À todos aqueles que buscam a essência, acima do ego!
( Prof. Sylvio Rechenberg )
sábado, 21 de dezembro de 2013
Que a Paz interior reine muito além das
fronteiras da razão e que nasça com o Advento Sagrado a incomparável afinidade
da pureza do “Ser” com a sublime essência do sentir sincero! Desejo a todos os que compartilham a infinita
missão e em especial aqueles que mesmo ausentes entre nós coexistem em
espírito!
Na arte está implícito que o
artista desenvolva as suas capacidades físicas, mentais e espirituais e acabe
por conseguir uma harmonia interior capaz de o levar a exprimir tudo aquilo que
sente dentro e fora de si e o leve a continuar uma obra, que para ele,
eventualmente nunca estará terminada. Assim, será necessária muita
dedicação, humildade e um espírito de sacrifício, sem pensar no resultado final
ou em qualquer tipo de recompensa!
As
pessoas que não querem seguir os ensinamentos do Zen, a verdadeira base do
Bushido, não precisam fazer isso. Elas estão simplesmente usando as Artes Marciais
como diversão; para elas, são esportes como quaisquer outros. Mas as pessoas
que querem viver suas vidas em uma dimensão mais elevada “precisam compreender”.
Ninguém
pode ser obrigado e ninguém pode ser criticado. Uns são como crianças brincando
com carros de brinquedo, e os outros dirigem carros de verdade. Eu não tenho
nada contra esportes; eles treinam o corpo e desenvolvem a energia e a
resistência. Mas o espírito de competição e a energia que cerca isso não é uma
boa coisa, isso reflete uma visão distorcida da vida.
A
raiz das Artes Marciais não está aqui!
Os
professores são parcialmente responsáveis por essa situação, eles treinam o
corpo e ensinam as técnicas, mas não fazem nada pela consciência. E o resultado
disso é que seus alunos lutam para vencer, como crianças brincando de guerra. Não
existe sabedoria neste ponto de vista e ele é completamente inútil para a
organização de suas vidas.
Qual
é a utilidade de suas técnicas na vida diária de cada um deles?
Os
esportes são apenas diversão e no final, devido ao espírito de competição, eles
desgastam o corpo. É por isso que as Artes Marciais deveriam lutar para
recapturar sua dimensão original.
No
espírito do Zen e do Budo a vida diária se torna a competição. Devem existir
prêmios a cada momento – ao se levantar pela manhã, ao trabalhar, ao comer, ao
ir para a cama.
A graduação nas artes marciais: Vivemos em uma sociedade, ou melhor, em um mundo, que
valoriza a “aparência” das coisas, não importando o que se “É” e sim o que se
parece “SER”. Valores que outrora tinham um sentido intelectual e prático, ou
ético e moral, hoje já não importam, e é bem visto aquele que tem uma boa
memória e consegue decorar uma série de livros, ou ainda aquele que possui uma
boa oratória.
Dentro deste contexto, nos deparamos com um problema comum a
quase todas as artes marciais modernas: o fato de que hoje as pessoas têm
procurado as academias para praticar as diversas modalidades “marciais” em
busca da aquisição de uma faixa preta ou qualquer outra graduação que aos olhos
dos outros sejam sinônimo de “poder”, ou seja, buscam uma espécie de
valorização ou vaidade pessoal que nada tem a ver com o verdadeiro objetivo das
artes marciais.
São responsáveis por esta deturpação a maioria dos instrutores,
professores e “mestres” da atualidade que, com raras exceções, não se importam
com seus alunos e não querem saber o que eles fazem com os “ensinamentos” que
recebem. Estão sim, preocupados com o pagamento das mensalidades e com as taxas
cobradas para o exame de graduação, que é o motivo pelo qual dão aulas.
Porém, este não é um problema inerente somente as artes
marciais… estende-se a todas as áreas da pedagogia e irá persistir até o dia em
que as pessoas pararem de agir a partir de elementos externos e passarem a
exercitar suas tendências naturais, pois para que se possa realizar um bom
trabalho, em qualquer área, é necessário ter VOCAÇÃO. Aliás, deveríamos dar
mais atenção a este assunto, pois na vocação está a chave para a realização
pessoal e para a tão sonhada felicidade.
" Quando nos deparamos com a triste realidade de nosso sistema
educacional, chegamos à conclusão de que as atividades que deveriam ser
benéficas, como é caso das artes marciais, acabam prejudicando não somente o
praticante, mas também a imagem da arte praticada. "
Porém, se pararmos por apenas um instante para refletir
sobre a prática marcial, certamente chegaremos as seguintes conclusões: Não
basta ter socos, chutes e bloqueios fortes, precisamos também ter princípios
fortes; Não basta falar de coisas boas, precisamos e devemos praticá-las; Não
basta coragem para o combate é preciso coragem para enfrentar a grande luta da
vida, onde os desafios são diários; Não basta dominarmos nosso corpo e achar
que isto é suficiente para merecer uma faixa preta, devemos tornar “faixa
preta” nossa consciência e nosso coração, pois agindo desta forma pouco
importará qual a cor da faixa que ostentamos na cintura, até mesmo porque não
andamos uniformizados em todas as ocasiões de nossas vidas.
