolas. (Parte II-B)

Kiichi Nakamoto’Sensei (Goju-Ryu)

domingo, 11 de novembro de 2018

Karatê-Dō não é esporte!

Se O-Sensei’Funakoshi estivesse presente no mundo atual, com toda a certeza estaria profundamente desolado e com grande amargura no coração!
Sua intenção ao apresentar o seu amado Karatê-Dō ao mundo jamais foi de torná-lo um jogo, uma forma de competirem uns com os outros. Isso ficou bem claro já em 1940, quando O-Sensei’Funakoshi “proíbe os seus alunos de executarem o"Jiyu Kumite" pelo desejo de competição, por essa prática induzir a um espírito de violência e assim contrária à essência do Budō (contenção dos conflitos)!
Sua vida toda foi dedicada ao desenvolvimento de uma Arte que proporcione ao ser humano uma forma de conduta moral que promova a contenção dos conflitos o (Budō)! Onde através da disciplina desprovida do ego, se consiga alcançar em plenitude a gratidão pela vida em toda a sua graça e mistério, se tornando uno com a natureza divina. E isso não tem nada em haver com competição, com lutas pelo “pódio”, não tem nada em haver com lutar para “ganhar”!
“Ganhar” uma luta (jogo) significa que houve a intenção de lutar (jogar) e quando a intenção de lutar (jogar) se justifica pelo ego se criou um conflito. Portanto não é Budō (contenção do conflito)!
Não existe competição no Karatê-Dō de O-Sensei’Funakoshi, razão pela qual em 1956 abandonou a organização que ele mesmo ajudou a fundar.
E para aqueles que afirmam que “competir” é um meio para desenvolver suas habilidades é preciso dizer que quanto mais praticam para “competir”, mais se tornam “competidores” e quanto mais se tornam competidores mais se distanciam do objetivo real do Budō (contenção dos conflitos). E quanto mais se distanciam do Budō (contenção dos conflitos) mais difícil se torna compreender e assimilar corretamente sua doutrina, mais complicado fica abandonar o ego!
Não se luta (jogo) com alguém para "ganhar", e se “lutar” for preciso, se “luta” para preservar a vida, única e tão somente; esta é a doutrina de O-Sensei!

Prof.Sylvio Rechenberg 

O-Sensei'Funakoshi

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Relatos fundamentais de alguns renomados professores de outras escolas. (Parte II-A).

Kiichi Nakamoto’Sensei (Goju-Ryu)

 

domingo, 28 de outubro de 2018

Oriente e ocidente!

O respeito e a dignidade das pessoas bem como a disciplina e a hierarquia são quesitos básicos, pontos fundamentais para que o homem civilizado possa viver em paz e em harmonia! A civilidade do homem vai depender da cultura na qual ele está inserido, de onde formará seus valores e da qual mostrará suas virtudes! Assim também na Honorável Arte de O-Sensei, a conduta, a forma de agir, de se comportar, de se manifestar, de praticar e de vivenciar o seu “Caminho” dentro e fora de um Dōjo vai depender da compreensão que o estudante já tem que por sua vez depende do tipo de informação que este mesmo estudante teve a respeito, irá depender da sua formação, do seu caráter e em que se fundamenta o verdadeiro propósito da sua busca ao praticar o Karatê-Dō de O-Sensei’Funakoshi.

Prof. Sylvio Rechenberg

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Indico a leitura!


Atualmente, as escolas de “artes marciais” se espalham por todo o mundo. No Brasil são inúmeras as linhas e correntes dessas artes orientais a se multiplicarem sem par, quer sejam de origem chinesa, coreana ou japonesa, enfim, o consumo pela população tem aumentado assustadoramente. Quando se pergunta a um aluno o porque de ele treinar “artes marciais”, logo vem aquela mesma resposta: “Bem, eu treino para me defender, a violência tem crescido tanto nos últimos tempos!”  Tal aluno encontra um ambiente propício, em muitas escolas, para extravasar sua ira interna e preparar seu corpo para a luta. As pessoas desde cedo são encorajadas e dirigidas para a competitividade! Nos discípulos mais jovens facilmente percebe-se as rivalidades brotarem, treinam muito para serem os melhores, para conseguirem uma faixa e então exibi-la como grau de capacidade e superioridade, enrijecem o corpo treinando seus músculos com a intenção de tornarem-se mais fortes, chutam cada vez mais alto, quebram o máximo de tijolos possíveis. Dessa maneira os discípulos mostram ao público e as pessoas em geral, como sua arte é boa e melhor que da outra escola. Desenvolvem técnicas e estilos e comparam com outros numa competitividade para saberem qual é o melhor. Torneios são organizados para que os alunos dessa ou daquela escola, desse ou daquele estilo, provem suas eficácias e vençam mostrando a superioridade de suas técnicas e de suas academias. Anos a fio venho observando, nas “artes marciais” em geral, comportamentos de alunos e “mestres”. O universo da maioria das pessoas é muito restrito, a sociedade em geral possui uma doutrina filosófico-social baseada no materialismo bruto e grosseiro, em todos os níveis de relações ocorrem às competições. As pessoas competem no trabalho, competem nas escolas, nos vestibulares, nos esportes, na religião, nas ciências, os países competem economicamente e sócio filosoficamente. O que importa as pessoas é encontrarem um “status” de soberania e poder social, não importando os caminhos e as lutas travadas para se conseguir tal feito. Em nosso mundo é necessário estar por cima e para estar por cima é preciso vencer, pois, quando se esta por cima se é o vencedor e existirá sempre alguém por baixo e muitos perdedores. No mundo materializado e bruto em que vivemos, pouco resta para o espírito e a alma, contudo, as antigas Artes da Mestria Oriental, caíram em total esquecimento por parte da maioria dos praticantes atuais. Antigamente os modelos dos discípulos eram seus líderes espirituais que sabiamente os conduziam à iluminação espiritual da alma. Hoje os jovens praticantes têm como modelos e guias filmes medíocres onde, só aparecem as lutas nuas e cruas dos tiranos do ódio, contra o aparente estado do bem e do amor. Os filmes com respeito a “Shaolin” são indescritíveis, usa-se o nome de “Shaolin” em títulos de quase todos os filmes. O consumismo de filmes de “artes marciais” é como o consumismo de filmes pornográficos ou de títulos sem aparente seriedade, fúteis. Nessas circunstâncias o jovem discípulo entra na academia para treinar Kung-Fu, com esses modelos em mente, sua meta é ser tão bom, forte e hábil quanto o astro do cinema, manejar armas brancas como ninguém. Poucos são os instrutores e mestres com capacidades e conhecimentos suficientes para introduzir e encaminhar o discípulo em outras direções, a maioria dos instrutores não possuem uma formação espiritual e filosófica à altura, sendo assim, sua escola será conduzida dentro dos padrões atuais da sociedade. Existem muitas escolas com intuito altamente comercial onde os instrutores estão na maioria do tempo preocupados com o número de alunos, para saber se o retorno será lucrativo ou não. Desta maneira o nível de aprendizado tende a decair. O que fazer diante de uma situação assim?

