Em 1956, O-Sensei então com 88
anos de idade, finaliza sua obra prima, o seu célebre livro “Karatê-Dō Kyohan”
(2º edição), mas com grande tristeza e um sentimento de profunda amargura,
escreve: “ Me tornei dolorosamente consciente do quase irreconhecível estado
espiritual a que chegou o mundo do Karatê nos dias de hoje! ” e faz um pedido
quase que desesperançoso para os seus
leitores, em tentar alcançar alguém que possa “compreender os seus anseios
profundos (…) de forma a completar os objetivos do seu trabalho.“ Demonstrando
assim a sua total e incontestável discordância com os rumos que o Karatê já
estava seguindo e no que se transformou.
Hoje, passados 62 anos da sua
morte o que se vê são gerações de entusiastas aloprados atrás de medalhas e
troféus, se vangloriando de suas peripécias esportivas, justamente tudo o que
O-Sensei mais temia, tudo o que ele mais combatia.
Atualmente para a maior parte da
população mundial sua obra não passa de um esporte competitivo, onde o jogo é o
foco e o que vale mesmo é ganhar medalhas, pendura-las no pescoço, pousar do
lado dos cobiçados troféus e tirar selfie para pompa e prosa nas redes sociais.
Prof. Sylvio Rechenberg