sábado, 4 de maio de 2013

Para o entendimento da génese do Karatê-Dô.

Profundamente religioso, Gichin Funakoshi'O-Sensei era Taoísta, enquanto vivia em Okinawa, ensinava os clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu. Quando O'Sensei Gichin Funakoshi adicionou a palavra Dô (caminho, via espiritual), ao termo "Mãos  Vazias", estabeleceu uma filosofia de vida, (o espírito do Karatê), que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos. Um método de se auto aperfeiçoar continuamente durante toda a vida, muito além de um simples método de defesa sem armas, (Caminho das Mãos Vazias).

" Ele (o Karatê-Dô) se enraizou e é amplamente praticado em toda a Ásia, entre povos que professam credos tão distintos como o Budismo, o Islamismo, o Hinduísmo, o Bramanismo e o Taoísmo. No transcurso da história humana, artes de autodefesa específicas atraíram seus próprios seguidores em várias regiões da Ásia, mas existe uma semelhança subjacente básica entre todas elas.

O Karatê-Dô teve um desenvolvimento maior devido ao incentivo do Budismo, visto que os monges o utilizavam como um meio de percorrer o “Caminho” rumo à auto-iluminação. Nos séculos sétimo (VII) e oitavo (VIII), budistas japoneses viajaram para as cortes de (Sui e T’ang), onde aprenderam a versão chinesa da arte, trazendo para o Japão alguns de seus aperfeiçoamentos.

Durante muitos anos, aqui no Japão, o Karatê-Dô continuou confinado nos largos muros dos templos, de modo particular dos do budismo zen; aparentemente, não era praticado por outras pessoas, até que os samurais começaram a treinar no recinto dos templos e assim ficaram sabendo da existência da arte. Como o conhecemos atualmente, o Karatê-Dô foi aperfeiçoado por Gichin Funakoshi'O-Sensei. "

Genshin Hironishi’Sensei  (discípulo direto de O'Sensei Funakoshi)


Confucionismo:
 
Azato'Sensei fora um estudioso do confucionismo!

O Confucionismo não se trata de uma religião. Não possui um credo estabelecido, mas apenas determinações rituais de caráter social, que permitem a um adepto do Confucionismo a liberdade de crença em qualquer tipo de sistema metafísico ou religioso que não vá contra as regras de respeito mútuo e etiqueta pessoal.

Surge no séc. VI a.C. na China com Confúcio, que funda no pequeno estado de “Lou” a primeira “escola de educação”. O Confucionismo acabaria por tornar-se o conjunto de regras e convenções morais, jurídicas e linguísticas oficiais de toda a China.

O Confucionismo atingiu um pleno sucesso, tornando-se uma filosofia moral de profundo impacto na estrutura social e cotidiana da sociedade. O valor ao estudo, à disciplina, à ordem, à consciência política e ao trabalho são lemas que o Confucionismo introduziu de maneira definitiva na vida da civilização chinesa da antiguidade aos dias de hoje.

Regra de Ouro do Confucionismo: " não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a ti ".


Taoísmo:
 
“Nasce” com Lao-Tsé (n. 571, m. 479 a.C.). Coexiste desde o seu início com o Confucionismo sendo, em muitos aspectos, complementar-antagónico deste. Trata do Tao (= Dô) conceito sem tradução perfeita. É o “Dô” do Kendô, do Iai-Dô, do Judô, do Karatê-Dô. É também, em muitos aspectos, a fonte do Budismo-Zen.

Tao não é um conceito que possamos captar ou compreender intelectualmente, mas é uma realidade que podemos presenciar, vivenciar e praticar. Por exemplo, a prática do Kata Taikyoku-Shodan, ao longo de anos e anos, permite-nos conviver com o Tao, embrenharmo-nos no seu fluxo sem que, no entanto, o possamos definir ou explicar.

O Taoísmo é uma maneira de estar no mundo de acordo com o Tao, de acordo com o fluxo natural do mundo e da vida. Trata-se de “não remar contra a maré”, de aceitar o seu ímpeto, de fluir com ele. “O que é contrário ao Tao, cedo desaparece”.

O Taoísmo está na raiz da medicina, da culinária, da construção de edifícios, da pintura, da caligrafia ou das Artes Marciais orientais... “

" Nunca vás contra a Natureza ” afirmava o Funakoshi'O-Sensei!


Budismo:
 
O Budismo surgiu no séc. VI a.C. com Siddhartha Gautama - o Buda ( O que despertou, o iluminado ) (n 622? a.C. e m. 543? a.C. no sopé do Himalaia, hoje chamado Nepal ). Buda não deixou ensinamento escrito, mas os monges budistas espalharam a sua religião por todo o extremo oriente. O Budismo dá entrada no Japão no séc. VI d.C., fundindo-se com a tradição religiosa nativa (O Shintoísmo). Importa-lhe determinar as causas do sofrimento humano e modificar a atitude do indivíduo perante o mundo, de forma a eliminar esse sofrimento. Buda identifica, nas suas (4 Nobres Verdades essenciais), a causa da doença da humanidade, a seguir passa à afirmação de que a doença pode ser curada, finalmente prescreve o método de cura:

- A 1ª Verdade Nobre identifica o (sofrimento ou a frustração) como “doença” básica fundamental do homem.
 
- A 2ª Verdade Nobre revela-nos a causa desse sofrimento, (o apego ou a avidez). É o apego a determinadas ideias, ou fatos, ou pessoas, ou objetos (que encaramos ilusoriamente como coisas individuais e nossas), que nos leva a esquecer que tudo é mutável e transitório, que tudo o que tem um princípio tem um fim, inclusive o nosso ilusório “eu”.

- A 3ª Verdade Nobre afirma que o sofrimento e a frustração podem chegar a um fim. “É possível transcender o círculo vicioso de "samsara", livrar-se do jugo do karma (Lei de causa e efeito) e alcançar um estado de libertação total: o Nirvana (Paz no estado de Buda). Neste estado, as noções falsas de um “eu” separado desaparecem para sempre e a unidade da vida torna-se numa sensação constante”.

- A 4ª Verdade Nobre é a prescrição da cura - o Caminho óctuplo do auto-desenvolvimento que nos leva ao Estado de Buda.


Budismo Zen
 
Raiz filosófica do Bushi-Dô (o código dos samurais) e, por consequência, do Budo (as Artes Marciais). A pior maneira de o revelar seria dar dele qualquer definição. O Zen pratica-se e confunde-se com a própria prática. Lembremo-nos de Zen-kutsu-dachi.