Texto na íntegra no link abaixo:


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Relatos fundamentais de alguns renomados professores de outras escolas. (Parte I)

Meitatsu Yagi’Sensei (Goju-Ryu):

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

"Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão!"

“ Pode-se treinar por muito, muito tempo, se porém, apenas mexer as mãos e os pés e saltar para cima e para baixo como uma marionete, você nunca chegará à essência; você fracassará em captar a quintessência do Karatê-Dō! ”

Gichin Funakoshi'O-Sensei

terça-feira, 18 de setembro de 2018

"KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO!"

“ Situando-se o combate de Karatê entre a vida e a morte, não podemos treinar seriamente senão através das formas de combate “convencionais”, através das quais cada um se esforça por ultrapassar os seus limites! ”   Gichin Funakoshi’O-Sensei

O termo “Convencional”, utilizado no texto acima, está relacionado com a palavra “convenção”, que por sua vez, vem do Latim (conventio), que significa “concordância, acordo”, literalmente querendo dizer “seguir juntos”. “Convencional” expressa àquilo que segue ou resulta de um conjunto de hábitos, costumes, usos e que segue a tradição original. É o que está estabelecido pelo uso ou pela prática, são padrões já determinados!

“ Logo, assim como no Kihon e no Kata, quando se estuda e pratica o "Kumite", igualmente se fará através da exaustiva e rigorosa prática continuada e diligentemente dentro dos seus diversos níveis de estudo e formação continuada convencionais, sempre observando fielmente a devida ordem crescente de sua correta aprendizagem de aplicação, conforme orienta e determina o próprio fundador! Portanto, em se manter no "Caminho", somente assim se poderá compreender, vivenciar e colher os verdadeiros benefícios do terceiro “K” da trilogia que rege a Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi ! ”

Prof. Sylvio Rechenberg

sábado, 8 de setembro de 2018

Violência o reflexo da “liberdade”!

Hoje a violência cresce desenfreadamente no Brasil e também em muitas partes do planeta, um caos praticamente impossível de conter. E quanto mais cresce, mais pessoas se sentem acuadas, indefesas e completamente reféns de uma ordem mundial condizente com este fenômeno de massa que para muitos é um prato cheio para obter vantagens, fama, fortuna e poder!
O livre arbítrio próprio do ser humano da vasão a uma serie de atitudes e pensamentos nos quais a grande maioria das pessoas principalmente as menos esclarecidas, as desvirtuadas e as direta ou indiretamente influenciadas pelo sistema de manobras não estão preparadas para filtrar e muito menos assumir de uma forma equilibrada, responsável, diligente e condizente com a paz e com a harmonia universal para o bem viver em comum.
Portanto quando se observa, por exemplo, a atuação “descompromissada” dos meios de comunicação que deveriam ter uma atuação importantíssima na educação e na geração de uma cultura construtiva e de caráter formativo, ao invés disso se mantem preocupados com os índices de audiência e de popularidade de sua programação atendendo justamente as expectativas de uma ante cultura na qual se valoriza o que deveria ser fortemente combatido e evitado.
A desconstrução da ordem, da paz e da harmonia social é facilmente compreendida na medida em que se observa o domínio e o controle sobre o povo considerando suas próprias fraquezas, agindo e favorecendo o ego, o caráter duvidoso, a libido, os “direitos” equivocados, atiçando as discórdias, criando os modismos desacerbados, fomentando a libertinagem, a imoralidade, a perversidade e a inversão dos valores. As consequências da tal "liberdade" da qual me refiro.
É exatamente o que se vê na maioria das novelas, na programação dos filmes, em vários programas de auditório, nas “músicas” de baixíssimo nível, envolvendo “composições” da pior espécie, instigando a promiscuidade, as drogas, ao desamor, ao desafeto, a falta de respeito pelas leis, à perda dos bons costumes, o desrespeito aos mais velhos, aos pais, aos professores, vulgarizando a própria dignidade humana, fomentando o ódio, a cólera, a vingança, a degradação social em todos os seus aspectos, maculando a espiritualidade, o destemor a Deus, a idolatria ao corpo e assim por diante. É o que dá ibope e mantem a audiência em alta, é o que dá dinheiro e o que a maioria das pessoas se sentem atraídas e impulsionadas em assistir, escutar e compartilhar com outras pessoas.
As informações com características subliminares de uma mídia tendenciosa e do que tudo dela procede para uma pseudo orientação para quem dela se utiliza ou se norteia demonstra claramente os bastidores de uma politica de persuasão social onde quanto maior o conflito, maior a satisfação para quem vive pela "emoção" alheia.  
E como no Brasil e nos países do terceiro mundo a televisão e o rádio são os principais modelos da educação e da cultura do povo, certamente está se determinando uma forma de conduta na qual se manifesta uma clara predisposição em se comportar e de pensar conforme o que ali se diz, se mostra e se tenta incutir na cabeça destas pessoas.
Uma óbvia manipulação de interesses em instigar uma pseudoliberdade na qual se pode tudo e onde a moral e os bons costumes atrapalham mais do que ajudam a mantê-los no “controle” gerando os conflitos e em consequência disto a decorrente violência urbana.
O Karatê-Dô de O-Sensei’Funakoshi tem sua doutrina de auto aperfeiçoamento construtivo embasada na prática diária e na manutenção dos valores morais que esta mesma prática acentua e cultiva na virtuosa capacidade de olhar o seu semelhante como uma extensão de si mesmo e assim alcançar a harmonia por excelência tão necessária para vivenciar a Paz!
E um dos lemas deste "Caminho" construtivo da Honorável Arte é a “fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão!”, nos ensinando em evitar todo e qualquer forma de conflito, pois qualquer que seja sua inspiração, lá se dará a desunião, a desarmonia e a injustiça, pois onde começa o conflito a primeira vitima é a razão!

