Resumo do texto original:
A cultura chinesa é uma das mais
antigas da Terra e a única das grandes civilizações da antiguidade que possui
história contínua, desde 7.000 a.C. Descobertas arqueológicas como o "homem de
Pequim" mostram que a área onde se iniciou a civilização da China é habitada já
há 800.000 anos.
Infelizmente as maneiras como
eles expressam esse conhecimento são diferentes das nossas, o que levou
diversos especialistas ocidentais a menosprezarem este tesouro.
O Taoismo, não apenas é uma
filosofia autóctone da China como tornou-se posteriormente a única religião
nascida em solo chinês, já que o Budismo é indiano e o Confucionismo não é
religião.
Dentro dos conceitos mais
importantes da filosofia chinesa e do Taoismo em particular, um que se destaca
é o “Vazio”. A importância do
“Vazio” nunca foi subestimada
pelos chineses, que afirmavam que tudo o que existe só possui essa realidade
porque um espaço "Vazio" permitiu que existisse. O filósofo grego Demócrito (460
a.C.-370 a.C.) foi o primeiro ocidental a chamar a atenção para o “Vazio” ao
afirmar que no Universo "há apenas átomos e "Vazio"". Os chineses foram
além ao afirmarem que a própria existência do universo dependeu da existência
de um "Vazio" original, chamado de “Vazio Primordial”.
Para nosso universo existir foi
necessário que houvesse um "Vazio" que o pudesse conter, pois nada poderia
existir sem um espaço para que existisse. Esse “Vazio primordial” é chamado em
chinês de "Wuji" (無極, “Vazio supremo”), e faz parte dos conceitos
cosmológicos chineses principais. É um termo muitas vezes utilizado para se
definir o infinito, o que não tem limites, e também um estado de vacuidade
absoluta, não representado apenas pela ausência de tudo, mas uma vacuidade que
tende à transcendência já que é a matriz de tudo o que existe.
A existência depende inteiramente
da não-existência que a precede.
Na vida cotidiana, em nossa
escala normal, também o "Vazio" possui grande importância.
Assim, da existência vem o valor e da não-existência, a utilidade!
Lao-Tze nos mostra que um vaso
pode ser feito de diversos materiais e possuir muitas decorações, mas é o "Vazio" em seu interior que o torna útil. Um vaso de ouro é muito mais valioso que um
feito de barro, mas a utilidade dos dois é a mesma e depende inteiramente do "Vazio" interno.
Nos seres humanos também o "Vazio" é imprescindível. Não existiríamos sem o espaço "Vazio" que há na mulher, que
chamamos “útero”. É ele que permite ao embrião crescer e tornar-se uma nova
pessoa.
É comum que o "Vazio" é que dê
substância e vida à pintura chinesa, podendo se tornar um rio, um lago, a
névoa, dependendo da visão do artista, que se utiliza deste espaço em branco
para expressar sua sensibilidade. Apesar de ser uma não-existência, o "Vazio" surge como algo quase tangível em um processo de cognição espacial sem igual.
Nas Artes Marciais e técnicas
terapêuticas chinesas como o “Qi gong”, o movimento começa a partir de uma
postura em pé, com os braços pendendo naturalmente ao lado do corpo, relaxada,
com a mente livre de pensamentos e o olhar focado no infinito. É o estado de “Wuji”,
do qual partem os movimentos.
Devemos procurar nos familiarizar
com o "Vazio" em nossas vidas! O Vazio de ruído, o Vazio de pessoas em volta, o Vazio
de pensamentos tumultuados, o Vazio de celulares e redes sociais. Somente a partir
do “Vazio” podemos começar a ouvir o “Tao”.
Texto original:
http://taoismo.org/modules/smartsection/item.php?itemid=55