Todos os praticantes de artes marciais deveriam fazer
aumentar junto com sua graduação as suas virtudes, para que venham a se tornar
pessoas de moral, de bom caráter.
Portanto, somente é faixa preta aquele que, sem
preconceitos, busca o conhecimento e procura fazer dele uma prática diária;
Somente é faixa preta aquele que respeita a sabedoria eterna, seu mestre, seus
companheiros de treinamento, sua família e todos seus semelhantes; Somente é
faixa preta aquele que busca harmonizar sua personalidade efêmera deixando
assim transparecer, ainda que de forma distorcida, a beleza de sua alma;
Somente é faixa preta aquele que dedica sua vida para ensinar o pouco que sabe
aos outros, através de seu próprio exemplo; Somente é faixa preta aquele que no
meio da confusão moderna ouve a voz da sua consciência e se mantém fiel aos
valores que moveram, movem e sempre moverão os grandes guerreiros… ou como está
descrito na frase de alguém cujo nome não lembro, mas que jamais esquecerei as
palavras:
“Ser um autêntico faixa preta não é ser mais, mas se tornar
menos. Menos agressivo. menos vaidoso, menos autoritário, menos cobiçoso, menos
invejoso, menos egoísta, menos apegado, menos ignorante, menos violento,
menos…”
"Os que seguirem o Karatê
desenvolverão coragem e resistência. Quem treinar de forma verdadeira e
compreender realmente o “Dô” do Karatê, nunca é facilmente arrastado para um
combate".
“Dô” tem um sentido superior no
nosso treino e na nossa própria disciplina, não se trata apenas de nos
tornarmos fortes e eficazes na aplicação das técnicas da nossa Arte Marcial,
mas, acima de tudo, de nos desenvolvermos física e espiritualmente enquanto
pessoas.
Falo sobretudo para aqueles que
praticam uma Arte Marcial e cujo nome está indissociavelmente ligado ao “Dô” de
que falava o mestre Funakoshi (Karatê-Dô). Para estes uma Arte Marcial é
baseada em princípios milenares de “ honra e de respeito “. E esses princípios
começam e acabam na relação do mestre com o seu discípulo. Uma relação cujos
laços são mais estreitos do que os próprios vínculos de família e que
transcendem a raça e a nacionalidade.
Será que sempre que nos
recolhemos na posição de “Seiza”, compreendemos e nos identificamos realmente,
com esses princípios de honra, respeito e etiqueta; será que aceitamos
verdadeiramente o rígido código de honra, que a partir do nosso interior, devia
orientar a nossa conduta de vida?
No esforço de tornar as Artes Marciais
populares e acessíveis a muita gente, estas estão se transformando numa
indústria, comprometendo princípios fundamentais que nunca deveriam ser
comprometidos. A nossa “Arte” que nos apresenta em reverência ao “Dô” que tanto
desejamos compreender e alcançar, não foi concebida para dar dinheiro. Não é um
negócio, é uma relação física e espiritual entre professor e aluno. É uma forma
de fazer passar a sabedoria à nova geração, de fazer passar a cultura e a
técnica para a geração seguinte. E isso nada tem a ver com dinheiro e com o
lucro. Tem a ver, talvez, com os tempos que vivemos. Estes tempos em que o
Mosteiro de Shaolin recebe anualmente a visita de mais de um milhão de turistas
e onde os monges vendem T-shirts estampadas com a figura de Bodhidharma.
Estudar e aprender Karatê-Dô esta
muito além de vestir um quimono amarrar uma faixa na cintura e “brincar” de
luta, pulando de um lado para outro!
A Arte Marcial de O’Sensei Funakoshi
esta “muito além” do comum de um “esporte de luta”!
A maior parte da população não
tem a menor ideia do que é Arte Marcial, a mídia de modo geral por sua vez não
tem nenhum interesse em esclarecer sobre o assunto, para a mídia o que importa
é divulgar, enfatizar, compactuar com tudo que trás retorno populista e que
gera mais e mais noticias, pouco importando sua propriedade, sua real
finalidade, muito menos o que vai contra os interesses da maioria da população desinformada
culturalmente. Até porque povo ignorante garante constante manobra oportunista!
Como afirmo sempre, o Karatê-Dô é
para todos, mas nem todos são para o Karatê-Dô; ocorre que a partir do momento
em que são esclarecidos aspectos e princípios fundamentais, racionais e éticos,
condizentes com o verdadeiro propósito e a efetiva compreensão do “porque” e do
“para que” aprender e praticar o Karatê-Dô conforme sua origem, haverá uma consequente
identificação de valores que na atualidade estão completamente “esquecidos” e
pior do que isso, omitidos por descaso e irresponsabilidade nos "propósitos
originais"!
Muitas pessoas que hoje “nada
compartilham” com a equivocada trajetória e a deturpada visão das Artes
Marciais, teriam a oportunidade de conhecer e vivenciar plenamente o “Caminho”
verdadeiro identificando a essência real, se beneficiando construtivamente em todos os sentidos e por toda vida; bem como muitos outros que hoje se vangloriam
de façanhas lúdicas, as conquistas de brinquedo e os infelizes alienados de
arena, finalmente rotulariam sua lamentável vocação sem com isso corromper, manchar
ou envergonhar a honorável história destas Artes milenares extraordinárias!
