Se
está lendo estas reflexões quer dizer que, de alguma forma se encontra vinculado
com o Karatê, assim sendo, será que alguma vez se deteve para pensar se o que
você pratica é realmente Karatê? Antes de seguir com a leitura destas palavras
pergunte-se: O que entendo por Karatê? O mais provável e dou-lhe toda a razão é
que seja exatamente o contrário do que realmente é. Existe um conceito de
Karatê bastante generalizado em que a violência, o egoísmo, o individualismo e a
vaidade são conceitos manipulados, incorporados e acrescentados pelos meios de
comunicação, já que na nossa sociedade isso é o que "vende". Estamos acostumados
a competir em todos os campos e situações da vida, então porque não competir
no Karatê? Será isto que os nossos mestres, fundadores desta Arte queriam para
todos nós, para a sociedade humana? O que pensará o mestre Funakoshi e o mestre
Egami da evolução a que foi conduzida esta Arte Marcial? Você acredita realmente
que os atributos mencionados anteriormente eram as metas de evolução do Karatê,
que estes mestres tinham planejado?
Se
você pratica competição (eu não vou chamar de Karatê) convido-o a refletir
fortemente nestas palavras já que o verdadeiro " DÔ" não é o caminho da
violência, mas sim pelo contrário, o caminho da paz. Sim, o Karatê-Dô é o Caminho
da Paz, a arte transformada em amor, o caminho da superação pessoal baseado no
amor, amor a si mesmo, amor para com o seu companheiro de treino, amor para com
o seu Dojo, amor para com o que o rodeia, amor pela natureza, amor para com o
ensino, amor para com a espiritualidade. Amor, respeito, lealdade,
companheirismo, desprendimento, são alguns dos conceitos que os nossos mestres
trataram de nos entregar através desta "Arte" chamada KARATÊ. Se aceitamos que
Karatê é uma Arte para a "vida", é espiritualidade, é conexão com o universo, com a energia vital,
com o Ki, o que é então a competição?
Deixarei semeada a incógnita, mas antes
volto a perguntar: que sentido tem o vencer outra pessoa? Qual é o prazer de
causar dano a um companheiro de treino? Que quero eu demonstrar ao fraturar uma
costela? É tão importante sentir-se "ganhador", mas ganhador de quê? Vale a pena
lesionar ou causar dano a outro ser humano para ter uma medalha no armário? Para
ser o melhor? O melhor de quê? Em quê? Para quê? Deixo semeada a incógnita e
cada um deve refletir profundamente e encontrar as respostas, as suas próprias
respostas baseadas no aprofundamento pessoal desta formosa Arte chamada
Karatê, que nunca foi, nem será um meio para causar dano a outrem, muito menos
um meio para enaltecer e alimentar egos, sentimentos errados,
vaidades.
Então não percamos tempo, despertemos e lancemo-nos à aventura do crescimento pessoal, da busca do próprio eu, e quão longe chegaremos? Tudo depende de quanto estejamos dispostos a nos aprofundar.
Então não percamos tempo, despertemos e lancemo-nos à aventura do crescimento pessoal, da busca do próprio eu, e quão longe chegaremos? Tudo depende de quanto estejamos dispostos a nos aprofundar.
Claudio Fariña