quinta-feira, 8 de maio de 2025

O "Caminho Silencioso" (por D'Avila)

No silêncio do Dojō, antes do primeiro movimento, já começa o verdadeiro treino. Quando a voz se eleva para recitar os cinco princípios, não é apenas um ritual — é um pacto entre o corpo e o espírito, entre o guerreiro e o homem que escolheu crescer a cada queda.

Esforçar-se para a formação do caráter

Cada dia em que você veste o dōgi é uma escolha. A escolha de ser firme sem ser duro, de ser justo sem ser cego, de moldar a si mesmo como se molda o ferro — pelo calor do esforço e o frio da disciplina.

Fidelidade ao verdadeiro caminho da razão.

No Karatê-Dō, não há espaço para orgulho vazio. Há apenas o caminho — e ele exige honestidade. Com o outro. Com o mundo. Mas, sobretudo, com você mesmo.

Criar o intuito do esforço.

Você sabe o preço do retorno após a pausa. O suor que queima os músculos também aquece a alma. E a alma forjada no esforço nunca se quebra, apenas se curva — como o bambu que resiste ao vento.

Respeito acima de tudo.

A cada saudação, a cada rei, você aprende que a verdadeira força se curva. Não por submissão, mas por reverência. Ao oponente, ao sensei, à arte, e à dádiva de poder trilhar esse caminho com consciência.

Conter o espírito de agressão.

No cerne do Karatê-Dō, a mão que golpeia é a mesma que protege. Aprender a conter é mais difícil que aprender a atacar. Mas é aí que mora a essência: o controle absoluto, que só os fortes conhecem.

Jorge Luiz d'Avila