O que gera popularidade é justamente
a facilitação de normas e interpretações favoráveis ao acaso.Estudar Karatê-Dô não é confrontar, mas
"confrontar-se"!
Prof. Sylvio Rechenberg
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Existe o tempo de separar o joio do trigo! Em verdade, o trigo
sempre foi trigo e o joio sempre foi joio, mas somente de um se valha o homem!
Durante o “Caminho” eis que tudo se repete!
Existem dois tipos de poder, o Poder “Incorruptível” e o
outro!
O “Ser” é determinado pela sua natureza espiritual, moral,
de conteúdo emocional, que enfatiza o caráter ilibado, pela elevação infinita
da essência divina. Já o “Ter” se define pela obtenção de valores mensuráveis,
pela quantidade física, a aquisição da substancia finita, conquista aferida
pelo ego!
A realização no “ser mais que os demais” é proporcional ao
“Ter”, logo, danoso, limitado e inútil!
Na Arte do Karatê-Dô se percebe claramente o que é “um” e o
que é o outro!
A honorável virtude reside na
honorável sabedoria, o “Caminho” é honorável!
Aprender sobre a Arte do
Karatê-Dô irá depender da importância
que se dá para uma atividade vitalícia que se instala nos passos que se somam
no “Caminho” de uma jornada.
Por aqui já passaram muitos
entusiastas com expectativas de sucesso mundano, porem muitos outros que aqui
se forjaram tinham “pés no chão” e o coração desprovido do ego.
A vantagem de aplicar o Karatê-Dô
em todas as coisas é que se percebe o quanto dele tem em tudo que fazemos,
transformando causa e efeito em frações de constante aprendizado e
amadurecimento pessoal.
O “Caminho” é para todos, mas nem
todos são para o “Caminho”!
Não basta querer é preciso
buscar, se empenhar, sacrificar-se, submeter-se, ter por norma, estar disposto
a transformar-se, polir o caráter, disciplinar e sacrificar o ego, superar as
fraquezas e confrontar-se exaustivamente, aperfeiçoando-se construtivamente,
amadurecer para a vida, honrar as virtudes, os ensinamentos recebidos ao longo
dos anos!
Adquirir destreza é comum nos
esportes, em qualquer atividade física, qualquer academia no mundo capitalista proporciona
a ênfase material, o culto ao corpo, pela força, pela estética, pela
competição, o que no ocidente tem o lamentável sentido e a interpretação
distorcida da “valorização” pessoal e um equivocado “status” na sociedade.
Ultimamente tem se notado o
modismo das lutas, do crescente gosto pelo conflito, pela violência acirrada,
descontrolada, pela ascendente desvalorização do “ser” humano, pela disputa
injustificável, bestial, por simples prazer de agredir a outrem sem razão, mas
por mera emoção, diversão para as massas e o estopim para uma decadência
cultural e social irreparável, influenciando e denegrindo as novas gerações. As Artes Marciais tem sua
ideologia histórica embasada na nobre valorização do “Ser”, na contenção da
agressividade, no respeito acima de tudo, na formação dos valores morais, na
importância do espirito e na manifestação da humildade como premissa para paz e
da harmonia universal. Nada tendo em haver com esporte ou modismos deturpados
enaltecendo o ego.Apontamentos citados
exaustivamente na história dos seus grandes “ fundadores e mentores originais ”
.
A utilização das “vias de fato”
tem a sua real função, unicamente, para salvaguardar a vida da morte eminente,
tão somente para a necessidade única e primária da sobrevivência pessoal
exclusiva. Sem tal necessidade extrema e inevitável, qualquer sentimento que
promova discórdia, prepotência ou soberba é prejudicial no desenvolvimento das
qualidades e virtudes humanas, conforme a doutrinação milenar destas Artes Marciais
tradicionais incomparáveis e incontestáveis na sua nobre e honorável missão.
Infelizmente os que se espelham na
triste realidade dos nossos dias, empunhando as bandeiras da inovação distorcida
e desenfreada, desencadeando ganancia e vaidade, desvalorizando as raízes, desprezando
as sábias lições, conspiram para o caos, estão fadados ao derrotismo pessoal, à
conduta depressiva e a constante aflição do ego imaturo.
O tempo se encarregará de provar
o lamentável equivoco, estes atos irresponsáveis, irreparáveis, se refletem na
sociedade e já demonstram suas manchas, só não vê quem não quer ver!
“Faixa Preta”, todos almejam,
pouquíssimos o são!
Prof. Sylvio Rechenberg
quinta-feira, 6 de junho de 2013
O vídeo a seguir mostra técnicas
de aplicação prática em situações de risco, juntamente com Tameshiwari (
quebramento ), com o foco principal não no rompimento dos objetos mas em por a
prova os conhecimentos adquiridos, condicionamento corporal, controle mental e
confiança. As demonstrações são executadas por vários Karatekas de diferentes
escolas. - Vale a pena conferir!
Nos “tempos de ouro”, por volta
dos idos dos anos '70, quando comecei a trilhar e vivenciar o “Caminho”, imperava a
vontade sublime, voraz, indômita, indescritível, insaciável de aprender,
estudar e praticar a honorável Arte maior do Karatê-Dô!