Prof. Sylvio Rechenberg

terça-feira, 28 de agosto de 2018

A luta!

No Karatê-Dô de O-Sensei, quando o conflito se manifesta se rompe a harmonia e quando a harmonia se manifesta se finda o conflito!
Aquele que busca o conflito jamais encontrará a harmonia e aquele que busca a harmonia jamais entrará em um conflito!
Existem duas formas de lutar, a escolha está diante de nós todos os dias!

Prof. Sylvio Rechenberg

sábado, 18 de agosto de 2018

“Kumite” e os métodos modernos.

Algumas fundamentadas orientações servem de reflexão!

Gichin Funakoshi’O-Sensei (Shotokan):
"Kumite não existe além do “Kata”... apenas como parte do “Kata”!".
"O Karatê, até o fim, deve ser praticado com o “Kata” como o método principal, e a luta (Kumite) como método de apoio!".
“A luta não deve ser aplicada para o aluno iniciante!” (Funakoshi, 1935/1973, p.113)

Kanbun Uechi’Sensei (Uechi Ryu):
“O Kumite não pode ser praticado com um espírito competitivo… nem mesmo durante o treinamento”, mas (somente depois que o “Kata” for aprendido corretamente e de no mínimo 3 anos de estudo e sempre o “Kata” como a pratica principal!) (Matteson, 1974, p. 323)

Kanki Izumigawa’Sensei (Goju Ryu):
“Kata” é Karatê, Karatê é “Kata”! (Matteson, 1974, p. 443)

Katsuya Miyahira’Sensei (Shorin Ryu):
“A luta é essencial para o desenvolvimento, mas só quando vem do “Kata”… ninguém luta até que esteja no nível de (Sandan - 3º Dan) ou acima!” (Matteson, 1974, p. 448)

Shoshin Nagamine’Sensei (Shorin Ryu):
“A luta de forma livre é inadequada e desenvolve maus hábitos para uma formação correta!”
Somente, “estudantes muito avançados podem lutar livremente, porem ainda de uma forma limitada… mas somente sob cuidadosa supervisão!”. (Matteson, 1974, p. 451)

Ansei Ueshiro’Sensei (Shorin Ryu):
 “A prática do Kumite deve ser a segunda prática do “Kata”… utilizando-se técnicas ego centradas como nos campeonatos, desenvolvem maus hábitos!” “ A luta pré-organizada é mais propícia ao desenvolvimento de um karateca proficiente!” (Cummins & Scaglione, 1985, p. 44)

Choki Motobu’Sensei:
“Kumite tem sido usado em Okinawa e na China desde os tempos antigos, mas deve ser feito por aqueles que tem o “entendimento completo” da arte do Karatê” (Motobu, 1995/1926, p. 37)

Seiki Arakaki’Sensei (Shorin Ryu):
"A luta deve ser parte do treinamento, mas não como forma de competição ou de esporte!" (Bishop, 1989, p. 68)

Shoshin Nagamine’Sensei:
“O Zen é negligenciado por causa do treinamento esportivo…” (Matteson, 1974, p. 451) “O estudo e a prática do Karatê não devem ser como um esporte, mas como uma arte marcial! ”(Nagamine, 1976/1998, p. 29)

Mitsugi Saotome’Sensei:
“Ensinar um Caminho marcial competitivo não é o ensino da verdade!”; “Budo não é um jogo!” (Saotome, 1986, p. 136)

Kenko Nakaima’Sensei:
“As competições japonesas de Karatê esportivo são irreais, já que a velocidade é tudo que se precisa para vencer!” (Bishop, 1989, p. 22)

Eiichi Miyazato’Sensei:
"O Karatê esportivo é bobo e injusto!" (Bishop, 1989, p. 33)

Seiki Arakaki’Sensei:
“Nas verdadeiras artes marciais, diferentemente dos esportes, não há regras!” (Bishop, 1989, p. 68)

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Componentes intrínsecos na prática efetiva!


sábado, 28 de julho de 2018

Heian Shodan

Heian Shodan era originalmente uma prática ortodoxa e deveria ser mantido exatamente desta forma! Esta é a forma original de Shaolin e nossa prática de Kata favorita. É um Kata muito autêntico e todo o movimento deve ser feito e expressado com grande dinamismo e um sentimento próprio!

Heian Shodan é um dos Kata mais antigos, talvez com 800 a 1000 anos de idade. Escolas no sul da China e Okinawa têm Kata que são muito semelhantes ao Heian Shodan. Anko Itosu’Sensei, professor direto do O-Sensei’Funakoshi, reorganizou todos os Kata da série Heian há cerca de 100 anos para ensiná-los nas escolas de Okinawa. Mas Heian Shodan é o mais antigo Kata dos (Heian), tendo sido criado em algum lugar no sudeste da Ásia. Por mil anos, muitos mestres praticaram esse Kata, o mais simples, e toda vez encontraram algo diferente nele. Durante toda sua vida eles tentaram poli-lo. Portanto, os professores devem de maneira séria, honesta e sincera , tentar fazer o seu melhor, mostrando este Kata e pratica-lo junto com os seus iniciados.

Quando estudamos o Heian Shodan, espero que todos tenham novas experiências, um novo ponto de vista, e não "Oh, ainda estamos fazendo a mesma coisa". Devemos sempre tentar olhar para o Kata e para nós mesmos de diferentes pontos de vista. Caso contrário, faltar-nos-á compreensão sobre o Kata. E se perdermos a oportunidade de olhar para nós mesmos, sentiremos a falta do propósito da nossa vida!

Pensamos: "Ah, eu conheço esse Kata", mas na verdade não o conhecemos. Sempre que fazemos essa forma em cada Kata, precisamos encontrar alguns novos elementos. Nunca devemos nos deixar sentir “acomodados”. Esse Kata, por ser tão fundamental, é um dos Kata mais difíceis, eu penso. Além disso, cada movimento deve ser correto, realista e limpo. Cada Kata deve ser unificado com uma sensação! Devemos lembrar: ninguém ainda pôde fazer um Heian Shodan perfeito! Além disso, é nosso objetivo fazer um perfeito e completo Heian Shodan. Uma defesa, uma posição, todos devem ser educados, refinados, perfeitos, realistas e belos. Esta é a prática do Heian Shodan!

Tsutomu Ohshima'Sensei

quarta-feira, 18 de julho de 2018

O-Sensei'Funakoshi

domingo, 8 de julho de 2018

"Tudo vem dos Kata!"