Praticava-se com “alma”, sangue,
suor e lagrimas, com agonia sem fim, tamanha a disciplina!
Onde os olhos eram espelho da
alma e se percebia o fascínio do despertar pela Arte!
Longe vai o dia em que se sentia
no ar a energia, o invisível, o sobrenatural obsessivo da força interior, que
vem das entranhas, do mais profundo do “Ser”, do incomparável querer saber
aprender sobre o “Caminho”!
Lá não tinha tempo, nem lugar,
nem condição, nem coisa alguma que impedia os sacrifícios!
Havia a certeza imutável da vontade
infinita e única do “aprender por aprender” para saber!
Empenhados de corpo, mente e
espírito, orgulhosos, leais a nossa “segunda família”, o Karatê-Dô!
A obediência, a hierarquia, o
respeito inquestionável, a honra ilibada, a imaculada conduta!
Não havia cansaço, nem desanimo, nem
dor alguma capaz de afastar-nos dos “castigos” da lição, a lição para a vida!
Lições vivenciadas com tanta
emoção, que o próprio cheiro do couro cru, da corda de sisal, da lona surrada, do
quimono encharcado, do assoalho gasto da madeira maciça, temperava nossos
sonhos e se enraizava na eternidade da nossa busca incessante, inquietante!
Sonhos movidos por um ideal, um
ideal apenas, um nobre ideal, sem precisar de estímulos, nem de elogios, nem de
motivações externas, mas “unicamente para ser um Karateka”, muito mais que vencedores,
mas Karatekas de verdade!!!
Nos dias de
hoje, ainda, a maioria das pessoas não tem ideia do que é Karatê-Dô. A mídia
infelizmente prega e enfatiza o sensacionalismo, distorcendo o seu "conceito real".
Grande parte
dos responsáveis pela sua difusão, não tem o menor interesse em orientar sobre
sua real finalidade, muito menos em aprender sobre o verdadeiro Karatê-Dô.
Nesses tempos,
o que vale é a competição, a esportivisação, a facilitação e o descomprometimento
com o futuro desta Arte Marcial extraordinária.
A real Arte Marcial
milenar, não foi criada com propósitos lúdicos como campeonatos, torneios
e afins, mas foi constituída com a nobre finalidade de salvaguardar a própria
vida através da prática rigorosa e constante do auto-aperfeiçoamento
construtivo, superando as fraquezas humanas nos três aspectos, “físico, mental
e espiritual”, mantendo-se assim incorruptível, inviolável, exclusiva, e de
acordo com os seus sábios e legítimos criadores, “para a vida toda”!
Porem com as
recentes distorções, interpretações equivocadas e total “falta de controle das
grandes organizações”, o dito "Karatê" por aí, se tornou um jogo, uma
"brincadeira de luta", atiçada pelo ego inflamado, desiquilibrado, valendo-se da
fraqueza humana pelo conflito, pela disputa pela “pseudo” vitória sobre o
outro, nada mais do que marionetes animadas!
"Aprender Karatê-Dô é se
dar uma chance para conhecer a si mesmo"!
Esteja disposto a
confrontar-te para melhorar algo em ti; esteja consciente para descobrir-te
e entender mais de ti; esteja preparado para superar-te a ti mesmo!
Saiba que o universo ao
teu redor esta ao redor de todos os demais; que a energia que brota de ti
conspira para o mundo, e que o mundo no qual respiras te permite "vivenciá-lo em
harmonia"!
De nada adianta lutar
contra os outros se o verdadeiro conflito se manifesta em ti!
Profundamente religioso, Gichin
Funakoshi'O-Sensei era Taoísta, enquanto vivia em Okinawa, ensinava os clássicos
Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu.Quando O'Sensei Gichin Funakoshi
adicionou a palavra Dô (caminho, via espiritual), ao termo "MãosVazias", estabeleceu uma filosofia de
vida, (o espírito do Karatê), que é esvaziar o corpo de todos os desejos e
vaidades terrenos. Um método de se auto aperfeiçoar continuamente durante toda
a vida, muito além de um simples método de defesa sem armas, (Caminho das Mãos
Vazias).
" Ele (o Karatê-Dô) se
enraizou e é amplamente praticado em toda a Ásia, entre povos que professam
credos tão distintos como o Budismo, o Islamismo, o Hinduísmo, o Bramanismo e o
Taoísmo. No transcurso da história humana, artes de autodefesa específicas atraíram
seus próprios seguidores em várias regiões da Ásia, mas existe uma semelhança
subjacente básica entre todas elas.
O Karatê-Dô teve um desenvolvimento
maior devido ao incentivo do Budismo, visto que os monges o utilizavam como um
meio de percorrer o “Caminho” rumo à auto-iluminação. Nos séculos sétimo (VII)
e oitavo (VIII), budistas japoneses viajaram para as cortes de (Sui e T’ang),
onde aprenderam a versão chinesa da arte, trazendo para o Japão alguns de seus
aperfeiçoamentos.
Durante muitos anos, aqui no
Japão, o Karatê-Dô continuou confinado nos largos muros dos templos, de modo
particular dos do budismo zen; aparentemente, não era praticado por outras
pessoas, até que os samurais começaram a treinar no recinto dos templos e assim
ficaram sabendo da existência da arte. Como o conhecemos atualmente, o Karatê-Dô foi aperfeiçoado por Gichin Funakoshi'O-Sensei. "
Genshin Hironishi’Sensei (discípulo direto de O'Sensei Funakoshi)
Confucionismo:
Azato'Sensei fora um estudioso do
confucionismo! O Confucionismo não se trata de
uma religião. Não possui um credo estabelecido, mas apenas determinações
rituais de caráter social, que permitem a um adepto do Confucionismo a
liberdade de crença em qualquer tipo de sistema metafísico ou religioso que não
vá contra as regras de respeito mútuo e etiqueta pessoal. Surge no séc. VI a.C. na China
com Confúcio, que funda no pequeno estado de “Lou” a primeira “escola de
educação”. O Confucionismo acabaria por tornar-se o conjunto de regras e
convenções morais, jurídicas e linguísticas oficiais de toda a China.
O Confucionismo atingiu um pleno
sucesso, tornando-se uma filosofia moral de profundo impacto na estrutura
social e cotidiana da sociedade. O valor ao estudo, à disciplina, à ordem, à
consciência política e ao trabalho são lemas que o Confucionismo introduziu de
maneira definitiva na vida da civilização chinesa da antiguidade aos dias de
hoje. Regra de Ouro do Confucionismo:
" não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a ti ".
Taoísmo:
“Nasce” com Lao-Tsé (n. 571, m.
479 a.C.). Coexiste desde o seu início com o Confucionismo sendo, em muitos
aspectos, complementar-antagónico deste. Trata do Tao (= Dô) conceito sem
tradução perfeita. É o “Dô” do Kendô, do Iai-Dô, do Judô, do Karatê-Dô. É também,
em muitos aspectos, a fonte do Budismo-Zen. Tao não é um conceito que
possamos captar ou compreender intelectualmente, mas é uma realidade que
podemos presenciar, vivenciar e praticar. Por exemplo, a prática do Kata
Taikyoku-Shodan, ao longo de anos e anos, permite-nos conviver com o Tao,
embrenharmo-nos no seu fluxo sem que, no entanto, o possamos definir ou
explicar. O Taoísmo é uma maneira de estar no mundo de
acordo com o Tao, de acordo com o fluxo natural do mundo e da vida. Trata-se de
“não remar contra a maré”, de aceitar o seu ímpeto, de fluir com ele. “O que é
contrário ao Tao, cedo desaparece”. O Taoísmo está na raiz da
medicina, da culinária, da construção de edifícios, da pintura, da caligrafia
ou das Artes Marciais orientais... “
" Nunca vás contra a
Natureza ” afirmava o Funakoshi'O-Sensei!
Budismo:
O Budismo surgiu no séc. VI a.C.
com Siddhartha Gautama - o Buda ( O que despertou, o iluminado ) (n 622? a.C. e
m. 543? a.C. no sopé do Himalaia, hoje chamado Nepal ). Buda não deixou
ensinamento escrito, mas os monges budistas espalharam a sua religião por todo
o extremo oriente. O Budismo dá entrada no Japão no séc. VI d.C., fundindo-se
com a tradição religiosa nativa (O Shintoísmo). Importa-lhe determinar as
causas do sofrimento humano e modificar a atitude do indivíduo perante o mundo,
de forma a eliminar esse sofrimento. Buda identifica, nas suas (4 Nobres
Verdades essenciais), a causa da doença da humanidade, a seguir passa à
afirmação de que a doença pode ser curada, finalmente prescreve o método de
cura: - A 1ª Verdade Nobre identifica o
(sofrimento ou a frustração) como “doença” básica fundamental do homem.
- A 2ª Verdade Nobre revela-nos a
causa desse sofrimento, (o apego ou a avidez). É o apego a determinadas ideias,
ou fatos, ou pessoas, ou objetos (que encaramos ilusoriamente como coisas
individuais e nossas), que nos leva a esquecer que tudo é mutável e
transitório, que tudo o que tem um princípio tem um fim, inclusive o nosso
ilusório “eu”. - A 3ª Verdade Nobre afirma que o
sofrimento e a frustração podem chegar a um fim. “É possível transcender o
círculo vicioso de "samsara", livrar-se do jugo do karma (Lei de
causa e efeito) e alcançar um estado de libertação total: o Nirvana (Paz no
estado de Buda). Neste estado, as noções falsas de um “eu” separado desaparecem
para sempre e a unidade da vida torna-se numa sensação constante”.
- A 4ª Verdade Nobre é a
prescrição da cura - o Caminho óctuplo do auto-desenvolvimento que nos leva ao
Estado de Buda.
Budismo Zen
Raiz filosófica do Bushi-Dô (o
código dos samurais) e, por consequência, do Budo (as Artes Marciais). A pior
maneira de o revelar seria dar dele qualquer definição. O Zen pratica-se e
confunde-se com a própria prática. Lembremo-nos de Zen-kutsu-dachi.