"... O objetivo da prática do Kata não é memorizar a ordem das formas ... “Kata” eram originalmente o único método de treinamento em Karatê. Depois nós dividimos os Kata em técnicas básicas ... Mais tarde queríamos aplicar “Kata” com parceiros para se preparar para um combate real, então inventamos o kumite, mas todos os nossos princípios, todo o nosso kumite, tudo vem dos Kata! " 

Tsutomu Ohshima’Sensei
Ohshima'Sensei (Ten no kata)

quinta-feira, 28 de junho de 2018

A lição diária!

Pratique o seu Kata, estude-o, observe a sua característica antes de começar, cada Kata tem sua particularidade e finalidade próprias. Sinta-se envolvido pela essência que o rege e que lhe da vida própria. A intenção ao realiza-lo é de fundamental importância! Em trazer à tona a forma conceitual com que as antigas gerações já manifestavam na sua prática tradicional. Adquirindo uma vasta complexidade de benefícios, mas que somente são percebidos mediante uma prática disciplinada e constante, e com o mesmo foco com que um dia foram perpetuados!

Prof. Sylvio Rechenberg

segunda-feira, 18 de junho de 2018

De um ex-aluno de O-Sensei.

Procure um bom professor e acima de tudo, treine!
Todos os dias encontro novas coisas no Karatê-Dô!
Não é que eu tenha inventado alguma coisa, elas já estavam lá!
O que acontece é que à medida que você evolui você encontra e entende as coisas.
Coisas que antes eram inimagináveis para você.

Taiji Kase’Sensei

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Taikyoku.

Taikyoku é um termo filosófico que se refere ao *macrocosmo antes de sua distinção no céu e na terra: consequentemente, o caos, ou o vazio.

*Macrocosmo: Doutrina filosófica que preconiza a correspondência entre as partes constitutivas do Universo e as partes constitutivas do homem, que tem o Universo como um todo orgânico integrado, em oposição ao ser humano; cosmos.

“ A visão Védica associa o universo inteiro ou macrocosmos com a pessoa cósmica ou Purusha, com o corpo humano sendo uma réplica ou miniatura, um microcosmos. Isso significa que o mapeamento dos campos de energias no corpo humano reflete aquele do universo como um todo. ”

Dr. Subhash Ranade

segunda-feira, 28 de maio de 2018

A escola de O'Sensei!

..." A verdade e o poder do Zen consistem na sua simplicidade e no seu caráter prático”. Em outras palavras, o Zen, assim como o Karatê-Dô, se fundamenta “na experiência e não através de abstrações”, pois “a menos que brote de ti mesmo, nenhum conhecimento é realmente teu. É somente uma plumagem emprestada”. ...“ Pode-se explicar a água, mas nem por isso a boca ficará molhada. Podem se fazer longas dissertações sobre a natureza do fogo, mas a boca não se aquecerá. O alimento pode ser definido em poucas palavras, mas isso não basta para aliviar a fome”.

Portanto, o Karatê-Dô ( Budô ), como sabedoria de vida ou modo de vida, embora possua características e similaridades a filosofia, enquanto análise, questionamento, indagação, reflexão sobre o conhecimento produzido e sobre o mundo, não possui seu alicerce na racionalidade ocidental, mas ao contrário, encontra-se centrado na sabedoria oriental, no qual se privilegia a compreensão e contemplação do mundo através da experiência pessoal cotidiana!

*Parte do texto publicado neste blog em 2009.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Onde perder é ganhar!

Compreender e seguir no "Caminho" do legado de O-Sensei é uma jornada vitalicia e quanto mais avançamos nas suas pegadas, mais humildes, mais sinceros, mais conscientes, mais diligentes e mais realizados nos sentimos; e menos rivais, menos violentos, menos imprudentes, menos ansiosos, menos vaidosos, menos arrogantes, menos ambiciosos, menos egoístas, menos invejosos, menos apegados e menos agressivos nos tornamos! 

Prof. Sylvio Rechenberg

terça-feira, 8 de maio de 2018

O "Norte"!

Muitas pessoas vêm ao Dôjo sem conhecerem o que estão procurando, sem terem noção do que significa aprender Karatê-Dô, sem ao menos uma compreensão aproximada do que ali irão encontrar e aprender para levarem para sua vida.
A grande maioria pensa em luta, em competição, pensa em ser mais e melhor que os outros, pensa em se tornar “campeão”, em ganhar medalhas, troféus, aplausos, reconhecimentos e títulos passageiros, essas coisas do ego e típicas do pensamento ocidental.
O fundador do Karatê-Dô, O-Sensei’Gichin Funakoshi o idealizou para que fosse praticado nos quatro cantos do planeta e por todas as pessoas, por todas as culturas, por todas as raças, por todas as etnias, ensinado no mundo inteiro, mas sem competição, sem rivalidades, sem qualquer tipo de disputa, sem absolutamente nenhuma pretensão de se valer da fraqueza do outro, sem jamais se sobrepor ao outro, sem qualquer tipo de sentimento de superioridade, de inveja ou de orgulho por ter derrotado alguém numa luta, sem nenhum sentimento de soberba, de arrogância, de prepotência, sem nenhum sentimento que mensurasse, sem nenhum sentimento que comparasse ou que definisse propósitos vãs, sem nenhum sentimento com valores inversos aos que ele, O-Sensei definiu, orientou e determinou como a base, o fundamento, o alicerce e a diretriz de sua doutrina, confiada ainda em vida aos que por intermédio  dele receberam a grande missão de preservar seu legado!
Aprender o Karatê-Dô de O-Sensei é aprender a se tornar uma pessoa virtuosa e em paz consigo mesmo e com o mundo que a rodeia, mas não como centro das atenções ou como um tolo esportista aspirando ao pódio, mas como parte construtiva de um processo universal de pacificação e de unidade nos aspectos (espiritual, mental e físico), cada vez mais determinado tornando-se inviolável, intocável, incorruptível, indivisível e absolutamente realizado e feliz por seguir no “Caminho” correto da Honorável Arte!

Prof. Sylvio Rechenberg

sábado, 28 de abril de 2018

Divergentes!