( Como sabemos, havia em Okinawa,
nos tempos antigos, duas escolas, Nahate e Shurite, e considerava-se que tinham
ligação com as duas escolas do boxe chinês chamadas Wutang e Shorinji Kempo que
floresceram durante as dinastias Yuan, Ming e Chin. Atribui-se a fundação da
escola Wutang a um certo Chang Sanfeng e a da escola Shorinji ao próprio Daruma
(Bodhidharma), o fundador do zen-budismo. De acordo com os relatos, ambas as
escolas eram extremamente populares, e seus seguidores davam frequentes
demonstrações públicas.A lenda nos
conta que a escola Wutang recebeu seu nome a partir da montanha chinesa onde o Karatê teria sido praticado pela primeira vez, enquanto Shorinji é a pronúncia
japonesa para o Templo Shaolin na Província de Hunan, onde Daruma pregou o
caminho do Buda. Segundo uma versão da história, seus seguidores eram
fisicamente despreparados para os rigores do treinamento que ele exigia; assim,
depois de muitos caírem de exaustão, ele lhes ordenava que começassem, já na
manhã seguinte, a treinar seus corpos de modo que suas mentes e corações se
dispusessem a aceitar e seguir o caminho do Buda. Seu método de treinamento era
uma forma de boxe que veio a ser conhecido como Shorinji Kempo. Por menos que
se aceitem as lendas como fato histórico, penso que quase não há dúvida de que
o boxe chinês realmente cruzou o mar na direção de Okinawa, onde se misturou
com um estilo de luta de punho originária de Okinawa para formar a base do que
hoje conhecemos como Karatê. )... ( O texto acima foi extraído do livro de O'Sensei Gichin
Funakoshi - "Karatê-Dô - O Meu Modo de Vida" ) O mosteiro de Shaolin na China, ficou muito famoso
no ocidente a partir da década de 70 com um seriado da TV intitulado "Kung Fu".
Onde se retratava muito bem o espirito Zen, o espirito esotérico, místico,
transcendental da vida de um monge do Templo de Shaolin por volta do século XIX.
Neste antigo mosteiro os monges estudavam o Budismo, o Taoísmo, medicina
natural, estudando com toda profundidade o "Caminho" da vida, da "iluminação". Este
mosteiro tem seu registro por volta do século VI d.C., sendo que o mais
conhecido destes templos localiza-se na província de "Honan", próximo
a Pequim no norte da China (mosteiro do norte). Mais tarde é inaugurado um
mosteiro na província de "Canton" no sul da China, que praticamente
hoje já não existe mais. Houveram mais alguns mas que permaneceram bem menos
tempo em evidência. Na década de 40 quando o comunismo se instalou na China, na
revolução cultural chinesa, todo tipo de religiosidade foi banida, tudo o que
não fosse a ( pregação materialista comunista ) seria proibido. Nos dias de hoje
este templo é meramente uma escola de fachada, onde se ensina e pratica o lado
físico marcial, principalmente para atrair o turismo, fazendo apresentações ao
público, promovendo cursos entre outros, com meros interesses comerciais, porem
nada que vise realmente a "iluminação", nada que vise a busca interior como na
sua forma histórica original, impedidos, vetados pelo sistema de se
manifestarem através daquela ideologia doutrinaria milenar.
Com a fundação do mosteiro de Shaolin, no processo
da expansão do Budismo na Ásia, da Índia migrando para a China, 1000 anos
depois da morte de Buda que por sua vez viveu no século VI a.c., defrontando-se com a filosofia Chinesa de três mil
anos, o Taoísmo de (Lao Tzu). O budismo que por sua vez é extremamente objetivo
e não tem nada de misticismo em sua doutrina, por outro lado o Taoísmo tem o
lado místico, espiritual, exotérico muito profundo. Então a forte cultura
chinesa funde-se com a Indiana surgindo assim uma nova forma de praticar sua
espiritualidade, o Budismo com o Taoísmo gerando o Budismo Ch'an, derivando em
japonês com o nome de Zen (Zen-Budismo). E tudo isso aconteceu justamente dentro do mosteiro
de Shaolin ( nome da floresta onde o templo foi construído durante a dinastia
Ming ), onde seriam introduzidas as Artes Marciais utilizadas como uma
ferramenta para o aprimoramento dos discípulos. Tal método foi o único no
mundo.
O grande patriarca budista indiano chamado
Bodhidharma (Daruma), veio da Índia para a China, atravessando o Himalaia,
chegando ao mosteiro de Shaolin. Porém antes de ser um monge "iluminado",
Bodhidharma era um guerreiro, um general de exército indiano, que largou toda
sua vida, entrando num monastério budista onde seguiu até a sua "iluminação".
No Templo Shaolin por sua vez, Bodhidharma percebeu
certa fraqueza e debilidade que impedia aos monges locais atingirem seus ideais
nos rigores da meditação e atividades afins que lhes eram impostas diariamente.
Assim, Daruma implantou um sistema de treinamento físico aos monges, com
exercícios de ginástica trazidos da Índia, juntamente com técnicas de
respiração e de consciência corporal, iniciando-se então os fundamentos de uma
Arte Marcial como base sólida para ajudar na busca do ideal das práticas
espirituais. Começando daí a tradição na disciplina rigorosa de se incorporar
estes exercícios de Artes Marciais (Wu-Su) na complementação do estudo dos
monges do templo "Shaolin" nas gerações seguintes. Então, com o passar do tempo e
com a característica do Budismo e do Taoísmo serem muito contemplativos, e de
criar uma harmonia com a natureza, os próprios monges locais, observando a
maneira de agir dos animais quando atacados e como se defendiam. Começaram a
perceber que poderiam aprender com os mesmos e incorporar tal método aos
exercícios regulares, surgindo daí e com o passar de muito tempo, ao longo de
1200 anos aproximadamente, os vários estilos e suas variações.
A prática da leitura e o estudo dos sutras budistas,
dos sutras taoístas, da humildade através do trabalho diário da manutenção do
templo, varrendo, limpando, plantando e colhendo, convivendo com os mestres
diariamente, de um treinamento interior real, além do estudo na leitura e na
escrita como qualquer estudante as diversas disciplinas inerentes a doutrina,
conjuntamente com a prática do (Wu-Shu) Artes Marciais, no sentido do
aprimoramento técnico, do auto aperfeiçoamento, visando o domínio do corpo, da
mente e do espírito, tudo isso junto e incorporado era denominado de "Kung Fu".
Obviamente na mesma época na China existia o exército
chinês, bem como várias escolas de Wu-Shu (Arte Marcial), porém nada tendo em
haver com o "Kung Fu", denominação dada ao conjunto de ensinamentos adquiridos ao
longo de muitos anos no vivenciamento e no amadurecimento daqueles monges do
Templo Shaolin.
Houve uma faze no final da dinastia Ming por volta
de 1650 d.C., uma grande guerra numa revolução com a Manchúria, com os Manchus
que vinham do norte com o imperador Ching, destituindo a dinastia Ming e
implantando a dinastia Ching. Proibindo a partir daí a pratica de Artes Marciais
na China, mas os rebeldes que não aceitavam este novo governo planejavam uma
contra revolução para tentar derrubar o Imperador Ching para novamente
restituir a dinastia Ming. E como não tinham um local seguro para a pratica das
Artes Marciais, estes se candidatavam a monges no templo de Shaolin, se caso
conseguissem, passavam três ou quatro anos aprendendo o básico naquele
mosteiro, desertando depois de algum tempo, pulando os muros e voltando para
suas aldeias para treinarem o maior número de pessoas naqueles novos
ensinamentos para poderem guerrear contra o governo. Percebendo tais atitudes
constantes, os militares da dinastia Ching detectaram a origem daqueles
revolucionários e chegaram ao Mosteiro Shaolin. Logo o imperador Ching enviou
10.000 homens para destruir o templo, queimando o mosteiro e matando a maioria
dos monges lá encontrados. Alguns conseguiram escapar e que mais tarde
perpetuaram a tradição em uma outra fase. Mas o mosteiro ficou mais de 70 anos
destruído. A dinastia Ching permaneceu intocada até a revolução cultural
chinesa com a implantação do comunismo.
Segue seriado da TV intitulado "Kung Fu" na década de 70, vale assistir e atentar ao genuíno espírito "Budô", da vida de um monge do mosteiro Shaolin por volta do século XIX. Um filme sério, educativo e esclarecedor !
Procure esforçar-se mais e mais a cada dia no estudo do
Karatê-Dô; você pode!
O aprendizado é para toda tua vida, portanto não o encare
como um esporte!
É uma doutrina milenar, esta fundamentado num modo de vida; em
como você pode agir para ter uma vida mais saudável, duradoura e segura!
Seja paciente, não tenha pressa, concentre-se, persista
constantemente, estude-o e pratique diariamente, torne-o parte do seu dia a
dia!
As dificuldades sempre lhe serão apresentadas, são elas que
lhe farão sábio(a), diligente e capaz diante das intempéries da vida, é por isso
que praticamos o Karatê-Dô!
Estudar Karatê-Dô não é para alguns, mas para todos, porem,
não existem atalhos!
O retrato de Gichin
Funakoshi’O-Sensei, o pai do Karatê, é exposto nas paredes das academias
maciçamente mundo afora, contudo, lamentavelmente, mesmo sem conhecerem
corretamente sua história, nem seus pensamentos, muito menos sua orientação
ideológica e filosófica sobre a prática, reverenciam-no a cada nova sessão,
porém, com uma falsa interpretação e um entendimento completamente distorcido e equivocado
sobre o Karatê-Dô, agem indiscriminadamente, contrários aos seus
conceitos, contrários aos seus ensinamentos e ignorando a correta e real
orientação sobre o Caminho das Mãos Vazias ( Karatê-Dô ).
Aqueles que se preocupam com a
origem, o exclusivo sentido da prática, sua fundamentação e a real doutrinação desta honorável Arte, e querem
seguir a risca a determinação do verdadeiro legado de O’Sensei Funakoshi,
precisam e devem pesquisar profundamente sobre o assunto, pois não podem se
deixar influenciar por modismos ocidentalizados, nem por conceitos de fachada,
porque é cada vez maior sua corrompida transmissão!