O espírito deve ser moldado de acordo com a natureza original do espírito! Uma vez que se abre o leque do ego mundano que habita enrustido nas profundezas do coração e da mente humana, ainda que em níveis diferentes de uma cultura para outra, emerge mais que depressa o monstro adormecido com seus tentáculos de alienação, ostentação e astucia, para se fazer valer nos subterfúgios, nos atalhos e nos descaminhos de um caráter duvidoso para um proveito próprio em detrimento dos demais! Ali está parte do que O-Sensei'Funakoshi advertia ao proibir terminantemente a competição como prática no Karatê-Dô! A vaidade e a cobiça nos acompanham latentes, silenciosamente a espreita deste que o mundo é mundo! Entenda-se a mente do fundador, o seu grande temor e sua profunda angustia ao final de sua vida com o estado deplorável que o mundo do Karatê já lhe sinalizara, completamente desvirtuado e corrompido com uma cultura populista e dos interesses afins! Que o "Caminho" que trilhamos seja sempre o correto e que embora discreto e ainda que insignificante aos olhos do "mundo", mas enraizado profundamente nos alicerces originais da Honorável Arte que tanto prezamos e cultivamos!

Prof. Sylvio Rechenberg

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Vigília de “Shoto” (26-04-1957)

Hoje se completam 61 anos do falecimento de O-Sensei!
Se você é um Karateka reflita em silêncio:

Por volta de 1914/15, um grupo de instrutores, incluindo O-Sensei’Funakoshi, percorreram a ilha de Okinawa e fizeram as primeiras demonstrações públicas do "Karatê-Dô" que na época ainda se denominava "Toudi (To-de)". Alguns anos mais tarde, em 1922, O-Sensei deixou sua terra natal, e atravessando os mares para bem longe dali, em Tóquio fazer uma apresentação no Departamento de Educação Física local, sendo a partir daí convencido a permanecer em Tóquio e divulgar a sua Honorável Arte por todo o Japão. Ele acreditava que seria uma grande oportunidade para torná-la mais conhecida e por isso concordou em ficar.

Mas foi no final da década de 1940 que o seu Karatê-Dô teve uma grande cisão e começou a se dividir, muitos de seus alunos tinham diferenças de opinião e abandonaram a escola original para iniciarem suas próprios escolas já com outro olhar e interesses contrários aos do próprio fundador. Através de muitos relatos daqueles que saíram, isso aconteceu principalmente pelo fato dos exercícios se limitarem as rotinas de luta trabalhadas por etapas controladas conforme a rigorosa orientação e a disciplinada supervisão de O-Sensei e por serem proibidos de promoverem contendas de qualquer espécie. Muitos desses alunos, principalmente os mais novos interessados principalmente em lutar e competir achavam que isso limitava o crescimento do Karatê e foi onde a maioria de seus alunos deixaram a (Escola de Shoto) e iniciaram sua própria associação. A competição jamais foi tolerada por O-Sensei, pois ele já naquela época estava muito preocupado com este tipo de “karatê esportivo” que corrompia totalmente os seus princípios e os seus ideais contrariando o verdadeiro propósito para o qual foi criado! O fato é que nenhuma escola, nem mesmo a escola fundada por O-Sensei'Funakoshi, ensina Karatê-Dô como ele ensinou!

Muitas pessoas tem uma visão totalmente equivocada, distorcida e romantizada sobre a vida de O-Sensei, mas a sua vida além de muito sacrifício tinha muita tristeza e amargura. Sua dedicação em difundir o seu amado Karatê-Dô o separou de sua querida esposa durante grande parte de sua vida. Ele viu seu filho Yoshitaka (Gigo) Funakoshi’Sensei morrer de tuberculose. Ele viu o medo em muitos de seus alunos antes de partirem para a guerra, e nos últimos meses da guerra foi testemunha do recrutamento forçado de todos os seus alunos do sexo masculino com 15 anos ou mais de idade. Ele presenciou a destruição do seu primeiro Dojo por bombardeios. E com muita tristeza, profunda angustia e grande desilusão por não concordar com os desígnios que o seu Karatê-Dô estava seguindo em sua própria organização decidiu romper sua relação com o próprio grupo que ajudou a fundar. E em seu último ano de vida, ele escreve sobre suas preocupações com a direção que o Karatê-Dô estava tomando e da sua incapacidade de influenciá-lo.

Portanto, compreender e acatar com fidelidade suas determinações doutrinárias que norteiam a formação ideológica da Arte, acolhendo de coração o seu principal propósito de se manter longe da disputa e da prática competitiva conforme foi sempre a sua orientação mais rígida, torna legitima a preservação do seu legado, independentemente de qual linhagem se origina a iniciação, preservando e valorizando o seu ideal maior e assim mantendo com honradez, dignidade, ética e sabedoria o que a sua Honorável Arte tem de mais precioso, a contenção do conflito, o (Budō)!

Prof. Sylvio Rechenberg

    Registro do funeral de Yoshitaka Funakoshi 
   (O-Sensei ao lado de esposa,familiares e alunos)

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Princípios!

A Honorável Arte de O-Sensei’Funakoshi é uma ferramenta milenar na qual se busca atingir um estado de excelência pessoal onde nada é tão nocivo quanto à primitiva satisfação do ego!

Prof. Sylvio Rechenberg

domingo, 8 de abril de 2018

“Hito Kata san nen” (一型三年)

Sempre que eu pratico Kata, uma das histórias favoritas de meu professor vem à minha mente!

Um dia um aluno de arco e flecha estava praticando no Dojo e de repente ele pensou:
“Vou eliminar o primeiro movimento, o de esticar a mão para cima antes de puxar o arco e então atiro as flechas o mais rápido que eu puder. E como agora o Sensei não está presente no Dojo, ele não poderá cobrar que eu realize todos os movimentos como ele sempre faz. Ele é muito exigente com relação à execução completa no Kata! Estou feliz que ele não esteja aqui nesse momento, afinal Kata não é tão importante assim ”.

Então o estudante pegou duas flechas e as atirou o mais rápido que pôde, eliminando o primeiro movimento do Kata. O estudante acertou o alvo e ficou muito satisfeito consigo mesmo. Como ele estava se vangloriando do feito, seu Sensei, que estava na biblioteca logo ao lado do Dojo, entrou e advertiu o seu aluno por eliminar o primeiro movimento. O Sensei, um mestre Zen, já sabia o que o aluno tinha feito mesmo sem estar no Dojo!

Então seu Sensei disse para ele:
“A prática deve ser mantida a mesma em todos os momentos, mesmo que ninguém esteja assistindo ou supervisionando! É preciso praticar para si mesmo! Você não está praticando para mim ou para a sociedade, você está praticando para si mesmo - para o seu auto aperfeiçoamento e conscientização, se você eliminar ou adicionar movimentos ao Kata, você está enganando a si mesmo, não a mim!

Muitos estudantes de Karatê não sabem que a eliminação ou adição de movimentos a um Kata original mostra total desrespeito ao “ryu” (escola ou estilo) que eles estão estudando! Se tais estudantes estão insatisfeitos com a sua escola (ryu), eles devem sair!

A culpa pela “mutilação” do Kata existente e a criação de novos é de dois tipos de indivíduos. Ambos os tipos, no entanto, são os produtos da era *ocupacional do Japão, Okinawa e Coréia (*durante e pós segunda grande guerra).

Por um lado, existe o tipo de indivíduo que alcançou um grau de proficiência nos aspectos mecânicos da arte. E retornando do Oriente, ele abre sua própria escola no mundo Ocidental. Ou ele não aprendeu seus Kata corretamente o suficiente, ou então ele se esqueceu deles e seus Kata são bastante improvisados.

Por outro lado, há o tipo que aprendeu com o primeiro tipo e que posteriormente abre sua própria escola. Esse indivíduo depois de ganhar alguns “campeonatos de kumite” cria o seu próprio Kata com base em sua “fantasia” de que ele é um grande professor, um verdadeiro grande mestre. Para ele Kata nada mais é que uma “dança” ou uma formalidade. Porem nada está mais longe da verdade, mas lamentavelmente dentro daquele “reino de sua experiência” e consciência isso é tudo o que conta ou o que importa para ele.

“Hito-kata san-nen” de Yasutsune Azato’Sensei, significa “três anos para um Kata”! 
Mas muitas pessoas diriam: “Que absurdo, três anos para um Kata, porque eu poço aprender e fazer um Kata em questão de semanas.

Empiricamente, os mestres sabiam que a realização de um Kata requer sangue, suor e lágrimas! Eles sabiam que não podiam produzir uma “maravilha em 90 dias”! Todas as experiências demonstram para o fato de que isso exige uma fé determinante, tenacidade e muito trabalho, para conseguir dominar realmente um Kata! Então três anos é como um tempo mínimo para dominar um Kata e para produzir no estudante uma consciência real do que isso significava!

O Kata é Karatê e Karatê é o Kata! A compreensão adequada de um Kata ajuda a encher a taça da vida com água limpa, não água suja! Sem a orientação do professor e a pratica correta do Kata, o aluno não consegue distinguir entre água limpa e água suja! O Kata ensina habilidades de luta e de vida ao mesmo tempo! O objetivo do Kata é tornar o indivíduo “Um” com o universo! Como ele sintoniza com o Kata, ele está, no final, em sintonia com ele mesmo!

(texto sintetizado)

                                   
Shigeru Egami'Sensei entre 1936/37 (Taikyoku shodan) 

sábado, 31 de março de 2018

Páscoa de 2018


Que na Páscoa sagrada o mistério da ressurreição encontre morada nos corações desprovidos do espírito e que a essência divina se manifeste numa Paz duradoura renovando a Fé e a gratidão pela vida!

Prof. Sylvio Rechenberg

Feliz Páscoa!

quarta-feira, 28 de março de 2018

Legitimidade!


A tua prática deve estar concentrada primeiramente na intenção muito mais do que na ação!
“O espírito é mais importante que a técnica!” (O-Sensei’Funakoshi)
O que vai determinar toda a diferença com o teu amadurecimento no Karatê- Dō é o que você sente ao praticá-lo, o que te move e o que te faz agir no Dōjo e fora dele, no teu dia a dia, justamente o que irá justificar o teu comportamento no “Caminho” verdadeiro!
Ação sem um estado de espirito adequado, sem o envolvimento da “intenção”, nada mais é do que um exercício de ginástica, um movimento mecânico, uma típica repetição de adestramento corporal e nada além disso.
O Karatê- Dō de O-Sensei tem uma premissa exclusiva e fundamental que é o envolvimento “psico-emocional-espiritual” em toda e qualquer ação, desde o inicio até o final de toda a sua pratica!
Compreender isso requer sacrifício extremo, rigorosa disciplina e dedicação vitalícia!

domingo, 18 de março de 2018

Agradeça!


Agradeça a Deus pela graça de poder respirar e se movimentar livremente;
Agradeça por receber a inspiração em praticar com dignidade e virtude;
Agradeça pela capacidade de compreender e de vivenciar o “Caminho” a cada dia;
Agradeça o estar presente de tudo que te rodeia e que te move em seguir adiante;
Agradeça ao adentrar e agradeça ao sair da tua casa e do teu Dōjo;
Agradeça no inicio e no final de todas as coisas;
Agradeça na presença e na ausência dos demais;
Agradeça teus acertos e os teus erros em cada lição;
Agradeça o sentimento de gratidão que te torna mais humilde e te faz aquietar;
Agradeça pela paz que se manifesta em ti!

Prof. Sylvio Rechenberg

quinta-feira, 8 de março de 2018

Como você pratica seu Karatê-Dō?

Relembrando uma antiga lição de Matsumura’Sensei:

" É essencial compreender o verdadeiro significado do treinamento de uma arte marcial. Eu especifico essa atitude abaixo e você irá compreendê-la melhor.

Em primeiro lugar, os caminhos do “estudo” e da “arte marcial” são baseados num mesmo princípio; e cada “Caminho” tem três espécies.

As três espécies no “Caminho do estudo” são: (estudo da literatura; exegese, estudo analítico detalhado e cuidadoso; e o estudo do confucionismo).

O estudo da literatura: consiste em dedicar-se, concentrando-se nos belos escritos e é válido para obter uma melhor situação social e uma boa renda.

O estudo "exegese" (analítico detalhado e cuidadoso): visa compreender melhor o significado dos textos confucionistas e ensinar aos outros. É um estudo para um melhor conhecimento, mas através dele não se pode aprofundar no “Caminho”.

Estes dois estudos só permitem obter honras nas letras e não os chamo de estudo real!

O estudo do confucionismo: consiste em conhecer o essencial de tudo no “Caminho”, transformar a própria vontade, corrigir a mente e, desse modo, administrar a família, governar o país e manter a paz. Este é o estudo verdadeiro, o estudo que se adéqua a um confucionista.

As três espécies no “Caminho da arte marcial” são: (a arte marcial do intelectual, a arte marcial do pretensioso e a arte marcial do Budō).

Na arte marcial do intelectual: pensa-se nos diferentes modos de treinamento e que se muda com frequência sem se aprofundar em nenhum. Muitas técnicas são praticadas, mas a prática é como uma dança e não podemos aplicá-las em combate. São bastante superficiais.

Na arte marcial do pretensioso: movimenta-se muito sem realmente treinar, mas muitas vezes fala de suas façanhas gloriosas. Subjugando e confrontando os outros. Dependendo das circunstâncias, arrisca a se destruir ou desonrar a sua família.

Na arte marcial do Budō: alcançamos coisas por uma elaboração permanente e constante, permanecemos calmos mesmo quando os outros estão agitados e ganhamos amansando o espírito do oponente. Ao se amadurecer na arte, se consegue manifestar as habilidades superiores e sutis de uma pessoa, estar tranquilo e sereno em qualquer situação, não estar descontrolado. E se é leal, lealdade ao seu senhor e a seus pais, capaz de se tornar um tigre feroz ou uma águia virtuosa; com a velocidade de visão de um pássaro, você pode derrotar qualquer inimigo.

O objetivo da arte marcial é conter a violência, tornar os soldados pacíficos, proteger as pessoas, desenvolver a qualidade do individuo, assegurar a tranquilidade das pessoas, criar uma harmonia entre todos e depois beneficiar a sociedade.

Estas são as sete virtudes da arte marcial de que Confúcio exalta. Assim, o princípio é único para o “estudo” e para a “arte marcial”. Inútil são as artes marciais do intelectual e dos pretensiosos!
Eu quero que você continue, no sentido da “arte marcial do Budō”, e seja capaz de reagir adequadamente às situações conflitantes e dominá-las.
Eu escrevi acima sem qualquer hesitação, porque é com esse espírito que você deve continuar a aprofundar seu treinamento! "

Obs.: Texto sintetizado!
Matsumura Sōkon (松村 宗棍)

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Budō (Uma arte para a vida!)

"Segundo Gichin Funakoshi’O-Sensei, situando-se o combate de Karatê entre a vida e a morte, não podemos treinar seriamente senão através das formas de combate convencionais, através das quais cada um se esforça por ultrapassar os seus limites."

Admitindo que a vida é luta, duas perspectivas se pode colocar:

Podemos pensar nela como uma luta pelo pódio onde é preciso subir, custe o que custar, vencendo para isso os nossos semelhantes vistos como competidores.

Ou podemos vê-la como uma luta pela “Vida” que se pode percorrer em harmonia e respeito pelos outros, parando o conflito (Budō) e sabendo usar a nossa força e a do nosso semelhante com benefícios mútuos!

José Patrão’Sensei

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O coração do Karatê-Dō!

" O mestre’Funakoshi era solicitado frequentemente pelos exemplos descritos na sua requintada caligrafia, e uma das expressões que costumava escrever e apresentar aos outros era: "Não vá contra a natureza". Essas palavras, que têm um significado profundo, transmitem uma máxima para ser estritamente observada.

É difícil definir a natureza em palavras. O sol, a lua e as estrelas são parte da natureza, assim como o homem, a própria existência e o movimento de todas as coisas. As flores que florescem na primavera e as folhas que caem no outono são fenômenos naturais, assim como o nascimento de um homem, seu crescimento e envelhecimento, e sua morte. Terra, água, fogo, vento, neve e chuva são partes da natureza, da qual temos muito a aprender. Mas não importa o quanto o homem se opõe a natureza, ele não tem a menor chance de ganhar.

Em nossos movimentos físicos, existem aqueles que são naturais e outros que não são. Através da prática, podemos aprender a diferenciar entre os dois e também aprender a adquirir movimentos naturais. Nós também devemos aprender o poder que a natureza nos dotou e como usá-lo, pois um homem tem uma grande força oculta de que ele não conhece. O exemplo das proezas prodigiosas de força e resistência exibidas durante períodos de estresse, como nos incêndios e inundações, vem à mente. Esses são às vezes descritos como "super-humanos", mas será isso realmente o caso? Embora a pessoa que realizou tal façanha não tenha consciência de que ela possuía tal poder, acredito que tais poderes são a doação da natureza e podem ser desenvolvidos por alguém que treina com seriedade e com perseverança.

Gostaria de colocar uma questão muito crucial: se em vez de se opor aos movimentos do seu oponente, você se harmonizar com ele de forma natural, o que aconteceria? Você descobrirá que você e ele se tornaram como um, e que, quando ele se move para atacar, seu corpo se moverá naturalmente para evitar o golpe. E quando você se tornar capaz disso, você descobrirá um mundo completamente diferente que você não sabia que existia. Quando você é como “um” com seu oponente e se move naturalmente com ele sem oposição, então não existe como um atacar primeiro. O significado de “Karate ni sente nashi” (* "Não existe primeiro ataque no Karatê") não pode ser entendido até que você alcance esse estado. (*sobre o espírito de agressão!)

Através da cortesia, você terá uma atitude humilde com relação ao seu oponente em treinamento e irá agradecê-lo. Sem essa atitude, não pode haver treinamento no sentido verdadeiro. Mas se o seu objetivo é bater seu oponente sem sentido, você não pode atingir esse estado. No treinamento e na prática reais, a raiva, o ódio e o medo estão completamente ausentes. É importante saber que não se pode abrigar intenção homicida, nem inimizade, nem oposição, nem resistência, contra o oponente. Quando você alcança este estado, você se tornará “um” com seu oponente e você poderá se mover naturalmente de acordo com seus movimentos. Isto, então, é o objetivo, fisicamente e espiritualmente de treinar e praticar o Karatê. Mas é um estado que apenas pode ser alcançado através de uma prática extenuante. "

Shigeru Egami’Sensei

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O "Vazio" dentro do Taoismo.


Resumo do texto original:

A cultura chinesa é uma das mais antigas da Terra e a única das grandes civilizações da antiguidade que possui história contínua, desde 7.000 a.C. Descobertas arqueológicas como o "homem de Pequim" mostram que a área onde se iniciou a civilização da China é habitada já há 800.000 anos.

Infelizmente as maneiras como eles expressam esse conhecimento são diferentes das nossas, o que levou diversos especialistas ocidentais a menosprezarem este tesouro.

O Taoismo, não apenas é uma filosofia autóctone da China como tornou-se posteriormente a única religião nascida em solo chinês, já que o Budismo é indiano e o Confucionismo não é religião.

Dentro dos conceitos mais importantes da filosofia chinesa e do Taoismo em particular, um que se destaca é o “Vazio”. A importância do “Vazio” nunca foi subestimada pelos chineses, que afirmavam que tudo o que existe só possui essa realidade porque um espaço "Vazio" permitiu que existisse. O filósofo grego Demócrito (460 a.C.-370 a.C.) foi o primeiro ocidental a chamar a atenção para o “Vazio” ao afirmar que no Universo "há apenas átomos e "Vazio"". Os chineses foram além ao afirmarem que a própria existência do universo dependeu da existência de um "Vazio" original, chamado de “Vazio Primordial”.

Para nosso universo existir foi necessário que houvesse um "Vazio" que o pudesse conter, pois nada poderia existir sem um espaço para que existisse. Esse “Vazio primordial” é chamado em chinês de "Wuji" (無極, “Vazio supremo”), e faz parte dos conceitos cosmológicos chineses principais. É um termo muitas vezes utilizado para se definir o infinito, o que não tem limites, e também um estado de vacuidade absoluta, não representado apenas pela ausência de tudo, mas uma vacuidade que tende à transcendência já que é a matriz de tudo o que existe.

A existência depende inteiramente da não-existência que a precede.

Na vida cotidiana, em nossa escala normal, também o "Vazio" possui grande importância.
Assim, da existência vem o valor e da não-existência, a utilidade!

Lao-Tze nos mostra que um vaso pode ser feito de diversos materiais e possuir muitas decorações, mas é o "Vazio" em seu interior que o torna útil. Um vaso de ouro é muito mais valioso que um feito de barro, mas a utilidade dos dois é a mesma e depende inteiramente do "Vazio" interno.
Nos seres humanos também o "Vazio" é imprescindível. Não existiríamos sem o espaço "Vazio" que há na mulher, que chamamos “útero”. É ele que permite ao embrião crescer e tornar-se uma nova pessoa.

É comum que o "Vazio" é que dê substância e vida à pintura chinesa, podendo se tornar um rio, um lago, a névoa, dependendo da visão do artista, que se utiliza deste espaço em branco para expressar sua sensibilidade. Apesar de ser uma não-existência, o "Vazio" surge como algo quase tangível em um processo de cognição espacial sem igual.

Nas Artes Marciais e técnicas terapêuticas chinesas como o “Qi gong”, o movimento começa a partir de uma postura em pé, com os braços pendendo naturalmente ao lado do corpo, relaxada, com a mente livre de pensamentos e o olhar focado no infinito. É o estado de “Wuji”, do qual partem os movimentos.

Devemos procurar nos familiarizar com o "Vazio" em nossas vidas! O Vazio de ruído, o Vazio de pessoas em volta, o Vazio de pensamentos tumultuados, o Vazio de celulares e redes sociais. Somente a partir do “Vazio” podemos começar a ouvir o “Tao”.

Texto original:
http://taoismo.org/modules/smartsection/item.php?itemid=55

domingo, 28 de janeiro de 2018

"O Livro do Caminho e da Virtude".

Trinta raios convergem para o meio de uma roda
Mas é o "espaço vazio" em que vai entrar o eixo que a torna útil.

Molda-se o barro para fazer um vaso;
É o "vazio" dentro dele que o torna útil.

Fazem-se portas e janelas para um quarto;
É o "vazio" que os torna útil.

Por isso, a vantagem do que está lá
Assenta exclusivamente na utilidade do que lá não está.

Tao Te Ching (道德經), Cap. 11

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O "Caminho" - Dō 道 (japonês) / Tao 道 (chines)

Para os estudantes sérios de artes marciais clássicas este seriado é um tesouro que vale a pena rever e atentar com bastante reflexão.
Kung Fu foi um seriado de televisão estrelado por David Carradine na década de 70.
Em cada um dos 63 episódios da série tem várias passagens onde o monge “Kwai Chang Caine” recebe orientações e os ensinamentos no lendário templo Shaolin, famoso mosteiro budista localizado na província de Henan, na China.
Como muitos já sabem, nele viveu, no século VI, o 28º patriarca budista Bodhidharma, onde criou o estilo Chan (Zen) do Budismo, bem como o desenvolvimento do Wushu de Shaolin.
Historicamente fundamentado a ideologia e a filosofia do Karatê-Dō de O-Sensei'Funakoshi preservam profundamente enraizados estes princípios milenares de sabedoria e vivenciamento de sua arte ancestral. Seguem abaixo algumas das passagens do filme piloto da série.






segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Natureza espiritual!

Do livro, "Karatê-Dō o meu modo de vida" (pag.67)

...Minha cidade nativa de Shuri é rodeada por colinas com florestas de pinheiros Ryukyu e vegetação subtropical; entre elas, está o Monte Torao, que pertencia ao barão Chosuke Ie (que, na verdade, veio a ser um dos meus primeiros patronos em Tóquio). A palavra Torao significa “cauda do tigre” e era particularmente adequada porque a montanha era estreita e tão densamente arborizada que realmente tinha a aparência de uma cauda de tigre quando vista de longe. Quando dispunha de tempo, costumava caminhar pelo Monte Torao, às vezes à noite quando a lua era cheia ou quando o céu estava tão claro que se podia ficar sob uma cobertura de estrelas. Nessas ocasiões, se por acaso também houvesse um pouco de vento, podia-se ouvir o farfalhar dos pinheiros e sentir o profundo e impenetrável mistério que está na raiz de toda a vida. Para mim, o sussurro era uma espécie de música celestial. Poetas de todo o mundo cantaram suas canções sobre o mistério da meditação que permeia os bosques e florestas, e eu era atraído pela solidão fascinante de que são símbolo. Talvez meu amor pela natureza fosse intensificado pelo fato de eu ser filho único e criança frágil, mas seria exagero de minha parte considerar-me um “solitário”. Apesar disso, depois de uma prática intensa de Karatê, não tinha coisa melhor do que sair e perambular sozinho. Então, quando estava na faixa dos meus vinte anos e trabalhava como professor em Naha, seguidamente me deslocava a uma ilha comprida e estreita na baía, que ostentava um parque natural esplêndido chamado Okunoyama, com pinheiros soberbos e um lago enorme de lótus. A única construção na ilha era um templo Zen. Aqui também eu costumava vir com frequência para caminhar sozinho entre as árvores. Por aquela época eu já praticava Karatê há alguns anos, e “à medida que aprofundava meu conhecimento da arte tornava-me mais consciente de sua natureza espiritual!” Usufruir minha solidão enquanto ouvia o vento assobiando por entre os pinheiros era, me parecia, um modo excelente de alcançar a serenidade da mente que o Karatê exige.

Gichin Funakoshi’O-Sensei