Neste fim de
semana, como faço a mais de 30 anos, fui lavar o meu kimono (karate-gi), e como moro em apartamento, lavo-o no chão do
banheiro, no box do chuveiro. Após ter lavado o lado de fora com a escova, o lado que todos veem,
me deu vontade de virar para o lado avesso, fiquei surpreso com a sujeira e o caruncho impregnados no tecido. Então comecei a esfregar, e por mais
sabão que colocava, e por mais força que esfregava a escova no caruncho, ele
continuava ali, pouco saía, percebia que a marca preta continuava. Então
comecei a refletir se a minha vida não era um kimono mal esfregado, digo, o meu lado de fora, que todos veem,
está limpo e branco, mas o meu lado interno, que ninguém vê, como está? Nesta minha “sujeira interior”, comecei a procurar minhas falhas, minha falta de fé, minha falta de compreensão com os
demais, minha arrogância, a minha falta de companheirismo com meus amigos, irmãos, ede repente até com meus filhos. Tomei consciência dos meus
carunchos! Depois de lavar o kimono, liguei para um colega de trabalho, pois na quinta-feira,
eu não soube compreendê-lo, e ele não soube me compreender, havia discutido com ele. Então, por
telefone, eu lhe pedi desculpas, o que me surpreendeu, é que ele me ouviu e me
desculpou. Eu sei que o caruncho está ali ainda, mas vou me esforçar e lavar mais vezes, por mais sabão, e botar
toda força que eu puder, para que realmente o “meu kimono interior” esteja limpo!
Amigo, eu só fui lavar meu kimono... Que bom que lavei!
Aprender o verdadeiro Karatê é como atravessar um rio com fortes "correntezas", poucos conseguirão! Seu estudo requer grande disciplina, dedicação, seriedade, humildade, respeito, esforço, fidelidade, integridade, lealdade, paciência, perseverança, persistência e determinação inabalável. Virtudes da retidão de caráter!
As "correntezas" na vida "moderna" corrompem o "Caminho", confundem, iludem, alimentam o ego, fomentam a cobiça, a vaidade, a soberba, a prepotência, destruindo valores, somatizando conflitos!
Se
está lendo estas reflexões quer dizer que, de alguma forma se encontra vinculado
com o Karatê, assim sendo, será que alguma vez se deteve para pensar se o que
você pratica é realmente Karatê? Antes de seguir com a leitura destas palavras
pergunte-se: O que entendo por Karatê? O mais provável e dou-lhe toda a razão é
que seja exatamente o contrário do que realmente é. Existe um conceito de
Karatê bastante generalizado em que a violência, o egoísmo, o individualismo e a
vaidade são conceitos manipulados, incorporados e acrescentados pelos meios de
comunicação, já que na nossa sociedade isso é o que "vende". Estamos acostumados
a competir em todos os campos e situações da vida, então porque não competir
no Karatê? Será isto que os nossos mestres, fundadores desta Arte queriam para
todos nós, para a sociedade humana? O que pensará o mestre Funakoshi e o mestre
Egami da evolução a que foi conduzida esta Arte Marcial? Você acredita realmente
que os atributos mencionados anteriormente eram as metas de evolução do Karatê,
que estes mestres tinham planejado? Se
você pratica competição (eu não vou chamar de Karatê) convido-o a refletir
fortemente nestas palavras já que o verdadeiro " DÔ" não é o caminho da
violência, mas sim pelo contrário, o caminho da paz. Sim, o Karatê-Dô é o Caminho
da Paz, a arte transformada em amor, o caminho da superação pessoal baseado no
amor, amor a si mesmo, amor para com o seu companheiro de treino, amor para com
o seu Dojo, amor para com o que o rodeia, amor pela natureza, amor para com o
ensino, amor para com a espiritualidade. Amor, respeito, lealdade,
companheirismo, desprendimento, são alguns dos conceitos que os nossos mestres
trataram de nos entregar através desta "Arte" chamada KARATÊ. Se aceitamos que
Karatê é uma Arte para a "vida", é espiritualidade, é conexão com o universo, com a energia vital,
com o Ki, o que é então a competição?
Deixarei semeada a incógnita, mas antes
volto a perguntar: que sentido tem o vencer outra pessoa? Qual é o prazer de
causar dano a um companheiro de treino? Que quero eu demonstrar ao fraturar uma
costela? É tão importante sentir-se "ganhador", mas ganhador de quê? Vale a pena
lesionar ou causar dano a outro ser humano para ter uma medalha no armário? Para
ser o melhor? O melhor de quê? Em quê? Para quê? Deixo semeada a incógnita e
cada um deve refletir profundamente e encontrar as respostas, as suas próprias
respostas baseadas no aprofundamento pessoal desta formosa Arte chamada
Karatê, que nunca foi, nem será um meio para causar dano a outrem, muito menos
um meio para enaltecer e alimentar egos, sentimentos errados,
vaidades.
Então
não percamos tempo, despertemos e lancemo-nos à aventura do crescimento pessoal,
da busca do próprio eu, e quão longe chegaremos? Tudo depende de quanto
estejamos dispostos a nos aprofundar.
Não entres em competição com os demais, torna-te como a terra que nos nutre, que nos dá o necessário.
Ajuda ao próximo a perceber suas qualidades, a perceber suas virtudes, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos.